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FINANÇAS

Tesouro, LC, LCI, fundos...Qual o melhor investimento?

Qual a aplicação mais adequada para quem tem R$ 50 mil em conta? Quatro especialistas respondem

Por Fábio Bitencourtt

06/05/2024 - 5:00 h
Diante de tanta opção de investimento, e em meio a um caldeirão de letras, qual será o melhor produto financeiro?
Diante de tanta opção de investimento, e em meio a um caldeirão de letras, qual será o melhor produto financeiro? -

LC, LCI, LCA; CRI, CRA; debêntures; Tesouro Direto; CDB; ações; fundos imobiliários; ETF; BDR; fundos de ações; fundos multimercados; câmbio (moeda estrangeira); criptomoedas. Diante de tanta opção de investimento, e em meio a um caldeirão de letras, qual será o melhor produto financeiro disponível para quem chegou ao saldo de R$ 50 mil em conta, e possui pouca ou nenhuma experiência com o mercado financeiro? Essa foi a pergunta que A TARDE fez a quatro especialistas no assunto e, de um modo geral, a resposta é “depende” do perfil de cada um.

Para a consultora financeira Izabela Ferraz, a decisão de investir é muito pessoal e resultante do estilo de cada investidor. Segundo ela, não adianta a recomendação de se investir nas opções a ou b, “se o objetivo final não estiver alinhado com quais riscos esse investidor esteja disposto a correr”. Ainda de acordo com Izabela, produtos de renda fixa são mais indicados a investidores conservadores e, os de renda variável, a perfis mais arrojados.

“Primeiramente, o investidor deve ter em mente a sua disposição em perder e ganhar para estudar a melhor aplicação. Investir não pode ser um sofrimento. Deve ser considerado sempre a análise da base do investimento, obtendo essa orientação com um gerente de confiança e, principalmente, acompanhar o mercado financeiro, para não ser ludibriado por metas impostas por bancos”, fala.

No que diz respeito a investimentos cuja rentabilidade levam em consideração a Selic, que é a taxa básica de juros da economia, e influencia outros índices de juros do País, como de empréstimos pessoais, financiamentos e aplicações financeiras, Izabela recomenda o monitoramento da projeção de aumento da taxa ao longo do ano, já que isso “reflete no cenário de aumentos de preços, apontando maior preocupação com uma possível pressão sobre salários, e incerteza sobre a dinâmica de queda da inflação doméstica".

A taxa Selic em abril de 2024 estava em 10,75% ao ano, porcentagem definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Ainda segundo a consultora financeira, independente da decisão de investir, o ideal é que cada investidor consiga manter sempre as contas equilibradas, verificando as necessidades reais de consumo.

“O consumismo vem aumentando nos últimos tempos motivado principalmente pelo impulso. Sabendo do cenário de incerteza, é preciso verificar bem a disponibilidade financeira. Eu costumo dizer que aposto sempre na diversificação de carteiras e, mesmo para quem tem um perfil mais conservador, é importante disponibilizar parte do que é destinado ao investimento para correr o chamado risco positivo, pois essa pode ser uma aposta para se ganhar um pouco mais, e assim se aumentar as reservas”.

Possuir uma reserva de emergência é um bom primeiro passo para um investidor iniciante, e em busca de segurança financeira, afirma o vice-presidente do Conselho Regional de Economia na Bahia (Corecon), Edval Landulfo. Segundo o economista, entender as próprias contas, “como está o orçamento, o que entra líquido, e o que sai como despesas e dívidas” é fundamental, para, a partir daí, “criar-se uma reserva de emergência para, pelo menos, seis meses, visando qualquer imprevisto”.

“Aí, sim, depois de criado o planejamento financeiro, uma reserva de emergência, é começar a entender dos ativos ou produtos financeiros disponíveis. O funcionamento de uma bolsa de valores, se deseja investir em renda variável; o que é um fundo imobiliário, renda fixa, LCA, LCI, que são as queridinhas do investimento, porque (sobre essas) não incide imposto de renda; agregar com outro produto, como CDB, que é quando o banco precisa captar dinheiro. Aí entra o conhecimento do que é um CDI, que vai ser a referência dos títulos de renda fixa”, diz Landulfo.

Ele explica que o IPCA, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o principal índice para saber a inflação do período. E que a taxa de referência (de produtos de renda fixa) é o CDI, que varia muito perto da Selic.

