Rubens Menin: “A força da união de todos juntos é imbatível” | A TARDE
Atarde > Economia

Rubens Menin: “A força da união de todos juntos é imbatível”

Empresário tem usado a sua força de trabalho para ajudar as pessoas através de projetos sociais

Publicado segunda-feira, 07 de fevereiro de 2022 às 00:01 h | Atualizado em 07/02/2022, 18:42 | Autor: Osvaldo Lyra

Co-fundador da MRV Engenharia, fundador da CNN Brasil e fundador do Banco Inter, o empresário mineiro Rubens Menin tem usado a sua força de trabalho para ajudar as pessoas através de projetos e trabalhos sociais. Para ele, a “filantropia foi muito aguçada” nessa pandemia. “Acredito muito que a filantropia muda o mundo”. Ao falar sobre as prioridades que o próximo presidente da República deverá ter no Brasil, Rubens Menin diz que os esforços devem ser feitos para unir o país. “Nós precisamos unir a nação. Nós temos que ter um projeto de nação. Só assim a gente começa a mudar”. Ao avaliar o déficit habitacional que acomete os brasileiros, o empresário diz que o país precisa construir nos próximos 20 anos 35 milhões de casas para sua população. Confira:

O senhor é co-fundador da MRV Engenharia, fundador da CNN Brasil, fundador do Banco Inter e tem usado a sua força de trabalho muito para ajudar as pessoas através de projetos e trabalhos sociais. Como o senhor decidiu se dedicar à causa filantrópica?

Na realidade, é o seguinte, não tem uma data exata, não. Eu acho que a filantropia está dentro da gente desde que a gente nasce. E ela vai acontecendo aos poucos, ela vai tomando conta... Eu falo que filantropia é igual a droga, vicia. Eu acho que a filantropia foi muito aguçada nessa crise que nós estamos vivendo agora, a solidariedade na pandemia foi muito grande. Então ela está passando por um momento de muita divulgação no Brasil e no mundo. Eu acredito muito que a filantropia muda o mundo, está mudando o mundo e ainda vai mudar ainda mais. Então eu acho que as pessoas não imaginam a força que elas têm de poder mudar o mundo, e muito rápido, sabe, Osvaldo? Quando todo mundo dá as mãos, quando todo mundo ajuda um pouquinho, é uma força enorme. Não adianta ter uma pessoa com muita ajuda, mas a força da união de todos juntos é imbatível.

O senhor é um dos fundadores do movimento Bem Maior que tem a missão de fomentar a filantropia no Brasil. Além de sensibilizar, engajar e mobilizar recursos, esse movimento e o senhor apoiaram diversas iniciativas ao longo da pandemia. Como o senhor viu e viveu esse período que estamos atravessando hoje?

Eu respondo de duas formas. A primeira é o seguinte, vou falar um pouco do movimento Bem Maior. O movimento Bem Maior surgiu para ser um instrumento de convencimento das pessoas a doarem mais, e que isso seja a grande revolução na filantropia no Brasil. O Brasil é um país... A sociedade brasileira é muito boa, muito solidária, mas ela ainda tem pouco hábito de doação. A filantropia no Brasil infelizmente ainda tem números muito baixos. É só 0,2% do nosso PIB. Muito pouco. Em países mais desenvolvidos como os Estados Unidos é 2% do PIB, na Inglaterra 1,7%. Então a gente quer aumentar esse valor do PIB. Para isso, evidentemente as pessoas têm que fazer doações, mas é importante que toda a população se engaje nesse movimento. Em segundo, quando a gente fez o Bem Maior, a gente sabia que tem coisas que são urgentes nesse Brasil, mazelas, infelizmente, e que esses números são grandes. E a gente não vai conseguir resolver tudo, vamos tentar, podemos, num primeiro momento, tentar melhorar isso. Eu achava, quando a gente fundou o Bem Maior, que o mais importante seria doação em dinheiro. O Bem Maior se divide em dois pilares. Um é doação e projetos: eu te dou o dinheiro e você faz projetos. Estão fazendo projetos maravilhosos, tem uma série de projetos e que realmente fazem a diferença na vida das pessoas, mudam pra melhor. Mas hoje eu estou convicto que talvez o segundo pilar, que é o convencimento da sociedade para doação, seja o pilar mais importante para a sociedade. Por isso que eu vejo que esse tipo de discussão que estamos tendo agora é muito proveitosa e a gente faz com muito prazer, porque cada degrau que a gente vai subindo é uma vitória que a gente vai conseguindo, é uma batalha que a gente vai ganhando. E uma guerra se ganha com diversas batalhas. Então vamos convencer a sociedade da importância da filantropia. Isso vai fazer a diferença.

