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Troca de imóvel é nova opção no mercado baiano

Publicado terça-feira, 09 de junho de 2009 às 00:02 h | Autor: João Pedro Pitombo, do A TARDE

Sair de um apartamento para outro maior. Buscar um prédio mais novo ou  melhor localizado. Por motivos diversos, muita gente que já vive em imóvel próprio está em busca de um novo lugar para morar. E além da tradicional compra e venda através das imobiliárias, este consumidor tem à disposição uma opção pouco usual: a troca de imóveis.

Prática ainda pouco difundida no mercado imobiliário baiano, a permuta pode ser uma opção vantajosa para quem pretende mudar de casa. As transações, que não necessariamente envolvem dinheiro, podem se dar com incorporadoras ou até mesmo  diretamente entre duas ou mais pessoas.

Valorização — Entusiasta desta modalidade de negócio, o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, Ricardo Kenji, explica que permuta entre pessoas físicas o imóvel tende a se manter valorizado,  diminuindo o nível de perdas tanto na venda quanto na compra.

“Quando se faz uma negociação na forma tradicional, o dono do imóvel acaba perdendo no valor inicial, o que nem sempre se consegue reverter no momento da compra. Além disso, o negócio pode se tornar desvantajoso dependendo do tempo entre a venda e a compra do novo imóvel, gerando custos com aluguel”, observa o professor.

De acordo com Kenji, a permuta pode dar mais versatilidade ao negócio, com opções de pagamento variadas: “Além de dinheiro, outros imóveis e bens, como um automóvel, por exemplo, podem ser utilizados na negociação”. E pode ser feito com segurança, desde que a documentação esteja em dia: “É importante que não se tenha nenhum tipo de pendência como penhora ou ação na Justiça. Afora isso, é o de praxe: conferir as instalações do imóvel e elaborar um contrato”.

Com a produção significativa de novas habitacionais e facilidades no financiamento, algumas incorporadoras começam a se utilizar da permuta para incrementar as vendas. O consumidor pode adquirir uma casa ou apartamento, dando como entrada o próprio imóvel, sem a necessidade de vendê-lo para terceiros. O excedente do valor pode ser financiado.

No entanto, é preciso estar atento às condições. A Agra Incorporadora, que está implantando no País um projeto piloto para troca de imóveis, só aceita como entrada aqueles avaliados em até 40% do valor do imóvel a ser comprado pelo cliente. “A avaliação é feita por duas empresas respeitadas no mercado e caso o cliente concorde com o preço, assinamos o contrato”, explica Ricardo Telles,  diretor de  negócios da Agra.

De acordo com Sérgio Sampaio, presidente do Sindicato das Empresas de Compras, Vendas, Locação e Administração de Imóveis do Estado da Bahia  (Secovi), a adoção deste mecanismo é um reflexo da oferta de novos imóveis, que tem gerado um impacto positivo no mercado. “As pessoas começam a pensar em mudar, buscando uma casa nova, melhor localizada. Neste contexto, a troca é interessante porque também aquece o mercado do imóvel usado”.

Já Samuel Arthur Prado, presidente Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) tem uma visão oposta. Para ele, a negociação de imóveis usados pelas incorporadoras na compra de um novo pode ser reflexo do momento de crise, em que construtoras buscam vender as unidades que estão em estoque.

Dificuldades – A proliferação das negociações envolvendo a troca de imóveis ainda depende da superação de uma barreira cultural. De acordo com o professor Ricardo Kenji, a maioria dos compradores não pensa na permuta como primeira alternativa. “Geralmente quem vende não está muito aberto à permuta, exceto que seja uma situação crítica em que se quer consolidar a venda com rapidez”.

Além disso, a prática não é considerada funcional por grande parte dos corretores, que vêem dificuldades em fechar negócio. De acordo com Samuel Arthur Prado, do Creci, a maioria dos profissionais de corretagem na Bahia ainda não trabalha com permuta.

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