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19/06/2022 às 6:00 | Autor: Leonardo Lima*

EMPREGOS & NEGÓCIOS

Negócios segmentados se expandem e estão em alta no mercado

Segmentação é uma oportunidade de gerar valor para a marca, fidelizar os clientes e gerar potencial competitivo

Rachel e Rarye são sócias na Ravegana, confeitaria vegana
Rachel e Rarye são sócias na Ravegana, confeitaria vegana -

Buscar transformar seu negócio em uma referência dentro da sua área de atuação é um objetivo para muitos empreendedores e há algumas estratégias que podem ser aplicadas. Se especializar em um determinado nicho, ou seja, buscar uma segmentação nítida, é uma delas. Assim, conseguir se destacar no mercado é uma oportunidade de gerar ainda mais valor à marca, fidelizar os clientes e gerar um potencial competitivo.

Para começar, toda empresa possui um segmento de atuação, um tipo de serviço e produto que irá se dedicar a vender, seja roupas, cosméticos ou alimentação, e vai de cada gestor observar qual forma é mais interessante para trabalhar a estratégia do negócio. A gerente adjunta do Sebrae em Salvador, Siomara Guimarães, explica quais são os principais aspectos dos negócios que apostam em trabalhar com produtos mais específicos.

“O segmento é algo mais abrangente, então o nicho é como se fosse uma lupa disso, é uma fatia do segmento. Com essa estratégia você consegue se aprofundar naquele assunto, ser uma autoridade e assim segmentar melhor o público, conhecer mais quem é que compra de você”, indica.

Siomara destaca que o primeiro passo é observar quais problemas ainda não possuem soluções e pensar a partir disso: “Há uma estratégia cada vez maior de ser específico na área de atuação, então o grande desafio hoje é descobrir qual a necessidade que ainda não foi explorada no mercado ou que tenha uma demanda reprimida. Mas é óbvio que tudo isso perpassa pela viabilidade também, porque não adianta só ter a ideia, é preciso ter estudo para fazer", comenta a gerente do Sebrae.

E esse olhar é bom também para quem está começando a empreender, principalmente porque “não exige muito recurso, podem ser investimentos mais baixos e com maior probabilidade de dar certo. Até na própria estratégia de marketing, consegue descobrir melhor quem é a sua persona, ou seja, quem é o modelo do seu cliente ideal, aquele que irá comprar seus produtos e que gosta e se identifica com a sua marca”, contextualiza Siomara.

“E com o tempo o próprio cliente vai dizendo quais os produtos que ele tem mais afinidade e o mercado acaba pedindo isso das empresas porque com isso você cria mais capital e expertise naquele assunto. Para quem está iniciando agora, dá para se estabelecer nisso e depois de conhecer mais o funcionamento da área, conseguir ampliar”, orienta a gerente do Sebrae.

Um bom exemplo de empresas que apostam nessa estratégia são os salões especializados em determinados tipos de cabelos. Esse é o caso da Amávia Loiras (@amavialoiras), inaugurada no início de junho no Shopping da Bahia e a primeira da linha com esse foco em Salvador. Maria Quitéria, sócia do espaço, conta que decidir abrir o salão veio muito da vontade de sanar uma demanda crescente.

“Primeiro começamos a nichar com foco em cabelos cacheados e crespos, a loja da Amávia Afro tem um ano já. E agora queríamos um projeto com outros cabelos também específicos, os loiros e tingidos, que também são difíceis de serem cuidados. A maioria das mulheres já fizeram queixas porque o processo de descoloração, por exemplo, muitas vezes é feito sem cuidado, de maneira agressiva”, explica Maria.

Para a sócia, investir nessa estratégia é importante para entender tanto seu cliente, quanto o impacto que o negócio pode gerar. "As pessoas não têm noção do quanto é melhor nichar a querer fazer tudo. Até podemos ter serviços complementares, mas o nosso foco não pode deixar de ser o cabelo loiro saudável. Se o cliente quer descolorir o cabelo, ele se sente muito mais seguro em um lugar com produtos e profissionais especialistas nisso do que em qualquer outro lugar".