O brasileiro é um povo generoso ou o senhor acredita que a pandemia mostrou as pessoas mais individualistas e mais egoístas?

Eu acho o brasileiro muito generoso, e já provou diversas vezes. O brasileiro é um povo que é amigo, caloroso, solidário. Quando eu falo em filantropia, é porque nós precisamos botar a filantropia na vida do brasileiro. É apenas questão de cultura. Mas eu não tenho dúvidas de que o brasileiro é um povo muito generoso.

Além da filantropia, o senhor se destaca como um dos maiores empresários do Brasil, com negócios em várias áreas. No mercado imobiliário, por exemplo, o senhor foi um dos fundadores da MRV, que se tornou a maior incorporadora da América Latina. Como o senhor avalia hoje o mercado imobiliário no Brasil?

O Brasil é um país que dá muitas oportunidades. É um país continental, com mais de 200 milhões de habitantes, com muita coisa a ser feita nesse país. Nós estamos falando de moradia. Moradia é um dos pilares da economia brasileira. Mas tem muita coisa. Eu vi o caso do Banco Inter, do banco digital. Nós abrimos aqui 700 mil contas em um dia. Isso em 10 dias acabava a população de Portugal. No Brasil você tem muito chão pra fazer, então eu digo que o Brasil é um país de oportunidades. E por isso que eu também acho que da mesma forma que dá oportunidade, a gente tem que voltar ​um pouco para a sociedade aquilo que o Brasil dá para a gente. Para ser justo. É aquilo que hoje está muito na moda que é ESG, os três pilares: “environment” que é meio ambiente, “social” que é social, e “governance” que é a governança da empresa. Então eu acho que faz parte desse conjunto de ESG as empresas aproveitarem que têm essa chance num país como o Brasil, um país que com certeza vai ser uma nação rica, a gente espera que o mais rápido possível, mas que a gente de alguma forma possa também retornar um pouco para a sociedade.

A expansão do grupo se deu após investimentos maciços para o público de baixa renda, que era um público que não tinha, talvez, a atenção das grandes construtoras. Por que o déficit habitacional é tão difícil de ser revertido hoje no Brasil? O senhor acredita que falta mais atenção para essa parcela da população, como em políticas de suporte do governo, como até mesmo o Minha Casa Minha Vida?

Na realidade, é interessante. O déficit habitacional é um dos maiores do mundo. Hoje, por exemplo, os Estados Unidos estão passando por problemas seríssimos de moradias populares. Seríssimos. A Europa tem esse problema. Então, por que existem essas comunidades enormes no Brasil? Porque não existia a casa. Tem gente que tem renda e mora numa comunidade, mas não tem a casa para comprar. O Casa Própria é uma política de mão dupla, ela não só é para desenvolvimento econômico, como também desenvolvimento social. Agora, é fácil? Não. Nós temos que fazer no Brasil, no mínimo, 1 milhão e meio de casas por ano para começar a atender a demanda mínima da população. A gente tem uma fotografia que o Brasil precisa construir nos próximos 20 anos 35 milhões de casas para a população. E nós não temos feito isso tudo. O programa Casa Verde e Amarela é um programa bom. Só ele não é suficiente, porque é somente para a população lá embaixo, a população de muita baixa renda, e essa população muito desassistida não está tendo a oportunidade de comprar. Então a gente acha o seguinte, que o investimento social na habitação é fundamental em qualquer governo, não é só política de estado. O estado tem que ter uma política em habitação. Porque custa muito caro para o estado aquela pessoa que mora em situação ruim. Estamos vendo chuvas matando gente em São Paulo, aconteceu na Bahia, aconteceu em Minas. Não é só isso, a pessoa que vive numa situação insalubre pega mais doenças, ela custa para o estado essa doença dele, ela tem um convívio pior, tem uma chance de ser contaminada pelo mal maior. Então o investimento que temos que fazer nas famílias no Brasil e no mundo, esse investimento vai dar muito retorno. Mas fácil não é, porque precisa de muito dinheiro. Acho que o Brasil hoje não é o melhor país do mundo, mas não é o pior, nós estamos no meio do caminho. E quando eu comparo com os Estados Unidos, eu vejo que as dificuldades são mais, por incrível que pareça, são mais ou menos as mesmas. Os Estados Unidos têm uma dificuldade muito grande com habitação popular também. Mas eu acho que qualquer governo tem que colocar isso como uma das três primeiras prioridades do governo: a habitação. Habitação, saúde e educação.

