EMPREGOS & NEGÓCIOS
Número de jovens que fazem intercâmbio cresce 20%
Por Natália figueiredo* | Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE
Muitos brasileiros estão buscando oportunidades no exterior, tanto de estudo quanto de trabalho. Este fator contribuiu para o crescimento do mercado brasileiro de educação internacional no ano passado. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Agências, o número de estudantes embarcando para fazer intercâmbio subiu para 20,46%, em 2018, o que significa que passou do total de 302 mil brasileiros para 365 mil.
Professora de inglês há 27 anos, Jussara Gouveia morou durante três anos nos Estados Unidos. Ela destaca que saber o idioma é essencial nos dias de hoje e conta que muitas empresas já exigem domínio de até duas línguas em suas entrevistas de emprego. “A melhor forma de aprender um idioma é conviver com ele diariamente”, orienta Jussara.
Mesmo em tempos de crise no Brasil, o intercâmbio ainda é incentivado por professores e instituições, como é o caso da Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil (Abipe). Renata Sztokbant, gerente de mobilidade internacional da Abipe, afirma que o intercâmbio não é um gasto, mas sim um investimento para o futuro.
Identificação é essencial
Para a professora Jussara, morar fora do Brasil é uma experiência de crescimento pessoal e profissional. “O melhor país é aquele com que você se identifica mais. Tem que gostar e identificar com a história e cultura do local. Não basta falar uma língua estrangeira, tem que saber sobre a cultura local, para inclusive saber utilizar a língua”, aconselha.
Em maio de 2015, Rodrigo Barroso foi demitido de uma empresa automotiva e decidiu fazer um curso de inglês na Irlanda. Com isso, ele obteve o visto de estudo e trabalho e percebeu que poderia se estabilizar no país e buscar oportunidades a médio prazo. Atualmente ele está no terceiro semestre da faculdade de business e trabalha como barman em um pub em Dublin, capital da Irlanda.
“Eu sou muito feliz no meu trabalho aqui, mas o meu objetivo é conseguir um trabalho na minha área ou na área em que estou me formando. Voltar para o Brasil está fora dos meus planos, principalmente depois do resultado da última eleição”, diz Rodrigo. Ele fala que pretende retornar daqui a cerca de dez anos, estruturado financeiramente.
Existem muitas formas de fazer um intercâmbio, como curso de idiomas, estudo e trabalho e high school (em português: ensino médio).
Aos 16 anos, Maria Clara Pedreira realizou um intercâmbio de um ano para a França. “Foi a melhor experiência da minha vida em questão de crescimento intelectual, conheci uma nova língua, novas pessoas, pude notar os contrastes entre a cultura brasileira e a francesa”, conta ela.
Ao retornar ao Brasil, Maria Clara decidiu que queria fazer faculdade de relações internacionais. “A importância de saber outro idioma vai além do idioma em si, é mergulhar em outra cultura e, a partir disso, estar mais aberto ao conhecimento. É um grande facilitador para um mundo que a gente vive hoje, que está cada vez mais globalizado”, comenta Maria Clara.
A pesquisa da Belta também revela que os destinos mais procurados são Canadá, EUA, Reino Unido, Irlanda, Austrália e Malta. O estudante de medicina Tiago Barbosa fez um intercâmbio de dois meses para o destino número um da lista. Ele conta que o sistema de transporte, as belezas naturais, a organização e a saúde pública foram os fatores que mais chamaram sua atenção em Vancouver.
O estudante gostou tanto da experiência que pretende terminar a faculdade e se mudar para o exterior. “O que mais me motiva é a qualidade de vida e poder exercer a minha profissão com todos os recursos que ela oferece”, explica Tiago. Ele também acrescenta que não foi só inglês que aprendeu. “Eu aprendi em dois meses mais do que eu poderia aprender em uma vida aqui no Brasil”, enfatiza.
A Belta salienta que entre os aspectos que levam o estudante a optar por um destino é o câmbio favorável, em primeiro lugar, ser um país anglofalante, em segundo lugar, e que o local tenha qualidade de vida, terceiro lugar.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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