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'Temos a melhor logística da América Latina', afirma presidente da Fonte Nova Participações

Publicado quinta-feira, 28 de outubro de 2021 às 11:23 h | Atualizado em 28/10/2021, 11:27 | Autor: Luiz Felipe Fernandez
Dênio Cidreira contou sobre a expectativa para a volta dos shows no próximo verão e os efeitos da pandemia na gestão da arena multiuso
Dênio Cidreira contou sobre a expectativa para a volta dos shows no próximo verão e os efeitos da pandemia na gestão da arena multiuso -

Não podemos dizer que o zero a zero com o Palmeiras no último dia 12 de outubro foi um retorno à altura do público à Arena Fonte Nova, mas inegavelmente ocorreu um marco histórico na corrida pela volta a um novo normal em um cenário ainda pandêmico. Em entrevista ao grupo A TARDE, o presidente da Fonte Nova Negócios e Participações, Dênio Cidreira, contou como é preparar a logística para receber novamente os torcedores do tricolor e toda a expectativa para a volta dos shows no próximo verão. Além do Pida Festival já no início de dezembro, o espaço vai receber uma nova edição do Carnavalito, modelo indoor da folia momesca, que será ampliado para três dias.

Na conversa, Dênio também anunciou, em primeira mão, o lançamento de um restaurante com a ambientação de boteco, temático, com vista privilegiada para o Dique do Tororó, e o show da banda norueguesa de new wave A-ha, famosa nos anos 1980, em março de 2022. O show pode ser um dos três com atração internacional que o presidente da organização prevê no próximo ano, o maior número desde a reinauguração do equipamento. Integrante do projeto da Arena desde a sua concepção, o gestor fala dos projetos adiados pela pandemia, como o da Arena E-Games, de jogos eletrônicos, com cabine de streaming e espaço para interação, e também no desejo de se consolidar como espaço-sede de eventos religiosos, em especial em homenagem à canonização da Irmã Dulce, a primeira santa brasileira.

Durante a entrevista, Dênio lembra que a santa tem forte ligação com o estádio, já que, ainda em 2010, a renda de souvenirs das ruínas da antiga Fonte Nova foi revertida para as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), e que Salvador tem o potencial de se tornar um importante destino turístico neste ramo.

A Arena Fonte Nova voltou a abrir as portas para o público no último dia 12 de outubro. Como foi essa primeira experiência nesta fase de retomada das atividades?

A Arena já estava totalmente pronta para receber o público do modo tradicional, nós só tivemos que nos adaptar rapidamente aos protocolos divulgados pelo estado e a esse momento, mas com extrema motivação. Nós criamos isso aqui para ter casa cheia, movimento. Rapidamente a gente se preparou, e é muito fácil configurar a Arena do modo que desejamos e ficamos pronto para o jogo. O segundo jogo avalio que foi ainda melhor. Na primeira tivemos coisas para corrigir, natural, é uma nova operação, mas estamos totalmente preparados e torcendo para que avançando a vacinação, conseguirmos ter uma situação de normalidade na Arena.

Como você avalia o comportamento dos torcedores? Percebeu empenho em respeitar as normas sanitárias?

Nossa maior dificuldade, realmente, é o uso contínuo da máscara, que termina sendo difícil, alguns questionam por ser ambiente aberto. Mas está se mantendo distanciamento, não está tendo aglomeração, as pessoas estão entrando mais cedo na Arena. Temos entre 95% e 98% de adesão aos protocolos, o resto realmente que tem resistência, mas é da natureza do ser humano, não tem como ir de encontro a isso, sempre vai ter essa parcela.

O verão está chegando e a expectativa é alta para a programação na Arena Fonte Nova. Já tem algo marcado? O que já pode ser anunciado?

Nós nunca deixamos de trabalhar forte no mercado, tanto local, quanto nacional e internacional de eventos. Já fechamos a primeira grade em dezembro, em parceria com o Pida, e teremos o Pida Festival, com nomes de peso como Roupa Nova e outros. Tudo, claro, dentro dos protocolos e do limite de público que o momento permitir. Em breve, devemos anunciar nossa agenda em janeiro, com uma belíssima surpresa. E, em fevereiro, terminamos com o Carnavalito. Para março, podemos adiantar o show do A-ha (banda norueguesa famosa nos anos 80), que vai fazer uma turnê no país com passagem na Bahia e show previsto aqui na Arena.

