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EMPREGOS & NEGÓCIOS

71% dos brasileiros planejam ir às compras na Black Friday

Lojistas estimam alta de até 40% nas vendas e preparam estratégias para o dia de ofertas

Por Ruan Amorim*

16/10/2022 - 6:00 h | Atualizada em 17/10/2022 - 14:56
Anna Telles, proprietária do Salão Cachos e Fibras junto com sua equipe
Anna Telles, proprietária do Salão Cachos e Fibras junto com sua equipe -

Com menos restrições sanitárias este ano, os consumidores pretendem gastar mais em uma das datas mais importantes para o varejo, a Black Friday (25 novembro). Isso é o que evidencia uma pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Google Brasil.

O levantamento, que foi feito com mil entrevistados, mostra que 71% dos brasileiros pretendem fazer compras no tradicional período de promoções, o que representa crescimento de 29% em relação a 2021. Nesse cenário, lojistas projetam crescimento de até 40% nas vendas e já preparam estratégias para ter sucesso no dia das ofertas.

Gisela Carvalho, diretora da Miniso Bahia , no Shopping Bela Vista
Gisela Carvalho, diretora da Miniso Bahia , no Shopping Bela Vista | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Na Miniso, varejista de produtos de estilo de vida de inspiração japonesa, no Shopping Bela Vista, uma seleção de itens de diversas categorias para surpreender os clientes na Black Friday está sendo feita. A preparação para a data, segundo a diretora da marca, Gisela Carvalho, 41, começou cedo. “O planejamento foi realizado no início do segundo semestre. Fizemos um estudo e analisamos quais produtos vão proporcionar aos nossos clientes a experiência de uma compra com preços ainda mais baixos. E isso, por sua vez, vai impulsionar as nossas vendas”, explica Gisela.

Em relação ao primeiro semestre, a previsão é que a Miniso tenha alta de 10% a 15% nas vendas. A Black Friday, assim como as demais datas sazonais que acompanham os últimos seis meses do ano, tem grande influência na expectativa. Nesse contexto, uma das estratégias da loja para aproveitar o boom comercial é se destacar no mundo digital.

“A venda online hoje é muito importante para o varejo. A Miniso acredita muito nesse conceito e temos um canal de venda por meio do Whatsapp. Nas demais redes sociais, buscamos trabalhar com influenciadores digitais que tenham sinergia com nossa operação para divulgar os nossos produtos”, diz Gisela.

Além das estratégias próprias para captar clientes, a varejista de produtos japoneses também conta com ações realizadas pelo Shopping Bela Vista para impulsionar as vendas dos lojistas. De acordo com a gerente de marketing do centro comercial, Juliana Brandão, durante o mês de novembro muitas iniciativas serão realizadas em prol de aquecer ainda mais o comércio. “Faremos diversas ações para que nessa Black Friday 2022 a gente tenha um crescimento em torno de 20% a 25%, comparado ao mesmo período do ano passado”, afirma Juliana.

Um dos projetos do Shopping com foco na Black Friday é o lançamento de uma plataforma de cashback. O objetivo, conforme a gerente de marketing, é seguir a tendência mundial de fidelização do cliente através de recompensas nas compras.

“A proposta é oferecer ainda mais poder de compra aos clientes do Shopping Bela Vista, pois nas lojas participantes, todas as compras realizadas irão gerar cashback para que eles possam continuar comprando. O melhor é que estes créditos recebidos não expiram e os clientes podem acumular para realizar novas compras. Os descontos vão se transformar em dinheiro”, explica Juliana.

Estratégias de vendas

São muitas as estratégias que podem ser aplicadas na data mais importante para o varejo global. Para ter sucesso no momento das ofertas, um passo importante para as empresas é preparar o estoque para suprir a alta demanda. Já antevendo uma boa saída dos produtos, é isso que tem feito a sócia-gerente da loja Mangaba, que comercializa artigos de moda praia de fabricação própria, Vera Lúcia Santos.

“Nós estamos produzindo uma quantidade maior de peças em comparação com o ano de 2021, visto que temos expectativas de aumentar as vendas agora. Os últimos dois anos foram difíceis para os empresários, sobretudo, do nosso setor. Por isso, a fim de recuperar o prejuízo, estamos otimizando o estoque e criando estratégias de desconto para a Black Friday", conta Vera Lúcia.

