MARCO DA POUPANÇA
Saques na poupança superaram R$ 103,23 bilhões, diz Banco Central
Retirada líquida é a maior para um ano desde o início da série histórica, em 1995
O Banco Central informou, nesta quinta-feira, 5, que os saques feitos na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 103,23 bilhões em 2022, sendo a maior retirada de recursos da série histórica, que teve início em 1995. A maior saída líquida tinha sido registrada em 2015, com -R$ 53,56 bilhões.
Isso ocorre em meio à alta no endividamento das famílias e num momento de baixa rentabilidade da poupança, o que leva pessoas a buscarem investimentos mais atrativos. Em 2022, ao todo, os saques somaram R$ 3,735 trilhões e os depósitos R$ 3,632 trilhões.
Com a saída de recursos da poupança em dezembro de 2021, o estoque dos valores depositados, que significa o volume total aplicado, registrou queda. No fim de 2021, estava em R$ 1,03 trilhão e recuou para R$ 998 bilhões no fim do ano passado.
Endividamento e inadimplência em alta
A alta no endividamento e na inadimplência dos brasileiros levou a retirada de recursos da caderneta de poupança.
De acordo com dados do Serasa Experian, quase 70 milhões de brasileiros e brasileiras, um recorde, estão inadimplentes e devem começar o novo ano no vermelho.
Segundo o BC, o endividamento das famílias com os bancos, em relação à renda acumulada em 12 meses, atingiu 49,7% em outubro deste ano.
O valor representa queda em relação ao recorde da série histórica, registrado em julho do ano passado, de 50,1%. Antes da pandemia da Covid-19, em fevereiro de 2020, o endividamento das famílias estava em 41,7%.
Para identificar o problema do endividamento, o governo eleito, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prepara um programa de refinanciamento das dívidas, que deverá englobar, também, o consignado do Auxílio Brasil.
Investimentos
A saída de recursos coincide com a baixa rentabilidade da poupança, que tem perdido para a inflação. Mesmo com a Selic subindo para 13,75% ao ano e com a inflação anual ainda na casa de dois dígitos, a poupança seguirá com o retorno travado em 6,17% ao ano + TR (Taxa Referencial).
A saída de recursos se deve a baixa rentabilidade da poupança, que tem perdido para a inflação. Mesmo com a taxa de juros em 13,75% ao ano e com a inflação anual ainda na casa de dois dígitos, a poupança segue com o retorno em 6,17% ao ano juntamente com a Taxa Referencial (TR).
Um simulação feita pelo Valor Econômico afirma que com a com a Selic em 13,75% ao ano, ao aplicar R$ 1 mil no Tesouro Selic ou CDB, que paga 100% do CDI durante um ano, após a incidência de Imposto de Renda de 17,5% para esse prazo, o resgate seria de R$ 1.114,51. Contudo, considerando a expectativa de mercado para os juros futuros no período até hoje, é de 13,88% ao ano.
Já na poupança no mesmo período, o investidor terá R$ 1.082,91, desde que considere a TR estimada no período, de 2% ao ano. Uma diferença de R$ 32 por ano a menos de retorno a cada R$ 1 mil investidos.
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