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MERCADO

Desânimo no mercado de trabalho já custa US$ 438 bilhões à economia

Estudo revela tamanho do prejuízo global causado pelo crescimento da infelicidade no ambiente de trabalho

Por Joana Lopes

18/05/2025 - 1:15 h
Imagem ilustrativa da imagem Desânimo no mercado de trabalho já custa US$ 438 bilhões à economia
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Insatisfação salarial, falta de flexibilidade, ansiedade e depressão. Esses são alguns dos fatores responsáveis pela crise de infelicidade e desânimo que tem se espalhado no mercado de trabalho global. De acordo com um estudo da Gallup, essa falta de engajamento custou cerca de US$ 438 bilhões em perda de produtividade na economia mundial em 2024.

Se o ambiente de trabalho mundial fosse totalmente engajado, a Gallup estima que US$ 9,6 trilhões em produtividade poderiam ser adicionados à economia, o equivalente a 9% do PIB global.

No Brasil, as demissões voluntárias bateram recorde no início de 2025. De acordo com dados do FGV Ibre, 38% de todas as demissões com carteira assinada no País entre janeiro e fevereiro foram a pedido do próprio trabalhador — o maior índice desde o início da série histórica em 2020.

No primeiro bimestre, 1,625 milhão de brasileiros deixaram seus cargos por vontade própria, um crescimento de 15,5% em relação a 2024. E quem solicita o desligamento, em grande parte, são jovens entre 18 e 29 anos — com maior nível de escolaridade e, muitas vezes, em busca de novos caminhos profissionais.

Esse movimento também se reflete na internet. Um levantamento da Onlinecurriculo, plataforma de currículos online, aponta que as buscas pelo termo “demissão” no Google dispararam 173% entre os meses de março de 2024 e março de 2025 —, gerando 819,2 mil buscas pelo termo.

No ano passado, os millennials lideraram os afastamentos por saúde mental no trabalho, de acordo com um levantamento da consultoria B2P: 43% dos afastados são dos nascidos de 1981 a 1994. Na segunda posição da lista aparece a geração Z (nascidos após 1995), representando 33% dos afastamentos, enquanto a geração X (nascidos de 1966 a 1980) somou 16% dos afastamentos. Já os baby boomers (nascidos antes de 1965) ficaram com 3% dos afastamentos.

“Esses números só reforçam como a saúde mental tem impactado cada vez mais a qualidade de vida dos trabalhadores. Mostra que há um grande descompasso entre vida pessoal e profissional, trazendo riscos significativos não só ao próprio colaborador como também à produtividade das companhias. As empresas precisam elaborar estratégias efetivas para lidar com esse tema e não deixar o assunto para depois”, explica Marlene Capel, diretora da B2P.

Licença na tristeza

Enquanto algumas empresas apostam na redução de horário às sextas-feiras, ou em semanas de quatro dias de trabalho, a varejista chinesa Pang Dong Lai criou a “licença por infelicidade”, que permite que os funcionários tristes tirem um dia de folga sem aprovação da liderança, com um limite de 10 dias por ano.

Especialistas apontam, no entanto, que há outras alternativas.

“É possível criar programas de desenvolvimento profissional adaptados a cada geração, como também flexibilizar o modelo de trabalho para atender diferentes necessidades. Vale também estabelecer uma cultura organizacional inclusiva e diversa, usar a tecnologia para facilitar a comunicação entre gerações, e treinamentos sobre respeito intergeracional e mediação de conflitos”, exemplifica Capel.

Érika de Mello, advogada do PG Advogados e especialista em gestão de riscos, afirma que a primeira medida que as empresas precisam fazer é conhecer o seu público de profissionais, entender seus perfis, demandas e expectativas.

“Pesquisas regulares, feedbacks anônimos e avaliações de risco psicossocial são essenciais. O Índice de Felicidade Corporativa da Pulses mostrou que empresas que monitoram ativamente o clima interno têm 40% menos rotatividade.”

Érika acrescenta que a promoção de ambientes de trabalho dinâmicos, seguros e saudáveis também é um fator essencial para que os colaboradores desenvolvam um senso genuíno de pertencimento.

“Investir na promoção do autoconhecimento e saúde mental tem se mostrado um excelente aliado das empresas. Muitos profissionais consideram a flexibilidade como um fator essencial, por isso, é importante que as empresas avaliem como melhorar as condições de trabalho”.

O papel das lideranças é fundamental na construção de um ambiente de trabalho mais saudável. Por isso, Thais Requito, especialista em desenvolvimento humano, produtividade sustentável e fundadora da ReskillLab, recomenda capacitá-las para identificar sinais de falta de engajamento e, além de compreender quais fatores mais influenciam esses comportamentos, para que possam atuar em conjunto com os profissionais no desenvolvimento das soluções necessárias. Segundo ela, uma das chaves para mudar esse cenário é repensar o conceito de produtividade.

“Ainda temos uma visão muito antiga sobre o que é ser produtivo. Tendemos a associar produtividade ao fato de estar sempre ocupado, sempre envolvido em alguma atividade. E isso pode gerar a sensação de que é preciso estar o dia inteiro em reuniões, 100% do tempo disponível – o que, na prática, compromete uma performance mais sustentável e torna as pessoas mais suscetíveis a questões relacionadas à saúde mental”, explica.

As especialistas concordam que o mercado passa por uma transformação estrutural nas relações de trabalho, com a criação de modelos disruptivos de negócios que, consequentemente, demandam novas formas de organização.

“A valorização da saúde mental, da autonomia e do propósito aponta para um modelo mais digital, mas também mais humano, flexível e autônomo”, diz Érika de Mello.

As empresas que incluem o bem-estar e a felicidade no trabalho no centro da estratégia tendem a atrair e manter os melhores talentos.

“O futuro do trabalho está sendo escrito agora, por aqueles que entendem que a produtividade nasce do cuidado com as pessoas e do alinhamento entre propósito, cultura e desempenho”, afirma a advogada.

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