Informações essenciais

“São informações importantes que o consumidor deve conhecer. Considerar o impacto da inflação, se tem a tendência de fechar na meta, ou acima do estabelecido; a permanência, redução, ou elevação da Selic. No momento, a projeção é que ela encerre o ano em 9,5%, ao final do ano. Tendo essas informações, eu preciso atrelar isso aos meus objetivos, porque eu quero esse dinheiro investido. Então, eu tendo R$ 50 mil, recebendo um retorno de 100% do CDI, a 10,75% (taxa Selic atual), eu vou ter uma remuneração de R$ 5.375 ao ano. No final do ciclo, em abril de 2025, a Selic daria esse retorno, levando em conta o abatimento do imposto de renda, no caso do CDB”.

“Mas, antes de investir, eu preciso ter o conhecimento de todos esses ativos. A composição de uma carteira precisa ser pensada a longo prazo, não é nem projetando retirar em cinco anos. Ações (de empresas listadas na B3) são para dez, 15 anos”, conta, recomendando em seguida papéis do setor de mineração, petróleo, e bebidas.

“Quando se começa um investimento é parecido com quem está sem praticar exercício físico há algum tempo, e depois retoma a atividade. Vai sentir um pouco de dor no começo, pode haver prazer ou não. Mas aí vai se criando uma necessidade, o corpo começa a tomar gosto, e a mesma coisa é com investimento. Se já conseguiu juntar R$ 50 mil, a pessoa começa a deixar de gastar com besteira, para arrecadar mais dinheiro e fazer outros investimentos. Começa com uma carteira com perfil conservador, de repente até com o recurso da emergência financeira, e inicia outra com viés moderado para um retorno financeiro (de longo prazo)”.

“O hábito vai fazer com que, lá na frente, não se pare de ter essa carteira de investimentos. Mas não se investe sem estudar, o mercado é muito dinâmico, e exige uma certa cautela, ou conhecimento”, ressalta.

Estrategista de investimentos do Santander, Caio Martins destaca que, para um perfil considerado conservador, a “carteira modelo” do banco para abril sugere investir até 80% do capital em fundos DI, ou títulos atrelados aos principais indexadores, como CDI e Selic; 5% em renda pré-fixada; 10% em fundos vinculados à inflação (IPCA); e 5% no chamado multimercado, que é quando o valor é distribuído nas diferentes alternativas do mercado.

Contudo, e antes de mais nada, a dica de saída do analista é também que o investidor “se conheça e saiba qual o objetivo do recurso” a ser investido, “independente do momento, se a Selic vai para cima ou para baixo”.

“Investimento de 20 anos é quase que uma linha reta. O gráfico chacoalha, mas em um período mais longo se torna menos perceptível. Por exemplo, o ano possui uma média de 250 dias úteis, mas apenas cinco são de grande variação. Parece difícil entender, mas o recado mais importante é realmente entender o funcionamento do mercado, diversificar o investimento e buscar educação financeira”.

Especialista em finanças pessoais, João Victorino destaca o Tesouro Direto como uma boa opção para quem está iniciando na área e tem baixa disposição para riscos. São títulos públicos de empréstimos para o governo federal, como forma de financiamento do Tesouro Nacional, explica ele.

Uma simulação na plataforma própria do Tesouro Direto, mostra, por exemplo, que o valor de R$ 50 mil aplicado durante 20 anos no Tesouro IPCA+ 2045, chegaria nesse ano ao montante de R$ 268.019,98 (valor líquido de resgate, após a dedução de taxas e impostos), contra R$ 161.460,15, se investido na poupança.

Já no título Tesouro Direto Pré-fixado 2027 (ou seja, recurso aplicado para os próximos três anos), a rentabilidade ao ano é de 10,82%. O valor de R$ 50 mil, nesse caso com aportes mensais de apenas R$ 100, garantirá em 2027 o valor líquido de R$ 66.655,35, contra R$ 62.280,82 se aplicado na poupança; R$ 63.680,84, se em CDB; R$ 62.574,08, em LCI/LCA; e R$ R$ 63.962,81, fundo DI, segundo dados do Tesouro Direto.

“A primeira preocupação deve ser sempre não perder dinheiro. A bolsa (de valores) possui volatilidade alta, precisa primeiro aprender, ou procurar um corretor de confiança e, no caso de aplicar em CDB, é viável fazê-lo em grandes bancos, no valor de até R$ 250 mil, pois nesse caso há a cobertura pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), em caso de qualquer irregularidade. Aí funciona”, fala Victorino.

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Tags:

Educação financeira Investimentos mercado financeiro perfil de investidor renda fixa renda variável

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