Será o terceiro ano do Carnavalito na Arena Fonte Nova. Dá para anunciar alguma novidade em relação às outras edições?

Sim, nós vamos ampliar de dois para três dias: agora será na sexta-feira, sábado e segunda-feira. A cenografia ainda estamos fechando o que vai ter, mas sempre com pontos turísticos de Salvador que remeta ao Carnaval. A grade de atrações está muito forte. Devemos ter também nosso encontro de pranchões, como tivemos em outros anos, então a tendência é de uma folia muito forte. É um produto absolutamente inovador. Quem vem de fora fica enlouquecido com o que fazemos, porque reproduz realmente o momento de rua em um ambiente seguro. E o pranchão é interessante, pois deixa você mais perto dos artistas, é algo fantástico [...] E temos outra novidade também, em primeira mão, que será a inauguração de um novo restaurante com vista para o Dique do Tororó, com uma ambientação de ‘boteco’ de alta qualidade, que ficará aberto ao público nos demais dias da semana, não somente nos dias de jogos.

Nos últimos anos tem se discutido o modelo de Carnaval, as possíveis mudanças. Nós vemos as ruas bem cheias, mas também há um certo movimento de descentralização da festa. Esta é uma das propostas do Carnavalito na Arena? Como você enxerga estas mudanças?

O Carnaval de Salvador é assim, sempre inovando. Nós que muitas vezes esquecemos as mudanças que tivemos. No início, com surgimento do trio elétrico, blocos afoxés e indígenas, mas também as festas nos clubes. O circuito que era só no Campo Grande, depois veio na Barra, aí nascem os camarotes. Então, o Carnaval sempre está se reinventando ao longo do tempo e passa pela necessidade de uma descentralização discreta. Os circuitos mais fortes tendem ainda a ser Barra-Ondina e Campo Grade ainda por muitos anos, mas é mais do que natural ter lugares alternativos com menor quantidade de pessoas, menor adensamento, para oportunizar quem não quer passar pela situação do aperto, de muitas pessoas, querem chegar de forma mais tranquila nas festas. Este modelo tende a atrair mais turistas e evita também que pessoas de Salvador continuem a sair da cidade. O turista que vem para cá, ele não quer necessariamente sair todos os dias na rua, ele quer alternativas.

A Arena tem uma área ampla, ela já foi projetada desta forma, com fácil circulação de pessoas e de ar também. Essas características tornam o espaço ideal para realizar eventos?

Sem dúvidas. Além de ter uma área de circulação ampla, possível de fazer distanciamento social no nível que for. Temos domínio na logística de entrada, conseguimos distribuir bem as pessoas em um momento de maior aglomeração dos eventos que é na entrada e saída. Com a quantidade de acessos, estamos preparados para fazer a evacuação de 50 mil pessoas em oito minutos, entre público, staff, imprensa. Fora o domínio das pessoas que trabalham aqui na operação da Arena, que é enorme. O protocolo que for necessário para todo tipo de evento, a gente consegue aplicar aqui dentro. Já tem até a percepção do público que vem à Arena, que ela é segura, tranquila de frequentar, fácil de entrar, sair, transitar, tanto para crianças, idosos, deficientes. Temos uma preocupação grande que seja sempre dessa forma.

E agora com o retorno dos jogos e dos eventos, volta a necessidade de ter uma logística adequada para mudar o espaço, adequar para receber cada atividade. Como é esta preparação, tem cuidado especial com o gramado?

Essa é a melhor parte, o que chamo de transição dos ambientes dos eventos, da cenografia do nosso ambiente, para vários tipos de situação. Estamos muito bem preparados. Nos últimos anos tivemos transição de jogo internacional para show em menos de 48 horas. Abrigamos aqui mais de três eventos simultaneamente e estamos sempre montando e desmontando. Em 2019, tivemos eventos a cada três dias. A Arena sempre está na movimentação de montagem, tudo é planejado conforme a grade é montada, inclusive com troca parcial ou completa do gramado, como no caso do show de Roger Waters, que tivemos que fazer a troca do gramado inteiro. Esse é nosso diferencial, essa transição rápida, e a motivação de toda a turma de operações e do comercial, esse 'corre-corre', mesmo quanto não está tendo evento, é uma Arena extremamente movimentada, movimento frenético todos os dias.

Pode-se dizer que essa versatilidade coloca a Arena Fonte Nova como uma das mais modernas do país e da América Latina?

