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CENÁRIO

60% dos empreendedores se dizem confiantes com futuro do negócio

Pesquisa do Sebrae e FGV avalia o impacto da pandemia sobre as pequenas empresas

Por Mariana Bamberg

24/07/2022 - 8:43 h
Ana inaugurou uma hamburgueria no início do ano e se prepara para lançar mais duas marcas
Ana inaugurou uma hamburgueria no início do ano e se prepara para lançar mais duas marcas -

Após mais de dois anos de crise sanitária, os micro e pequenos empreendedores estão voltando a saber o que é otimismo. A 14ª Pesquisa de Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou que quase seis em cada dez donos de negócios se dizem confiantes com relação ao futuro da empresa.

Apesar de ser dominante, o otimismo teve uma discreta queda ao ser comparado ao final de 2021, quando os donos de negócio que se diziam confiantes quanto ao futuro somavam 61% dos entrevistados. Hoje, eles representam 59% dos micro e pequenos empreendedores. Entre os confiantes, 24% dizem estar percebendo o lado positivo da crise, outros 16% se classificam como entusiasmados para o futuro e 19% estão esperançosos.

Para o analista de gestão estratégica do Sebrae, Anderson Teixeira, esse otimismo já era esperado como sendo um dos reflexos do fim das medidas restritivas de emergência sanitária.

"Ainda existe a dificuldade, mas está diminuindo. Os micro e pequenos empreendedores estão mais esperançosos neste segundo semestre, principalmente por conta do fim das medidas sanitárias, que era um dos fatores que acabava limitando muitos negócios. Aos poucos, a pandemia deixa de ser a principal vilã e os setores tendem a uma centralidade de voltar à performance pré-pandemia", afirma.

Entre os setores mais otimistas está o agronegócio, com apenas 30% dos empreendedores se classificando como aflitos. Teixeira, no entanto, chama a atenção para o fato deste ter sido um dos segmentos menos afetados pela pandemia.

Mirian Aquino, dona de uma produtora de queijos artesanais, é a prova disso. Moradora de Itamaraju, no extremo sul da Bahia, ela trabalha com encomendas e entrega à domicílio.

No início da pandemia, a queijeira viu sua demanda disparar. Depois teve uma pequena queda, ela conta.

Mas desde o primeiro semestre do ano, as vendas voltaram ao patamar pré-covid, algo em torno de 200 queijos por mês.

"Agora me sinto mais otimista, meu produto é artesanal, tem um valor agregado, quem permanece é um público diferenciado. Espero e acredito que vou manter esse patamar que estou ou crescer mais um pouquinho", diz Mirian.

Para ela, o período do São João foi um dos melhores em vendas. O especialista do Sebrae afirma que os festejos juninos foram o grande termômetro do mercado neste primeiro semestre.

"O turismo, as vendas de passagens, de hospedagens e de roupa aumentaram bastante. Tudo isso é um indicador de que, aos poucos, os negócios estão voltando ao normal e com isso o otimismo do empreendedor cresce também", explica.

Quem também está otimista é a empresária Ana Amoedo. Franqueada de uma hamburgueria artesanal, ela se prepara agora para inaugurar mais duas franquias, uma da padaria low carb Artesanali e outra da hamburgueria BB Burguers, ambas as marcas no Shopping Bela Vista.

Ana ficou desempregada durante a pandemia e esperou o momento certo para inaugurar seu primeiro negócio. O período escolhido foi o início deste ano. O resultado a agradou tanto que seis meses depois ela investe em mais dois empreendimentos na mesma área.

"No primeiro mês, nosso negócio já se bancou, o que é muito difícil. Agora a expectativa é que com o primeiro mês dos outros negócios a gente consiga lucro. Sentimos que esse mercado de alimentação está voltando muito latente, as pessoas estão voltando a querer sair, ter liberdade e se relacionar com os negócios. Isso, claro, nos deixa muito otimistas", aponta Ana.

Já o setor de moda, apesar de ter sido um dos mais impactados pela pandemia, é um dos que mais está conseguindo recuperar o faturamento, segundo mostra a pesquisa. Márcio Mendonça, um dos sócios da loja de vestuário masculino Zip Náutica, não tem dúvida que esse é um dos momentos mais confiantes.

"O setor da moda é diferente. Foram muitas lojas saindo e outras entrando no mercado, marcas se adaptando, outras envelhecendo. Mas nós conseguimos nos adaptar, conseguimos entender a comunicação que o cliente queria, conhecer o novo comportamento dele e adaptar nossas coleções a isso. Hoje estamos crescendo mês a mês e performando até melhor do que antes da pandemia", fala Mendonça.

O lojista não nega que está otimista quanto ao futuro, mas destaca que a inflação é um fator preocupante.

"Ela faz com que nós sejamos obrigados a rever preços. Não dá para absorver todos os reajustes porque se não, na hora de arcar com os custos, a equação não fecha.

Aumento dos custos

Mas acredito que vamos estabilizar, e as perspectivas para o Natal e o próximo ano são as melhores", diz ele.

A pandemia não deixou de ser a grande vilã apenas para o negócio de Mendonça. De acordo com a pesquisa do Sebrae, 50% das pequenas empresas apontaram o aumento dos custos de insumos como o principal entrave. Depois vem a falta de clientes (21%); dívidas com empréstimos (11%); com impostos (4%); com fornecedores (4%). A pandemia aparece apenas em sexto lugar, com 3% dos empreendedores a classificando como principal dificuldade.

Para o analista do Sebrae, isso aconteceu não só por conta do fim das medidas restritivas, mas principalmente pela potencialização de outros fatores que já existiam independente da crise sanitária, como a inflação, por exemplo.

Dona de um bar no bairro de São Caetano, Edna Luz é uma das empreendedoras aflitas. As dificuldades dela são justamente o aumento no preço dos insumos e a falta de clientes, que ela atribui à violência na região onde fica o seu negócio.

Hoje ainda ela avalia se vale a pena continuar com o bar ou alugar o ponto. No início da pandemia, Edna precisou se reinventar. Ela passou a fazer acarajé e pastel, e entregá-los por delivery. A iniciativa deu certo por um tempo, mas desde o início do ano não tem mais surtido efeito.

"O movimento caiu muito. Tem sábado que vendo duas cervejas, antes eram de quatro a cinco caixas. Sem falar que tudo ficou mais caro, a energia, o gás. O frango, por exemplo, antes eu comprava a caixa por R$ 140, hoje pago R$ 220. Precisei deixar de fazer muitos pratos por conta do preço dos produtos", conta Edna.

A saída encontrada pela empreendedora foi oferecer as bebidas, mas passar a fazer os pratos apenas por encomenda para evitar gastos. Não é só Edna que está preocupada com relação ao futuro. No setor de serviços de alimentação, 50% dos donos de negócios se consideram aflitos. Essa é a maior proporção entre os 22 segmentos estudados pela pesquisa. Atrás dele, estão os setores de comércio varejista da moda (47%) e logística e transporte (45%).

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