O senhor também é um dos fundadores do Banco Inter. Como avalia o sistema financeiro atual e como o senhor vê as críticas constantes às instituições bancárias do país?

Essa pergunta sua é grande, então vamos por partes. O sistema financeiro brasileiro como um todo é um sistema sólido, já deu provas disso. Houve uma grande crise em 2008, quantos bancos do mundo todo passaram por grandes dificuldades, alguns quebraram, e o Brasil conseguiu sobreviver bem, então é um sistema sólido. O sistema brasileiro é competitivo. Você vê o caso do pix, por exemplo. O Brasil foi o primeiro do mundo. A agenda do Banco Central é uma agenda boa. Agora vamos lá. Existe uma certa confusão. O sistema financeiro às vezes é mal visto como um sistema que cobra juros elevados. De fato, cobra. Mas o sistema é um mero repassador. Porque quando o governo abaixa os juros, o sistema também abaixa. Quando o governo sobe, o sistema sobe. Agora os juros no Brasil não são juros bons. Então a tristeza, por exemplo, de ter que aumentar juros... É necessário? É. Mas nós estamos voltando a ser um dos países com maiores juros no mundo. Os juros subiram, espero que seja a última subida essa de hoje, e a população paga muito caro por isso. Porque a população é quem pega todo o crédito. Então o governo sobe os juros para segurar a inflação, mas quem paga a conta é a população. E ainda mais a população menos assistida. E a culpa não é dos bancos, é da estrutura, do excesso de gastos. Hoje a inflação é um problema mundial, com a quebra das cadeias produtivas. Então é um problema muito complexo, o problema é que ainda não está definido o que vai acontecer com a inflação nos próximos seis meses. Essa inflação vai acabar mais tarde? Vai demorar um pouco mais? As cadeias produtivas vão voltar? Está sendo discutido no mundo todo. É complexo. Agora, eu vejo o seguinte. Nada mais saudável do que uma taxa de juros baixa para poder beneficiar não só a população, como toda a economia. Beneficia os investimentos. A economia não sofreu tanto com a COVID-19 no ano retrasado exatamente porque os juros eram mais baixos, então o efeito da pandemia não foi tão grande na economia. Então todo mundo quer juros baixos, e temos que lutar pra isso.

O senhor faz parte de um grupo de empresários que, de forma colegiada, acaba auxiliando também o Clube Atlético Mineiro. Como o senhor vê essa mudança nos processos de gestão dos clubes do país?

A população como um todo precisa de lazer. O futebol é uma das opções de lazer da população, mas no Brasil talvez seja o maior. O Brasil é o país do futebol, teoricamente. Então todo mundo sabe do que a população curte o futebol no fim de semana, principalmente. Então o futebol do Brasil está numa situação muito ruim. Você veja o seguinte, hoje nós não somos mais favoritos na Copa do Mundo. Antigamente entrávamos em todas as Copas do Mundo como os favoritos. Eu vivi assim. Os melhores jogadores eram brasileiros e jogavam no Brasil. Hoje há quanto tempo o Brasil não ganha uma Bola de Ouro? Tem um jogador entre vinte. Não é nada à toa que o futebol brasileiro está muito ruim. E eu acho que muito disso é por gestão. Porque tem gente que enxerga no futebol, eu gosto muito de futebol, então eu acompanho bastante que a gestão do futebol brasileiro foi muito ruim, está ainda muito ruim. Esses projetos que a gente tem apoiado o Atlético, as pessoas acham que é só botar dinheiro lá. Não. Não é botar dinheiro lá. Era necessário que se colocasse dinheiro. Mas muito mais importante que colocar dinheiro é mudar a gestão. Fazer uma gestão em cima de pilares que sejam sustentáveis e que deem ao clube capacidade de sobrevivência de forma adequada. Então a grande revolução que a gente conseguiu fazer no Atlético e está dando certo, o projeto ainda não acabou, foi exatamente mudar toda a gestão. Foi necessário dinheiro? Foi. Mas muito mais importante que esse grupo que uniu em torno do Atlético, mas também em prol do futebol brasileiro, é que a gente possa dar um bom exemplo, porque isso está acontecendo em todos os clubes. É um caminho da sustentabilidade do futebol brasileiro. Voltar a ser aquele futebol. Quando eu era menino eu via, peguei a época de Garrincha e Pelé, depois peguei a Copa do Brasil sendo campeão. Então é isso que a gente queria, vencer aquele futebol que é a alegria do Brasil. Porque mão de obra para isso nós temos. Mas é só organização. Eu tenho visitado centro de treinamento de clubes no exterior e eles estão muito acima do Brasil. Nós precisamos rever a estrutura do futebol brasileiro. Nós temos bons estádios, mas não temos bons centros de treinamento, nós temos ainda baixa tecnologia esportiva. Então precisa mudar muita coisa no futebol. Mas eu sou otimista, nós vamos conseguir fazer isso.

