MINERAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
Produção de minerais estratégicos impulsiona investimentos na Bahia
Evento da CBPM traz cenário e oportunidade do setor de energia renovável no estado
Por Carla Melo

Com o aumento das discussões voltadas à transição energética, puxado pelo uso de energias renováveis e limpas, o Brasil estuda a utilização de minerais estratégicos como alternativa aos recursos finitos. A pauta foi o norte do I Fórum da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) - Mineração e Sustentabilidade, realizado nesta quinta-feira, 23, no Bistrot Trapiche Adega, em Salvador.
Diante de um momento de anúncios de investimentos para o Estado voltados à energia renovável e sustentável, o evento trouxe o debate sobre a utilização de minerais estratégicos para transição energética, junto com as projeções futuras para a produção desses recursos. São perspectivas que estão relacionadas com as políticas públicas e regulação de investimentos na Bahia, que precisam caminhar com a responsabilidade social, as práticas ESG no setor de mineração e as oportunidades para a sociedade baiana, a exemplo da geração de empregos.
“Não há como se discutir desenvolvimento econômico sem conjugar a parte ambiental. O primeiro desafio para a indústria mineral é trazer para dentro a questão da transição energética. Existe um desafio tecnológico. E a Bahia é referência na produção de energia limpa. Lideramos quando o assunto é energia eólica e solar”, explica o economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), João Gabriel Rosas Vieira.

Nos âmbitos de volume e valor, a Bahia lidera a produção de dois grandes minérios: níquel e o cobre. Em alguns municípios, esses dois minerais chegam também a serem exportados, assim como o ouro.
“No que se refere aos minerais para a produção de transição energética, existem muitos minérios importantes [no estado]. Alguns são usados para a produção de bateria de lítio em veículos elétricos, por exemplo. Por isso, descobertas de depósitos de lítios e minerais dessa natureza são importantes. O nosso país ainda não chegou a descobrir grandes reservas dessa natureza, como tem a Argentina, Chile e Peru, mas é uma questão de pesquisa. A mineração também comporta um tempo [para os resultados]”, continua o economista.
Segundo dados do Sumário Mineral, divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), a Bahia, em 2022, foi responsável de 25% do ouro, 19% do níquel, 19% do cobre e 13% do ferro de toda a produção brasileira, tornando-se o quarto maior produtor nacional de bens minerais.
O chefe de gabinete da Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (SEMA), André Maurício Rebouças, afirmou que o Estado é uma “potência ambiental”. Até 2040, ele afirma que o país "só deve ganhar" em oportunidades geradas com a mineração e transição energética, tendo a Bahia como referência.
“A questão ambiental revela uma grande oportunidade de investimentos nos países desenvolvidos no nicho, se estima que a movimentação de capital até 2030 deva ser de três trilhões de dólares anuais. Isso significa a maior movimentação de capital da humanidade. Nós da Bahia temos a condição perfeita para absorver pelo menos 20% desses investimentos previstos para o Brasil. Estamos falando de metais verde, créditos de carbono, energias renováveis", aponta o representante da SEMA.

Investimentos
Na abertura do I Fórum Mineração & Sustentabilidade, promovido pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) nesta quinta-feira, 23, o presidente da empresa, Henrique Carballal, contou algumas novidades para a Bahia, que está fechando acordos com diversas empresas do segmento.
No dia 11 de dezembro, o governador irá assinar o contrato com uma empresa canadense que irá retirar sílica (mineral dióxido de silício que está presente nas rochas, areias, quartzo, quartzito e em outros materiais) de Belmonte, cidade do sul da Bahia. A mesma empresa irá instalar duas plantas industriais no estado, em Ilhéus e na Região Metropolitana de Salvador.
Ainda é representativa a participação e a colaboração da China no debate das energias renováveis, o que é destacado pelo governo baiano. “Existem muitos investidores interessados. Hoje tivemos a presença de investidores chineses, que são conhecidos por se interessarem muito por energia renováveis. A China é uma nação que leva muito a sério essa questão, porque tem 1,4 bilhão de pessoas e o desafio de tornar o país sustentável”, explica João Gabriel
“Os grandes empresários têm aplicado no conhecimento, investimento e produção [de minerais] na Bahia. Esses painéis [do fórum] foram importantíssimos, pois apresentaram os conceitos que a Bahia espera da mineração, com efeito para o agora e para o futuro”, aponta o vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior.

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