Este momento de pandemia, que infelizmente enfrentamos, consolidou a Arena Fonte Nova como de melhor logística da América Latina. Nenhuma outra Arena conseguiu montar hospital de campanha dentro da estrutura dela, sem usar tenda ou o próprio gramado. Isso é uma característica de boa logística, de ter estrutura para ser multifuncional. E não só o hospital de campanha, mas também a vacinação contra a Covid-19 que segue acontecendo aqui e sendo avaliada como um dos melhores pontos da cidade. Nós conseguimos atrair shows internacionais pela facilidade de montar e desmontar, temos estrutura fácil de ser usada, ninguém tem dificuldade muito grande para transitar com estruturas pesadas e complexas, o que torna a gente muito competitivo no mercado. Temos a Arena pré-pronta para receber eventos, só questão de cenografia mesmo, mas temos banheiros climatizados, área muito bem estruturada. Claro que tem pedidos que saem da rotina, como Sandy & Júnior que precisamos adaptar a direção do palco, mas nós conseguimos viabilizar. Desde a sua inauguração, a Arena tem ampliado a experiência internacional, recebendo jogos de todas as competições, como Copa do Mundo, Copa das Confederações, Olimpíadas, Copa América e Eliminatória. Mesmo no Nordeste, colocamos sempre a Arena no grupo 'top' das Arenas.

E isso possibilita uma gama muito grande de eventos que podem ser sediados na Arena...

Sim! A gente ia inaugurar, mas a pandemia segurou, a Arena E-Games, que pretendemos fazer ainda dois ou três grandes eventos na arena de médio e grande portes de games eletrônicos. Aí vai ampliando o leque. A gente estava se preparando para fazer em 2020 uma sequência da celebração da canonização de Irmã Dulce, que deve virar um evento anual de turismo religioso, que é algo muito forte para cidade e estado. Temos a única santa do Brasil e ela é baiana, com uma ligação muito forte com a Arena. A relação com Irmã Dulce data de 2010, quando a renda dos souvenirs das ruínas do antigo estádio foi revertida para as Organizações Sociais Irmã Dulce.

Neste cenário, a atividade intensa na Arena é importante para a geração de empregos na cidade? Como funciona a operação, tem uma equipe fixa mas também contratam terceirizados?

Nossa equipe é muito enxuta, temos a cabeça pensante, digamos. Temos evento de 55 mil pessoas como de Irmã Dulce, e menores, como o Carnavalito, que roda por dia 5 mil a 6 mil pessoas. Então e estrutura tem que ser enxuta para aguentar essa variação. Nos grandes eventos você utiliza milhares de terceirizados, sem contar no entorno da Arena, desde ambulantes, até os shoppings, restaurantes. Nos shows de Paul McCartney e Roger Waters tivemos falta de vagas de hotel, restaurantes cheios, e não era alta estação. Movimenta muito a economia de Salvador.

Como tem sido feito o controle da entrada somente de pessoas imunizadas no estádio? O protocolo será o mesmo nos shows?

Nos jogos, pegamos autorização do torcedor que vem ao estádio para ter acesso ao sistema da Sesab, pelo CPF, conferir se está vacinado. Se tiver algum problema, informamos a ele e tem tempo de corrigir caso esteja imunizado. Uma vez cadastrado, está autorizado a entrar na Arena. É mais um passo que o frequentador precisa dar, mas é uma vez só. Isso também será estendido aos eventos, pois dá agilidade. Não tivemos problema na última partida que recebemos 8 mil pessoas, estamos na faixa de 20% da capacidade e não tivemos transtornos na entrada. Nós temos esforço grande de planejamento para evitar na hora ter qualquer tipo de desconforto. Para o turista, você tem o sistema nacional, o SUS Conecte, que vamos utilizar no momento necessário.

O diálogo com o poder público, com a Prefeitura de Salvador e o Governo da Bahia, é constante? Como é essa troca?

Temos uma interação muito boa, até porque colaboramos quando é necessário e também solicitamos quando precisamos. Tanto prefeitura quanto o estado, veem a Arena como um ativo fantástico para ajudar eles na viabilização da cidade em vários sentidos. Temos parceria com a Secretaria Municipal de Salvador na vacinação, e tivemos com a Sesab para o hospital de campanha. Todos estão empenhados no desenvolvimento da cidade e do estado.

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