Aproveitando esse otimismo do senhor, vamos falar um pouco da Bahia. O futebol baiano não tem times na primeira divisão do futebol brasileiro, mas tem super torcidas. Que conselho o senhor daria aos dirigentes do Bahia e do Esporte Clube Vitória para mudar essa realidade?

Um estado como a Bahia, um estado com uma população grande, com uma capital igual a Salvador, que é a terceira cidade do Brasil. Tem mais de um estádio, mas tem a Fonte Nova que foi um estádio de Copa do Mundo, é um estádio de alta qualidade. Eu estive aí recentemente. O Bahia acabou sendo rebaixado, e o Vitória também, o Vitória está na série C. Então você vê, não tem condições. Dois times bons, o Vitória e o Bahia. Em Recife também, Recife está numa situação ruim. O Santa Cruz, que antigamente era o time mais famoso de Recife, está lá embaixo. Fortaleza está melhor hoje, está mais organizado. Mas são cidades grandes. Recife, Salvador e Fortaleza, assim como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, teriam que ter no mínimo um time na série A. Porque a força da torcida dá para isso. Então com certeza, longe de querer estar criticando a gestão do Bahia e do Vitória, porque não é isso que eu quero fazer, mas tem um problema de gestão. E é ruim para o futebol. Você não pode ficar na mão de Rio e São Paulo. Tem que ser time do Brasil todo. Isso é a grandeza do futebol. O Bahia é um time que tem uma tradição muito grande, foi campeão brasileiro algumas vezes. Então não tem sentido o Bahia ficar na série B. Eu acho que temos que rever isso para mudar, uma cidade como Salvador, com uma população de Salvador, com um tamanho de torcida do Bahia tem que ter um time na série A. Isso é importante para força do futebol. Como é importante em Recife, Fortaleza, Goiânia, e assim por diante, nas grandes capitais brasileiras.

Na área da comunicação, o senhor surpreendeu muita gente ao assumir o controle da CNN, inclusive desbancando o favoritismo que até então era da Globo News. Como o senhor avalia a emissora hoje e quais os maiores desafios do grupo?

Eu sou fã da imprensa, não tenho bobagem de falar isso. Eu acho que não existe um país que esteja desenvolvido sem uma boa imprensa. A imprensa é fundamental. Eu acho que ela complementa a educação. Então eu posso dizer que a imprensa informa e educa. O papel da imprensa na pandemia foi muito importante para poder alertar a população do que estava acontecendo, do que podia ser feito. Além de tudo, a imprensa tem um trabalho de função social, então isso é importante. Então eu vejo o seguinte, quando apareceu a oportunidade de trazer a CNN para o Brasil, o maior canal de notícias do mundo e o Brasil não estava nele. Eu estive em Atlanta na sede do CNN, a CNN estava na Turquia, na Espanha, no Chile, em mais de 40 países no mundo e não estava no Brasil. E eles queriam que estivesse no Brasil. Mais uma vez, o Brasil é um país de 220 milhões de habitantes. Não tem porque a CNN não estar no Brasil. Quando apareceu a oportunidade, eu achei que ia fazer um serviço em prol do desenvolvimento brasileiro, humano, foi uma ação ética. Eu acho que a imprensa tem que ser ética, não só da informação. Assim como vocês do grupo A Tarde... Vocês têm uma tradição. Ela tem que ser certeira, a informação não pode ser manipulada. Tem que dar uma boa informação para a população. Então eu acho que a CNN está fazendo isso. Estou muito satisfeito com o resultado da CNN.

