ECONOMIA
"Queremos crescer acima de 2 dígitos", diz sócio-fundador da Mondial
Por João Felipe Cândido l A TARDE SP

Giovanni Marins Cardoso, sócio-fundador da Mondial, uma das maiores empresas de eletroportáteis do país, acredita que 2017 tem tudo para ser o ano da retomada. Em entrevista ao ATARDE, ele diz que está confiante nos novos rumos da economia e pretende fechar o ano com crescimento acima dos dois dígitos.
Qual é o quadro de funcionários da Mondial atualmente no Brasil?
Geramos três mil empregos diretos e aproximadamente dez mil empregos indiretos. Apenas na sede administrativa, em Barueri (SP), trabalham cerca de 400 pessoas, ocupando dois andares de um edifício comercial. Conseguimos gerenciar as demais unidades diretamente de nossa sede administrativa. Vale ressaltar que temos duas unidades na China, uma em Guangzhou e outra em Ningbo. A companhia também possui um Centro de Apoio de Serviços em Araçariguama (SP). Nosso maior complexo industrial fica na cidade de Conceição do Jacuípe, na Bahia, numa área total de 241 mil metros quadrados de área total, sendo 91 mil metros de área construída. A cidade de Conceição do Jacuípe era tipicamente agrícola onde a maioria das pessoas trabalhava no campo, e que agora têm a oportunidade de atuar na indústria, uniformizados, horários definidos, recebendo treinamentos, carteira assinada, férias e demais direitos trazendo renda e mais qualidade de vida à população local. Com a chegada da fábrica da Mondial, que hoje emprega mais de dois mil e duzentos funcionários da localidade, aconteceu uma evolução social e econômica naquela região. Logo surgiram os mercadinhos, lojas de roupas e vestuários, lojas de motocicleta e comércio em geral. A Mondial é a maior empregadora da região – cerca de 40% da mão de obra ativa da cidade. Inauguramos uma fábrica em Manaus recentemente e, no início de janeiro, contratamos mais 100 funcionários, pois estamos ampliando a fabricação de produtos na linha de informática, tablets infantis, bem como a linha de aparelhos de som e a linha de DVD.
De que maneira o senhor avalia a confiança do consumidor?
O País tem vivido uma forte recessão econômica nos últimos três anos. Aos poucos, o índice de confiança do consumidor e do empresariado tem aumentado. Atingimos “o fundo do poço” e, de agora em diante, o Brasil voltará a crescer. Um exemplo? Todos os analistas econômicos já apontam que vamos ter neste ano um PIB positivo, com leve retomada dos empregos, que já tem sido observada, por exemplo, no início desse primeiro trimestre. Os bons e melhores índices poderão ser observados de maneira acentuada a partir de 2018 e 2019. Por enquanto, o nível de desemprego continua alto, no entanto, creio que com as reformas que estão sendo realizadas, a economia começa a ficar mais organizada. Mesmo com a crise, a Mondial se saiu bem, crescemos aproximadamente entre 4 a 5%, exceto nas linhas de climatização devido a sazonalidade não favorável. Para 2017 nós estamos otimistas, a equipe focada em resultados, as fábricas bem organizadas para suprir a demanda. Estamos bem estruturados, e vamos enfrentar o mercado com confiança. Acreditamos ser possível terminar o ano acima dos dois dígitos de crescimento.
Que prognóstico o senhor faz do governo Temer nesses primeiros meses de mandato?
Esse governo assumiu o País diante de uma situação complicada. Crise de confiança, econômica e política, tudo ao mesmo tempo. A equipe econômica escalada é de alto nível e agora estão tentando acertar a questão política, para possibilitar também a aprovação de outras necessárias reformas estruturantes. Basta observar que a inflação já esta ancorada, a taxa de juros começa a ser reduzida, o plano de limite de gastos pelo teto dos Estados já foi aprovado. Tem agora outras reformas para ser feitas, a exemplo da Reforma da Previdência. Outras reformas cruciais estão em andamento. Se forem aprovadas e implantadas, nós vamos ter alicerçado uma boa base para aumentar ainda mais o nível de confiança desta forma, os empresários irão investir mais e o Brasil vai voltar a crescer. Temos tudo para crescer e se desenvolver.
Quantos produtos fazem parte do portfólio da Mondial?
São mais de 300 produtos em linha, divididos em cinco segmentos: ventilação, eletrônicos, ferramentas, cuidados pessoais e portáteis. Hoje, dentro da linha de cuidados pessoais, as esco- vas alisadoras têm feito sucesso. Estamos lançando o ventilador com repelência líquida. Será o produto mais inovador na linha de climatização. O ventilador terá o repelente líquido inserido em sua base, ao ligar o aparelho, o repelente evapora, sobe até a hélice, que irá projetar o repelente a uma distância de até doze metros. As novidades não param de surgir.
Qual o público-alvo da marca?
Nosso público-alvo não é o A, B, C, ou D. É a classe G, de gente. Nossa marca oferece por exemplo liquidificadores de 80 até 200 reais. Trabalhamos para ter produtos que atendam o maior número de clientes. O esforço é geral; se chove em uma região, o sol abre em outra. Procuramos ter uma visão horizontal, trabalhando em todas as regiões, atendendo a todos os nichos, para ter uma empresa bem consolidada e sustentável. Isso dá trabalho, mas compensa. Nosso propósito consiste em ter uma linha de produtos bem posicionada, com excelência no design e melhor relação custo/benefício. Sempre buscamos estar muito próximos do cliente para acompanhar suas necessidades. Nosso pós-venda funciona. Se ligar para o SAC da Mondial, você será atendido, inclusive aos sábados. Temos cobertura de 70 horas por semana, a maior do Brasil, além de uma rede com mais de mil postos que disponibilizam assistência técnica. Somos uma marca classificada pelo Reclame Aqui como RA1000 e recentemente conquistamos, pelos votos dos consumidores, o terceiro lugar no segmento como a empresa considerada destaque em serviços prestados ao consumidor final.
No que diz respeito à exportação, onde estão as melhores oportunidades comerciais atualmente?
Começamos um trabalho focado de exportação nos últimos quatro anos. Hoje, marcamos presença em vários países. Temos escritório na Espanha, estamos organizando nossa participação nos Emirados Árabes, África do Sul e Europa. Já vendemos na Espanha e Portugal. Na América Latina, estamos no Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Panamá e Costa Rica. Nos Estados Unidos, que é um mercado extremamente compe- titivo, temos um distribuidor na Flórida. Temos mais de cinquenta funcionários na China que trabalham no desenvolvimento de produtos e componentes. A maioria dos artigos é oriunda de fabri- cação nacional, no entanto, a China tem uma grande participação. No resto do mundo existem poucas fábricas de eletroportáteis. Nos Estados Unidos, praticamente não existem mais fábricas desse segmento. Nosso objetivo é expandir cada vez mais os nossos produtos no Brasil e também para os demais mercados mundiais.
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