Vera Santos, gerente da loja Mangaba que fica no Shopping Paseo
Vera Santos, gerente da loja Mangaba que fica no Shopping Paseo | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A TARDE

Foi em julho que a preparação para o dia das ofertas começou na Mangaba. Com expectativas positivas, Vera Lúcia e sua sócia, Rafaela Argones, esperam aumento de pelo menos 40% nas vendas. Para a projeção se confirmar, elas apostam no cartão fidelidade da marca, estratégia que vem dando certo ao longo dos anos e vai ser intensificada em novembro, promoções e presença na internet.

O cartão fidelidade, segundo Vera Lúcia, funciona gratificando o cliente com um brinde a cada dez produtos comprados. Quando o assunto diz respeito a descontos nas peças, ela reconhece que “fazer promoção chama a atenção e atrai o cliente que, muitas vezes, acaba gostando de mais um produto e incrementando a compra”. Por isso, a Mangaba já tem uma proposta de oferta planejado. “Teremos uma semana inteira com descontos especiais”, acrescenta a sócia-gerente.

No setor de beleza, quem também já está se preparando para a data comercial é a empresária e CEO do salão Cachos e Fibras, que atua com a comercialização de cosméticos para cabelos crespos e cacheados e também com aplicação de cabelo orgânico, Anna Telles. Para que o empreendimento consiga bons resultados, investimento em campanhas na internet tem sido feito. “Estamos apostando em tráfego pago, lives e divulgações mais massivas nas redes sociais, a exemplo de demonstrações dos nossos produtos no Youtube”, diz Anna.

Além disso, Anna também tem apostado no remarketing, ação que consiste na produção de anúncios focados em pessoas que já tiveram contato com a marca. Essa tática, de acordo com a empresária, ajuda tanto a fidelizar o cliente quanto na rentabilidade do negócio. “É uma ação que considero fundamental para a empresa, pois nos ajuda a conquistar cada vez mais o consumidor que já compra na casa. Isso é bem mais fácil e barato do que pensar ações para um público que ainda não conhecemos”, explica Anna.

Nesta Black Friday, a expectativa é que o salão Cachos e Fibras consiga aumentar a saída dos produtos entre 20% e 30%. Por isso, além do remarketing e campanhas no mundo online, combos promocionais serão ofertados. Porém, para não sair no prejuízo com as ofertas, uma avaliação dos produtos antes da precificação é necessária.

“Antes de colocar qualquer artigo na promoção, o custo do produto para o empreendimento e rentabilidade são avaliados. Analisamos também se é um item que a gente perde muito colocando na promoção, se é um produto que conseguimos comprar em uma promoção. Nesse cenário, eu busco sempre negociar com o fornecedor para repassar para o cliente e evitar prejuízos”, diz Anna.

Datas comerciais

Assim como Anna, Vera Lúcia e a marca Miniso, todo pequeno empreendedor e grandes empresas devem investir em estratégias para evitar prejuízos e conseguir aumentar o faturamento em datas comerciais. É o que explica o cofundador e COO da Tiba, fintech de gestão financeira gratuita e inédita para pequenos varejistas, Leandro Moura. Ele conta que é necessário se preparar tanto com os fornecedores quanto com a clientela. “Um pouco antes da Black Friday, o empreendedor deve começar anunciar nas mídias que está habituado. É necessário fazer isso para criar a demanda”, explica Leandro.

O especialista também diz que para ter uma boa vendagem na época, o empresário precisa entender qual o diferencial dele em relação aos demais competidores e conhecer o público. Nesse último caso, ele instrui o uso de ferramentas de mercado como CRM e ERP, que ajudam os empreendedores a conhecer quem são os clientes. Outra coisa importante, segundo Leandro, é fazer promoções vantajosas e saber quais preços poderão ser praticados na data.

“É necessário entender qual precificação não afeta a saúde financeira do negócio antes de aplicar as promoções. Caso o varejista não consiga fazer descontos tão agressivos em relação aos competidores, ele pode acrescentar na experiência da venda algum detalhe diferente”, pontua Leandro.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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