EDUCAÇÃO
Encontro debate alfabetização com foco em educação antirracista
Evento do Programa A TARDE Educação reuniu profissionais de toda a Bahia para refletir sobre práticas inclusivas e equitativas
Por Loren Beatriz Sousa

Reflexões, discussões e troca de experiências marcaram o I Encontro de Educação 2025, realizado nesta quarta-feira,14, pelo Programa A TARDE Educação, do Grupo A TARDE, no Ed. Casa do Comércio, em Salvador. Reunindo secretários de Educação, articuladores municipais parceiros do Programa e profissionais da educação de toda a Bahia, o evento teve como tema central “Traçando caminhos para a alfabetização na perspectiva de uma Educação Antirracista”.
A abertura contou com a mediação da pedagoga do A TARDE Educação e mestranda em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Jéssica Gouveia, que destacou a importância de refletir sobre os desafios e possibilidades de uma educação mais justa, plural e inclusiva.

“Este evento tem como foco os educadores e educadoras e profissionais da educação que estão diariamente comprometidos com a formação de nossas crianças e jovens. Mas, também é um espaço de escuta e de diálogo com outras esferas sociais que compõem esse grande tecido que é a educação. E quando falamos em alfabetização na perspectiva de uma educação antirracista, estamos falando sobre o compromisso de romper com silêncios históricos e enfrentar desigualdades que ainda marcam as salas de aula, os currículos e as relações sociais e pedagógicas”, disse.
Na sequência, a gerente executiva do Programa A TARDE Educação, Andréa Silveira, agradeceu a presença dos participantes e ressaltou que, com quase três décadas de atuação, o Programa tem promovido uma formação mais crítica e consciente, ao unir jornalismo e práticas pedagógicas inovadoras.

“O A TARDE Educação conecta o currículo escolar, a realidade das comunidades e aos desafios do nosso tempo, sempre com o compromisso de fortalecer uma educação inclusiva, uma educação diversa e uma educação antirracista. Mas, nada disso seria possível se nós não tivéssemos a ajuda de uma equipe engajada, comprometida, sensível e profissional. Por isso, eu faço questão de não somente agradecer a eles por isso, não só por esse evento que vocês estão presenciando aqui, mas por fazerem do Programa A TARDE Educação um marco no cenário da educação baiana”, afirmou.
Durante a manhã, o doutorando em Difusão do Conhecimento pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Natanael Conceição Rocha, conduziu a palestra “Educação Antirracista: um compromisso com a equidade e a cidadania". Dividida em três momentos, a apresentação abordou conceitos fundamentais como raça, etnia, racismo e interseccionalidade.

“A grande sacada dessa manhã é discutir a importância da intencionalidade e do projeto coletivo para a construção dessa educação antirracista. Nesse meu entendimento, é impossível enfrentar o racismo estrutural sem ações concretas e estruturais, e por isso é preciso, além dessa intencionalidade, desse projeto coletivo, também olhar para a definição de orçamento, uma mudança de cultura”, destacou.
Além da palestra, Natanael convidou os participantes a integrarem uma oficina de vivências e vozes historicamente excluídas dos espaços educacionais. “Por isso eu convido a todos a refletirem juntos sobre a urgência da educação antirracista, sobre a urgência da efetivação de Leis Federais como a 10.639 e a 11.645 de 2003 e 2008, respectivamente”.

No período da tarde, a pedagoga e doutora em Educação, Taísa Ferreira, conduziu a palestra "Como explorar as relações étnico-raciais na alfabetização". A proposta foi discutir sobre como as relações étnico-raciais podem ser integradas ao processo de ensino-aprendizagem.
“A minha ideia é que a gente possa refletir sobre por que é importante trabalhar dentro dessa perspectiva e, a partir disso, a gente olhar para algumas possibilidades dentro de cada área. Dentro da gestão pública, dentro da gestão escolar, dentro da gestão da sala de aula, quais são as possibilidades que a gente pode pensar para que essa dinâmica de olhar para as relações étnico-raciais na alfabetização seja uma realidade concreta, materializada? Então, a ideia é trazer algumas pistas e algumas reflexões para os profissionais que estão aqui hoje, pensando coisas do cotidiano mesmo, coisas práticas, concretas, que a gente consiga visualizar de forma bem objetiva e entender a importância disso a partir de dados concretos também da nossa realidade do Brasil e da Bahia”, explicou.
O coordenador municipal de educação antirracista e educação escolar quilombola de Cachoeira, Leandro Araújo, ressaltou que a cidade foi pioneira no Recôncavo Baiano ao elaborar, em 2022, um plano de educação antirracista. Para ele, as temáticas discutidas no I Encontro de Educação 2025 reforçam o compromisso com uma educação plural e laica.

“Esse ano, por exemplo, a gente já criou um protocolo de combate ao racismo e intolerância religiosa e fazer parte dessas discussões é importante, só vem a somar e eu tô muito feliz”.
A articuladora do município de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, Fabrícia dos Santos, contou que esta é a terceira vez que participam do evento. A expectativa, segundo ela, é de um evento profícuo, que contribua com novos conhecimentos para levar de volta à cidade.

“A gente vem muito animado, porque normalmente esses eventos são muito importantes, discutem temas da atualidade que estão de acordo com as demandas que normalmente os municípios têm. Neste evento, a expectativa é maior ainda porque ele vem trazendo esse tema que é tão caro na atualidade, apesar de ser um tema recorrente, falar de uma educação antirracista também, mas você unir alfabetização e educação antirracista é sempre muito importante, nunca é demais falar sobre esse assunto. Então, a gente vem aqui com um ânimo novo”.
O I Encontro de Educação 2025 contou com o apoio da Autoridade Portuária da Bahia (CODEBA), da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran), da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e da Secretaria da Educação do Estado (SEC).
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