EMPREGOS & NEGÓCIOS
Em meio à crise econômica, setor de beleza cresce 6,5%
Segmento de maquiagem foi destaque, com alta de 18% no 1º trimestre, em relação ao mesmo período de 2021
Por Ruan Amorim*
O Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, China e Japão. Com uma colocação de destaque internacional, essa indústria brasileira vem demonstrando sua força e registrando crescimento. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o setor cresceu 6,5% no primeiro trimestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021.
O grande destaque é o segmento de maquiagem, que apresentou alta de 18% em valor de vendas ex-factory (faturamento de fábrica, sem adição de impostos sobre vendas), em comparação ao mesmo período do ano anterior. Outras categorias também conquistaram bons resultados. A de higiene pessoal registrou alta de 3,5%; a de perfumaria de 8,9% e a de cosméticos 3,6%.
Nesse cenário, a expectativa da empresária e proprietária da loja de maquiagens Persan Makes, Juliana Persan, 28, é que o mercado de beleza continue crescendo. De acordo com ela, em meio ao boom da indústria, o seu negócio já tem colhido bons frutos quando o assunto é a saída dos produtos. “Em comparação com o ano passado, as vendas aumentaram mais de 50%”, diz a empresária, que também é maquiadora profissional.
Foi no início da pandemia que Juliana decidiu empreender no ramo da beleza, criando uma loja online para comercializar maquiagens e produtos de cuidados faciais. Apesar de a aposta ter sido em um momento de turbulência para vários segmentos comerciais, ela conseguiu um bom retorno financeiro, o que se tornou uma injeção de ânimo e a fez continuar com a atuação no setor.
“Foi uma decisão certeira. Em janeiro de 2021, por causa da minha persistência em continuar empreendendo nessa área, consegui fazer um grande avanço, que foi expandir do digital para a loja física. Essa mudança impulsionou as vendas e também o meu serviço de maquiadora”, afirma Juliana.
Impacto da pandemia
Um dos impulsos para o crescimento da indústria de beleza em 2022, segundo Juliana, é a flexibilização das medidas contra a Covid-19. De acordo com a empresária, nos anos iniciais da pandemia, as pessoas, em prol de se prevenir contra o coronavírus, deixaram de sair dos seus lares e diminuíram a interação física, o que o influenciou em menos cuidado com a estética. Agora, em um contexto mais permissivo para o contato corpo a corpo, as coisas mudaram e a indústria da beleza tem ganhado com isso.
“Com a liberação do uso obrigatório da máscara e também das saídas de lazer ou trabalho, os cuidados com a saúde e aparência ganham destaques e se tornam mais direcionados e buscados pelo público”, esclarece Juliana.
Quem também percebe uma busca maior por produtos ligados ao cuidado com a saúde e também com a aparência nesse período de flexibilização é a nutricionista e proprietária de uma clínica que vende dermocosméticos e é especializada em emagrecimento e estética, que leva o seu nome, Carolina Dias. Em comparação com o primeiro semestre de 2021, ela conta que as vendas dos cosméticos aumentaram 15%.
“Acredito que vai melhorar ainda mais. Estamos a passos lentos, mas evoluindo e isso é importante, uma vez que nós, os pequenos empresários, sofremos muito com a pandemia. Logo no início da crise sanitária, o medo do vírus e também a incerteza da economia fez as vendas retraírem. Mas as coisas foram melhorando com avanço da vacinação, uma vez que a economia foi reaberta”, esclarece Carolina.
Com o verão se aproximando, Carolina acredita que tanto os procedimentos estéticos quanto a venda de dermocosméticos devem crescer. “Acredito em um aumento de mais de 20%. Essa é a época que as pessoas querem procedimentos de resultados rápidos e eficazes em prol de apresentar um corpo mais bonito no verão”, analisa a nutricionista.
Não são só os produtos industrializados que estão sendo procurados no mercado de estética e saúde, os cosméticos naturais também têm conquistado a adesão dos consumidores. Isso é o que conta a bióloga e CEO da Iyá Omi Cosmética Natural, Sueli Conceição, 46. “Durante a pandemia, o meu empreendimento cresceu, considerando a sua especificidade, que é a utilização de matéria-prima como plantas medicinais, manteiga, óleos vegetais e óleos essenciais”, explica Sueli.
Para a bióloga, o que tem contribuído para o crescimento do seu negócio é “a tendência do mercado mundial da procura de cosméticos naturais e veganos. Isso em perspectiva de saúde mais do que estética”. Além disso, outro fator que agrega valor de venda ao produto, segundo ela, é que eles são produzidos no âmbito da sustentabilidade.
Nesse contexto, Sueli espera um crescimento de 20% nas vendas dos últimos meses do ano. Para isso, ela conta que está se engajando no uso de “ferramentas disponíveis nas redes sociais, parcerias com digitais influence e realizando campanhas em datas comemorativas”, diz a bióloga.
Assim como Sueli, em meio ao crescimento da indústria de beleza, os empresários, com seus objetivos específicos, precisam investir em estratégias para fazer o negócio crescer. Segundo o coordenador estadual de indústria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/BA), Tercio Calmon, 38, se a empresa é voltada para o varejo, investir em marketplace (mercado online) é uma boa opção. “É importante investir nos canais adequados para chegar no cliente final”, orienta Tercio.
O especialista destaca a presença digital e assertividade na comunicação como peças-chave para o sucesso do empreendimento. “Hoje não é mais possível falar de um mercado gigante como o de beleza sem ter Instagram, sem ter marketplace, ou seja, sem estar inserido nas melhores plataformas de comunicação e comercialização dos produtos”, diz o coordenador de indústria do Sebrae.
Outros pontos importantes, de acordo com Tercio, para se obter sucesso no ramo da beleza ou em qualquer outro, é ter uma gestão de dados preparada, assim como de matéria-prima. Além disso, ele diz que é necessário investir “em mão de obra qualificada. Quando você começa a crescer, é necessário aumentar a efetividade e qualidade dos seus produtos para entrar em um mercado mais competitivo. Isso exige uma qualificação da mão de obra”, explica Tércio.
*Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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