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Negócios aliam lucro e impacto social

Publicado domingo, 16 de junho de 2019 às 18:06 h | Atualizado em 16/06/2019, 18:08 | Autor: Fábio Bittencourt
Kiko é sócio da Euzaria e um ”embaixador” da causa social
Kiko é sócio da Euzaria e um ”embaixador” da causa social -

Conhecer a si mesmo; olhar para além do próprio umbigo e pensar na sustentabilidade de toda a cadeia; fazer o que gosta; e o não menos importante: ganhar dinheiro. Para quem nunca ouviu falar em empreendedorismo “consciente”, ou acha que é impossível aliar business e querer transformar pelo menos um pouco a realidade ao redor, precisa conhecer a história de quem resolveu abraçar uma causa, apostar em um nicho de mercado, e hoje faz bonito ajudando o próximo e ainda faturando algum.

Os interessados no assunto têm encontro marcado, em 20 de julho, quando acontece a terceira edição do Prospera Experience. O fórum, nacional, que acontece no Gran Hotel Stella Maris, em Salvador, segundo um dos idealizadores, o empresário Kiko Kislansky, tem o objetivo de despertar na prática “para uma nova forma de fazer negócios, mais consciente e regida por um propósito”, e para isso, claro, precisa contar com a ajuda de outros homens de negócios, entusiastas, líderes de organizações, colaboradores, estudiosos, toda a sociedade. Inscrições no endereço na internet prospera2019.com.

Kislansky é sócio-fundador do “movimento”, ou melhor, da marca de camisetas Euzaria Moda Consciente, conhecida por estampar mensagens positivas de um “mundo melhor” e por destinar parte do valor de cada peça comercializada a um projeto escolar voltado a jovens em situação de vulnerabilidade no município de Simões Filho, Grande Salvador. Com investimento inicial de apenas R$ 10 mil (mais R$ 10 mil do sócio), ele conta que, em dois anos e meio, o faturamento da empresa chegou a R$ 2 milhões.

“São mais de 45 mil pessoas impactadas pela iniciativa. A gente quer mostrar que é possível empreender com um propósito, por uma causa, sem que o lucro seja o único objetivo. Que tenha uma razão de ser, que desperte sobre isso, faça a diferença na vida das pessoas. Um negócio com responsabilidade, performance e resultado. Esse é um movimento que vem crescendo de forma exponencial, e o que me move atualmente”.

Aos 27 anos, Kislansky é um embaixador da causa. Idealizador da Cazulo Educação Corporativa e Transformação Empresarial, possui curso online na internet sobre “empreendedorismo com propósito”; é coach; palestrante; autor do livro Muita Alma nessa Hora – Lições para Empreender com Propósito (Voo, R$ 46); e tem diversas formações e vivências no exterior na área.

Um dos palestrantes do Prospera, cofundador do Instituto Capitalismo Consciente Brasil e CEO do Resolve Já – plataforma digital de resolução de conflitos –, Thomas Eckschmidt destaca que um estudo realizado com base no relatório de 87 grandes e “engajadas” empresas com participação na bolsa de valores dos Estados Unidos apontou que, no longo prazo, coisa de 20 anos, elas terão resultado sete vezes maior que a média de outras. E diz que ter uma causa clara: cultura responsável; liderança servidora e cuidar de todas as partes envolvidas em um ecossistema, são os pilares para um empreendimento consciente.

“Só se consegue um melhor resultado, quando todo o ecossistema prospera, pois todo mundo tem de perceber valor. Ninguém pode deixar de ganhar – o cliente, o fornecedor, o trabalhador. Por exemplo, a justiça que tarda, ela falha. O evento visa fomentar esse debate, trazer experiências na geração de prosperidade social, ambiental e econômica, pois tudo caminha junto. Senão entra em colapso. Os recursos para as empresas vêm do meio ambiente. O empresário que pensa no lucro no curto espaço de tempo, compromete a operação no longo prazo”, afirma Eckschmidt.

Autoconhecimento

Empregado por 15 anos em uma grande empreiteira arrolada pela Operação Lava Jato, o ex-engenheiro civil e agora fotógrafo, videomaker, professor de yoga, e dono da agência de viagens com “significado” chamada O Meu Lugar no Mundo, Samir Abud, 36, jogou tudo para cima ainda em 2015 e resolveu desbravar o mundo. A jornada de autoconhecimento durou três anos e passou por 21 países. No meio dela, descobriu que nada do que tinha conquistado até então o preenchia de verdade, inclusive o próprio casamento.

“Eu queria reorganizar a minha vida toda. Rever relacionamento, área de atuação profissional. O esquema casa-trabalho, as horas seguidas dedicadas à empresa, sentia que aquilo tudo estava falido. Era preciso descobrir outras formas de ganhar dinheiro, ter outro tipo de vida, outro modo de trabalho. E consegui descobrir em mim outras habilidades. Na minha palestra vou contar um pouco mais dessa história, falar da importância em fazer o que se gosta”.

“Quero oferecer uma espécie de guia nesse processo de mudança para quem procura isso. As coisas se encaixam quando você está fazendo algo por inteiro. A vida pede algum risco, e o saber lidar com o não saber é algo real. Chega de querer ter controle de tudo”.

Diretor da Cin - Capital Intelectual, empresa especializada em desenvolvimento de competências humanas e organizacionais, José Roberto Oliveira, um dos organizadores do encontro, diz que esta “é uma nova era das organizações”. “O mundo está mudado, as pessoas também. Empresas e pessoas estão cada vez mais precisando falar com o coração. E, veja, a regra hoje é bem simples: ou o seu negócio soma ou ele some”.

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