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Pequenos empresários revelam estratégias para superar dificuldades na pandemia

Publicado sexta-feira, 18 de junho de 2021 às 06:00 h | Autor: Amanda Souza
Fábio Alves, produtor de licores artesanais, conta que as vendas em 2020 foram superiores às desse ano
Fábio Alves, produtor de licores artesanais, conta que as vendas em 2020 foram superiores às desse ano -

Como já perguntava a cantora Clara Nunes: “Bolo de milho, broa e cocada. Eu tenho pra vender, quem quer comprar?”. É assim que os comerciantes que trabalham com produtos juninos estão em 2021 com a suspensão da festa, mais uma vez, por conta da pandemia: buscando quem queira comprar.

Período de vendas aquecido pelas festas de São João, o mês de junho deste ano é mais um desafio para quem investe em produtos e comidas típicas. É o caso de Fábio Alves, produtor de licores artesanais. A marca “Seu Zé”, em homenagem ao pai já falecido, nasceu há seis anos.

A fabricação de licores faz parte da vida de Fábio, que via, desde pequeno, a mãe produzir para vender em Alagoinhas, onde moravam. Anos depois, ele conta que, mesmo no auge da pandemia, as vendas ano passado foram excelentes; esse ano, nem tanto.

“Por incrível que pareça, em 2020 eu tive uma demanda muito alta. Esse ano está modesto, mas não está ruim”, conta. “Mas eu levo em consideração o fato de que, no ano passado, houve um período de confinamento mais rigoroso e havia auxílio emergencial para uma parte maior da população", completa Fábio.

Além do impacto nas vendas, o produtor tem enfrentado ainda outras dificuldades trazidas pela crise sanitária, como a escassez de alguns materiais e alta nos preços da matéria prima.

“O vidro ficou escasso, então precisei trabalhar com garrafas de plástico também”, conta. Outro fator que pode impactar as vendas de Fábio é o decreto estadual de restrição da venda de bebidas alcóolicas durante o período junino. E é pensando nisso que já tem uma galera se adiantando para comprar. “As pessoas anteciparam um pouco as compras, a demanda está bacana”, contou.

Além do produtor autônomo, quem também está buscando se reinventar nesse cenário são as lojas que trabalham com bolos e comidas tipicamente juninas. No Politeama, em Salvador, a D+ Doces entrou na moda das “festas na caixa” para trazer uma novidade no São João.

De acordo com Samuel Cunha, gerente geral da loja, o objetivo é que as pessoas possam matar as saudades da festa. “Nós bolamos um kit com porções individuais para que as pessoas recordassem das suas experiências de São João”, conta. A caixa reúne um pouco de cada delícia da festa junina: bolo, balinhas de jenipapo, canjica, mungunzá e outras opções.

Mesmo com a novidade, a diferença na saída dos produtos é notável. “Sem pandemia temos um volume muito maior de vendas, da procura do bolo junino para tomar café. Infelizmente, em comparação, está muito abaixo do que a gente esperava”. destaca.

Assim como Fábio, Samuel também tem sentido o peso no bolso quando o assunto é mercado. “A gente tem que fazer muita matemática para que esse aumento não seja repassado aos clientes e a gente deixar de vender”, explica.

Redes

Com as vendas num ritmo diferente do habitual, a saída é trabalhar melhor o canal de vendas e divulgação através das redes sociais. Seja para quem produz sozinho, seja para uma loja com mais tempo de mercado, a internet virou um funcionário importante.

Na D+ Doces, Samuel conta que a solução foi investir. “Precisamos pagar o tráfego”, contou sobre o pagamento para impulsionar publicação, que atinge mais pessoas na conta @dmaisdoces. “A gente tenta publicar na linha mais real possível”, completou.

Fábio conta que precisou usar o instagram na pandemia. “Antes disso sempre foi no boca a boca”, conta. Na rede social, o perfil @seuzelicor passou a ser mais cuidado. “O foco de tirar fotos, vídeos e inventar sabores veio em 2020”, conta.

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