Muitos desafios para 2022? Planos de expansão? O que o mercado pode esperar para o fortalecimento da marca, que é tão importante? Já que, como o senhor falou tão bem, a imprensa, a televisão, até as mídias sociais que têm uma função social muito grande hoje em dia…

O Brasil tem passado algumas dificuldades, a indústria da mídia tem passado algumas dificuldades no Brasil. É muito ruim você ver empresas de comunicação tradicionais passando muitas dificuldades. É um momento ruim, a mesma coisa do futebol. E mais uma vez, quando você tem um mercado de 220 milhões de habitantes, é um mercado muito grande. Então não tem sentido por um lado algumas empresas estarem passando dificuldades e outras aí com esse mercado. Então temos que entender como é que isso funciona. A produção de conteúdo é uma coisa que nunca vai acabar. Então nós temos que adequar a nova realidade. É o meio digital que está chegando, é novo para o consumidor. Então mudanças vão acontecer. Mas a comunicação vai continuar existindo. A produção de conteúdo vai existir daqui a 100 anos. Porque aquela revolução que está havendo na tecnologia de informação vai ajudar a gente. Então vai ter um satélite mais rápido, um streaming para ser feito, acredito que essa indústria fica cada vez mais forte, apesar de estar passando por um momento difícil, mas você tem muitas possibilidades pela frente.

E num momento de tantas notícias falsas, de tantas fake news, fortalecer o trabalho da imprensa se faz cada vez mais necessário, não é?

Você pegou num ponto que eu gosto muito. De vez em quando a gente recebe essas notícias na internet. O que tem de fake news e as pessoas ainda acreditam nisso... Agora, você não vai ver uma fake news na CNN, no A Tarde, então isso que eu acho que é importante. As pessoas têm que saber, procurar, verificar. É muito importante separar o joio do trigo, então num momento de fake news a gente precisa começar a saber a não acreditar naquilo. Porque isso é muito importante. Ter informação errada é muito ruim.

Mesmo não se envolvendo diretamente com a política, o que o senhor acha que deve ser colocado como prioridade pelo próximo presidente da República?

Eu gosto de política, acho que o país só se resolve pela política. Não tem outra forma. Nós temos que solucionar os problemas do país através da política, porque fora isso é ruim, é uma ditadura. Então sou a favor da democracia e da política, vamos melhorar a política. Eu vejo que o Brasil, infelizmente, é um país muito desunido. Eu nunca vi uma nação tão desunida e estão binária como o Brasil está hoje. Nós precisamos unir a nação. Nós temos que ter um projeto de nação. Nós temos que ter projetos não pessoais, não projetos políticos de determinado partido, de determinado setor, nós temos que ter um projeto de nação. Só assim a gente começa a mudar. 

Para finalizar, como o senhor define a sua relação com a Bahia? O que a memória afetiva de Salvador e nosso estado trazem ao senhor?

Essa pergunta é boa. Vou te contar um negócio que é muito particular. Eu vou muito a Trancoso porque eu tenho uma filha que tem uma casa lá e me convida muito. Eu acho que é um dos lugares mais bonitos que eu conheço, não só mais bonitos, mas mais gostosos de ficar. Então quando eu estou muito cansado eu vou para a Bahia para descansar. A Bahia é o seguinte, eu falo isso do fundo do meu coração, a cultura da Bahia, a música... Quando eu fui e comecei minha vida, foi quando a música baiana estava arrebentando a boca do balão. Até hoje ela é muito forte, mas ela começou com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa. Então foi quando começou esse movimento. E eu adoro esse tipo de música, até hoje. É uma pena que nós temos pouco desse tipo de música. Essa música marcou épocas de minha vida. Eu acho a cultura da Bahia muito bacana, as belezas naturais do estado, Salvador é uma cidade muito boa. Torço muito pelo Brasil e pela Bahia. Uma indústria que eu acho que vai ajudar muito o Brasil é a indústria do turismo. Nós temos que ganhar muito dinheiro. Nós temos o litoral do Nordeste que é ímpar, tem tudo que você pensar. Só que a indústria do turismo no Brasil é pequena. O que temos que fazer, um projeto de governo, é incentivar o turismo no Brasil. Fazer hotéis, estrutura, aeroportos. Para atrair o estrangeiro. Isso dá muito dinheiro, muito emprego. Então eu acho que a Bahia tem uma vocação natural pro turismo. É um estado que tem uma fama mundial. Cada vez mais dar mais condições para o turismo. O baiano é muito interessante porque é sempre do bem, baiano não gosta de briga, baiano gosta de paz. Mas eu acho que a Bahia é muito bem representada, muito querida pelo Brasil. Hoje a música baiana mudou muito, é muito boa ainda, mas ela “vendeu” muito bem a Bahia para o Brasil e o mundo. Ela significa muito do que a Bahia é.

Publicações relacionadas