Surgimento da ideia

Maria é sócia  da Amávia Loiras, salão de beleza especializado
Maria é sócia da Amávia Loiras, salão de beleza especializado | Foto: Raphael Müller | Ag. A TARDE

Ela conta que foram cerca de dois anos de estudo para atuar nesse novo mercado: “Precisávamos ter uma formação técnica, contratamos pessoas especializadas e entendemos quais os produtos eram ideais. Quando falamos de segmentar, levamos em consideração que é algo que sempre vai estar sendo estudado”, ressalta a sócia da Amávia Loiras.

"Em Salvador, por ter um clima úmido e termos muitas mulheres que fazem procedimento clínico muitas vezes sem acesso a conhecimentos e produtos certos, fomos estudar isso. Queremos criar nossa tendência direto daqui de Salvador, direto do Nordeste, e não só importar de outras regiões. Precisamos valorizar os profissionais que temos aqui", defende Maria.

E foi por meio de uma necessidade própria que Rachel Carneiro criou a Ravegana (@raveganaconfeitaria), primeira confeitaria vegana com loja física de Salvador. Ela explica que “a ideia veio porque a cidade não tinha muita oferta de doces veganos que fugissem daquele padrão saudável de integral e sem açúcar. Eu queria ter a oportunidade de comer bolos semelhantes aos convencionais que eu comia antes”, conta Rachel, que é vegana.

“Comecei na casa da minha mãe, primeiro vendendo para amigos, depois para colegas da faculdade e, depois de participar de várias feiras, foi aumentando nossos clientes. Ano passado surgiu a oportunidade de abrirmos a loja física e de MEI fomos para microempresa”, diz Rachel, que estuda administração na Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Ela cuida da parte administrativa da empresa enquanto a sócia, Rarye Peret, fica mais responsável pela questão da culinária. Mas sobre a gestão da Ravegana, Rachel reforça: “Empreender já é um desafio no Brasil, mas empreender sem saber quem é seu público está totalmente errado. Atendemos pessoas veganas, vegetarianas e mesmo quem tem restrições a leite, por exemplo. E as pessoas gostaram de ter um cantinho assim em Salvador".

"Muitos chegam por indicação ou pesquisa orgânica no Instagram ou Google e já fazemos anúncios pagos para sermos mais assertivos, porque senão acabamos investindo dinheiro em uma propaganda que não traz tanto resultado. Mas hoje as pessoas já sabem o que é o veganismo, não precisamos dar uma aula toda vez”, explica Rachel.

E se estabelecer uma especialização e conhecer o seu público é algo bom para fidelizá-lo, é preciso ter uma visão ampla para acabar não afunilando demais. Antes do espaço físico, o primeiro objetivo de Rachel era vender brownies veganos: “Mas percebemos que talvez seria melhor algo com mais opções, porque os brownies já são muito nichado e veganos seria algo mais ainda, então poderia ser um pouco difícil entrar no mercado”, contextualiza.

A gerente adjunta, Siomara Guimarães, orienta que, para quem está começando, o ideal é procurar se especializar através de conteúdos gratuitos na internet. “Lá tem um mundo de informações acessíveis, conteúdos de qualidade e relevância de pessoas que sabem sobre determinados segmentos, então ali você consegue pegar um gancho”.

“É interessante ter acesso a esses conteúdos para ter informações, mesmo que mais rasas. Mas a partir daquilo você procura outras referências no mercado e se quiser se aprofundar mais, pode fazer investimento com um curso de alguma pessoa que é referida no assunto”, aconselha a gerente do Sebrae.

Outra dica fundamental é gostar de verdade daquilo que irá se aprofundar, até para ter mais facilidade nos estudos. “Muitas vezes têm a dificuldade de entender no que se aprofundar, mas isso vai da afinidade e da aptidão. Por isso é preciso conhecer o mercado em que quer atuar”, indica Siomara.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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