EMPREGOS & NEGÓCIOS
“Jeito baiano” inspira marcas de confecções, acessórios e até de decoração
Por Yumi Kuwano*
Passou o tempo em que a Bahia era conhecida pelas lembrancinhas encontradas no Pelourinho e Mercado Modelo, feitas pensadas no turista que quer deixar na memória os bons momentos da viagem. Os baianos também gostam de espalhar a sua baianidade por aí de diferentes formas. Seja através do baianês – nome que se deu ao seu modo próprio de falar – ou da moda, sempre tem um jeito de mostrar a diversidade que é encontrada por aqui. Pensando nisso, muitas marcas perceberam a tendência que veio para ficar, e expressões do dia a dia viraram estampas de camisa, quadros, chapéus e acessórios.
A Salve Terra nasceu em 2012, com a ideia de criar algo pensando na sustentabilidade. Entre bermudas, bonés e sandálias, são as camisetas e regatas que fazem a cabeça das clientes. São cerca de quatro mil vendidas por mês. Ele conta que em 2014 houve um boom, uma valorização da cultura baiana e as pessoas começaram a pedir muito produtos nessa linha. “Virou uma tendência de mercado, várias marcas surgiram aproveitando a onda e se consolidaram com isso”, conta Guilherme Santos, proprietário da marca conhecida pelas estampas de frases com expressões mais populares faladas pelos baianos.
“Antes as pessoas valorizavam muito marcas cariocas, que utilizavam elementos característicos da cidade, como o calçadão de Copacabana”, observa. Hoje ele percebe que a coisa da representação da Bahia muito forte tenha vindo para ficar, mas alerta para a necessidade de se reinventar. “Com muitas marcas no mercado, as coisas acabaram ficando muito igual, então precisamos pensar em novidades para as pessoas não enjoarem. Por exemplo, agora estamos apostando em uma linha mais séria e alguns desenhos novos”, explica o empresário.
A Salve Terra acrescentou na sua loja os quadrinhos com todas as estampas da camisa, que também fazem sucesso entre os clientes. “O baiano tem muito orgulho do que é e encontrou uma forma de expressar isso”, comenta o empresário. “Falo oxe e como vatapá” e “Axé” são algumas das expressões que podem ser encontradas em camisetas.
Um ponto importante para a marca de Guilherme são as redes sociais, que, segundo ele, proporcionam uma interação muito boa e contribui para espalhar o nome. “Todo mundo gosta de postar, aí marca o nosso Instagram e assim vai divulgando”, analisa. Hoje ele conta que não usa mais modelos para fazer os ensaios: “Fotografamos o nosso cliente de verdade. Uma ou duas vezes por mês perguntamos na página quem tem interesse e muita gente se candidata. Pegamos as primeiras e fazemos o ensaio”, conta.
Representatividade
Advogada aposentada e sempre preocupada com questões de empoderamento e representatividade, Maria Auxiliadora Nascimento criou a Zambi, loja de roupas e acessórios que traz as culturas africana e baiana nas estampas e materiais das peças. “É tudo bem colorido, estampado e todos os produtos seguem a mesma linha afro”, afirma.
Há pouco mais de um ano localizada na Estação da Lapa, a marca pretende chamar a atenção das pessoas que passam por ali diariamente e que não se veem representadas em outras lojas. “Trabalhamos com peças exclusivas, para representar uma parcela específica da população que ainda se vê excluída na moda, precisamos colocar o negro em todos os lugares, inclusive na moda. A loja tem sido muito bem aceita, as pessoas elogiam bastante”, conta.
Aline Biliu e Mila Giácomo criaram um estúdio de design gráfico, Miranda Estúdio, e meses depois tiveram uma sacada: a música de Moraes Moreira e Paulo Leminski, Mancha de dendê não sai. A frase virou estampa para as t-shirts que produziram para o Carnaval de 2015 e venderam muito. Diante do sucesso, a estampa virou canga, quadrinhos, e desde então as meninas não sabem mensurar quanto já venderam. “A gente produz, acaba e produzimos novamente, há três anos, a mesma estampa em diferentes produtos”, diz Mila. Além do dendê, elas se inspiraram nas praias da cidade para lançar chapéus com o nome de algumas: Aleluia, Buracão, Porto e Itapuã.
O sucesso, ela acredita que é por causa da mensagem que a frase passa. “Tem uma coisa subliminar, de quem vem para a Bahia se apaixona e não esquece. Acho que as pessoas se identificam muito”, diz.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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