Editorial: Educação subtraída
A retomada de obras, provisoriamente paralisadas, representa um meio para alcançar a finalidade do desenvolvimento, bem necessário a fim de obter o Brasil as condições de nutrição da sua economia visando ao progresso. Torna-se imperativo, para este mister, levantar montante compatível de investimentos, razão pela qual o governo federal faz sua escolha em deslocar valores previstos para a educação, supõe-se, por considerá-la de somenos importância.
Ao sopesar, tomando como fiel da balança, a urgência das construções, as autoridades decidiram subtrair do orçamento do Ministério da Educação montante da ordem de R$ 1,4 bilhão. Entendem os ocupantes dos cargos máximos ser mais relevante a ação de monetarizar os ministérios do Desenvolvimento Regional, Infraestrutura, Saúde, Minas e Energia e Agricultura, tidos como de série principal.
A transferência integra o acordo do presidente Jair Bolsonaro com o Congresso, sob alegação de robustecer o Plano Pró-Brasil de investimentos, cujo objetivo seria, em metáfora, fazer do país o canteiro de obras capaz de contemplar todas as regiões.
Como jamais negou, em toda sua trajetória, Bolsonaro tem seu olhar peculiar sobre a educação, compartilhado e legitimado por quem o elevou ao trono do país pelo voto espontâneo.
Portanto, se caçador fosse, mataria o presidente duas lebres em única canetada, ao concluir obras de utilidade irrefutável, com a redução de verbas voltadas ao repositório de conhecimento do brasileiro. Caso alcance materialidade a escolha da residência, em coro afinado com o Congresso, sofrerão revés desde o ensino básico, pois os cortes vão reduzir livros didáticos e transporte escolar,até os programas da pós-gradução de excelência reconhecida.
O deslocamento de verbas, festejado por quem rebaixa a educação a uma segunda divisão dos ministérios, confirma antigo vaticínio, segundo o qual torna-se impossível libertar um povo com acesso dificultado aos seus professores.