EMPREGOS & NEGÓCIOS
Lojistas apostam em planejamento e redes sociais para elevar vendas na Black Friday
As empresas investem em estratégias específicas para a data que já é uma das mais importantes do varejo

Por Joana Lopes e Isabel Queiroz*

A poucos dias da Black Friday, os empreendedores ainda têm tempo para ajustar estratégias e aproveitar a data que deve movimentar R$ 13,34 bilhões somente no comércio eletrônico, segundo a Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (Abiacom), e que representa uma oportunidade de aumento de vendas e conquista de clientes.
“No ano passado, a nossa operação cresceu 8% na Black Friday. Este ano, a expectativa é de 10% a 12% de aumento”, conta Augusto Costa, diretor comercial da loja House & Co, que tem unidades no Salvador Shopping e no shopping Barra. A loja baiana de colchões, cama, mesa e banho, que está há 25 anos no mercado, tem entre o Natal e a Black Friday o principal fluxo de vendas do ano, o que obriga a aumentar consideravelmente o estoque para o período. “Fazemos investimentos pesados no mês de outubro, os fornecedores esticam o nosso prazo de compra para que a gente possa ter mercadoria suficiente para atender o cliente”, explica Costa.
Segundo ele, é graças às negociações com fornecedores que a House & Co consegue garantir maiores descontos para o evento que marca o mês de novembro. “Os descontos mais acentuados estão na linha de colchão e cama box. Como a linha de roupa de cama tem um giro muito alto, acabamos não tendo a condição de oferecer um desconto tão acentuado quanto oferecemos nos colchões, camas, mesa e banho, que chegam até 60% de desconto real nas peças”, conta.
Charlys Menezes, dono da loja de moda praia e acessórios Maria Flor, localizada há 15 anos no Shopping Itaigara, diz que o período é uma oportunidade de vender a mercadoria que está parada há algum tempo. “Os produtos mais caros, que têm menos apelo, são comprados neste período, que representa um acréscimo de 10% nas nossas vendas.”
Os lojistas afirmam que o uso das redes sociais é essencial para alcançar esses resultados. “Divulgamos as promoções no Instagram e, se a pessoa quiser comprar, o aplicativo direciona para nossa equipe de vendas no WhatsApp. Nossa intenção é atender o cliente da melhor forma possível, deixá-lo satisfeito e comprando repetidamente”, relata Costa. Menezes, por sua vez, se preocupa em levar a experiência de bom atendimento na loja para o digital: “Nosso objetivo é aproximar cada vez mais o cliente, por isso recorremos, por exemplo, a fotos e vídeos de provador com as novas coleções.”
A receita é a mesma seguida pelas grandes marcas. Daniel Elias, lojista que trabalha no escritório do grupo Lacoste, estima um aumento de 5% nas vendas, comparada à Black Friday do ano passado. Ele conta que o WhatsApp é a principal ferramenta de divulgação sobre promoções das lojas, com atendimento personalizado. “Pelo status, o cliente sabe de promoções e novos produtos nas nossas lojas. Cada vendedora tem sua carteira de clientes, assim, conseguimos avisar que chegou uma novidade no perfil daquela pessoa e convidá-la a nos visitar. Também usamos inteligência artificial no nosso banco de dados, que tem informações fornecidas pelos clientes”. Elias diz que, apesar de algumas peças de lançamento não entrarem na promoção, a loja prepara ofertas para todo o mês de novembro, com descontos de até 50%.
“Motor de receita”
Com 148 milhões de usuários ativos no Brasil, o WhatsApp já é usado por 82% dos consumidores para falar com empresas e por 60% para concluir compras, segundo a Neotrust. Para Maurício Trezub, CEO da OmniChat, o aplicativo é hoje um dos canais mais estratégicos para vender na Black Friday. “No aplicativo, a taxa de conversão é até 10 vezes maior que no e-commerce tradicional. Quando IA, automação e equipe humana trabalham juntas, o WhatsApp deixa de ser SAC e vira motor de receita”, explica.
De acordo com Rogério Passos, CEO da Link3 Agência de Marketing Digital, um dos recursos mais eficazes são os gatilhos mentais, especialmente os de escassez. Mensagens como “promoção válida até dia 30” ou “últimas unidades disponíveis” estimulam a decisão de compra. Elementos visuais, como contadores regressivos de tempo no site, também ajudam a aumentar a conversão”, ensina.
Passos acrescenta que também é importante oferecer facilidades de pagamento e destacar as condições em todos os canais de comunicação, mas um ponto crucial é a transparência: “Só anuncie aquilo que você tem em estoque. Prometer e não entregar compromete a reputação da empresa nas redes e afasta futuros clientes”.
Os especialistas alertam que a Black Friday não deve ser tratada apenas como um momento de descontos, mas uma oportunidade de transformar compradores pontuais em clientes fiéis. “É o momento de coletar dados, como e-mail e telefone, e nutrir o relacionamento ao longo do ano. Uma régua de comunicação bem estruturada , com mensagens personalizadas, ofertas exclusivas ou cupons de recompra, mantém o cliente engajado e ativo”, diz Passos. Ele acrescenta que programas de fidelidade e benefícios exclusivos são excelentes ferramentas de retenção. E o mais importante: consistência. “Não adianta investir em comunicação apenas em datas sazonais. É preciso manter a marca presente e coerente o ano inteiro, para que o cliente se lembre dela mesmo o ano inteiro.”
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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