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Salvador é a 6ª melhor cidade do Nordeste para empreender

Nos 474 anos da capital baiana, empreendedores da cidade contam suas experiências

Publicado domingo, 26 de março de 2023 às 06:00 h | Autor: Júlia Isabela* e Inara Almeida*
Lis abriu negócio no Lobato:“Sempre quis montar na Suburbana”
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A cidade de Salvador é a sexta colocada entre as cidades do Nordeste no que diz respeito aos melhores municípios para se empreender, segundo o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) de 2022, realizado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap).  

Em comemoração aos 474 anos da capital baiana, que faz aniversário no dia 29 de março, empreendedores da cidade relatam suas experiências e as vantagens de se ter um negócio localizado em Salvador. 

Além de ficar em sexto lugar na comparação com as cidades nordestinas, entre as 101 analisadas no total, Salvador ficou na posição 39º dos melhores municípios empreendedores do Brasil, e em 18º entre todas as capitais participantes no estudo. 

O Índice de Cidades Empreendedoras do Enap apresenta uma análise geral dos 101 maiores ecossistemas locais de empreendedorismo no Brasil, podendo ser um norte para que empreendedores façam as melhores escolhas possíveis para seus negócios e possam saber onde estão as oportunidades mais convenientes para cada um. O estudo serve também para apontar de que maneira esses locais podem criar melhores condições para o desenvolvimento do empreendedorismo.

“O ICE é composto de sete determinantes cruciais à atividade empreendedora. Após o cálculo de cada um deles, pesos são atribuídos pelo método estatístico de análise de componentes principais baseado na variabilidade dos dados de cada um dos determinantes”, explica Arnaldo Mauerberg Jr, um dos pesquisadores do Enap que elaborou o ICE 2022.

A análise do ICE é feita a partir de sete determinantes, são eles: Ambiente Regulatório, Infraestrutura, Mercado, Acesso a Capital, Inovação, Capital Humano e Cultura Empreendedora. 

Esses critérios foram os considerados mais importantes para o universo do empreendedorismo. No que tange a classificação geral em cada um deles, Salvador ficou em 30º em Ambiente Regulatório, 23º em Infraestrutura, 63º em Mercado, 18º em Acesso a Capital, 46º em Inovação, 65º em Capital Humano, e 19º em Cultura Empreendedora.

“Dos sete determinantes do ICE, Salvador se sai melhor em Cultura Empreendedora (19º) e  Infraestrutura (23º). Alguns determinantes possuem características de longo prazo. Por exemplo, alterações na política educacional local irão refletir no determinante capital humano em um período mais longo, ao passo que alterações em questões tributárias gerarão impactos no determinante ambiente regulatório de forma muito mais rápida. As cidades devem estar atentas para atuar em melhorias tanto de curto quanto de longo prazo”, diz Mauerberg. 

O pesquisador também ressalta que para melhorar sua classificação geral, a capital baiana, visando uma melhoria em curto prazo, deve focar nas questões tributárias e de regulação, e no que envolve uma melhoria a longo prazo, na questão do capital humano, da infraestrutura e da inovação. 

Escolha do bairro

Mauerberg ainda dá orientações para que empreendedores escolham bem seus pontos físicos, já que a escolha do bairro é fundamental para o sucesso de um negócio. “O empreendedor deve fazer uma análise das condições locais onde pretende iniciar seu negócio. Os diferentes bairros de uma cidade possuem características próprias que irão influenciar no desempenho, sendo os mais importantes a infraestrutura de logística e o mercado consumidor. Questões tributárias envolvendo leis de zoneamento também devem ser observadas na escolha do local”, pondera o pesquisador.

Em Salvador, o que não falta são localidades diversas que apresentam vastas possibilidades de pontos físicos para os empresários da cidade, dependendo do que se procura e de qual o segmento do negócio. Desde 2020, a capital conta com 170 bairros oficiais. 

Uma das regiões mais clássicas da cidade é a Barra, bairro famoso pelo seu teor turístico, sendo um grande atrativo para a abertura de negócios variados. Uma boa carne acompanhada de uma cerveja ou drink bem gelado já é uma programação perfeita; de frente para o mar, então, torna-se imbatível. Foi pensando nisso que os sócios Fernando Oliveira e Daiane dos Santos Silva resolveram abrir a Street Barbeque (@streetbbq_ssa), na Barra, há três meses.

O negócio gastronômico foi pensado para oferecer uma experiência completa ao cliente. Além da Parrilla Argentina, novidade no bairro, o ambiente descontraído e em frente ao mar dão um toque a mais.

De acordo com Daiane, a Barra foi uma escolha estratégica, por atrair muitos turistas. Além disso, a região tem crescido e se tornado cada vez mais atrativa para novos empreendimentos, segundo Fernando.

“A Barra tem crescido muito, tem tido uma especulação imobiliária grande e muitas unidades novas aparecendo, vários prédios e negócios. Por isso, decidimos abrir o nosso segundo negócio lá”, diz o empresário, que já tem outro empreendimento no bairro, a cafeteria Santa Clara, ao lado do Farol da Barra.

Daiane dos Santos é sócia do Street Barbeque
Daiane dos Santos é sócia do Street Barbeque |  Foto: Raphael Muller | Ag. A TARDE
  

Outros bairros têm menos “nome” na cidade e se tornam escolhas menos óbvias para a abertura de empreendimentos, mas crescem cada dia mais e seus negócios são fortes perante a comunidade local. São os casos do Imbuí e do Lobato. 

Lis Cazais é proprietária de um studio de micropigmentação de sobrancelhas (@studioliscazais) no Lobato. Ela relata que montar um negócio na região do Subúrbio sempre foi seu desejo. 

“Sempre quis montar meu studio na Suburbana e sempre foquei em ter meu estabelecimento aqui.  Eu ouvi das próprias pessoas do Subúrbio que meu studio era “bonito demais” pra estar aqui, mas eu acredito que meu subúrbio merece bons profissionais, serviços de qualidade e locais bonitos e acolhedores para não somente pessoas dessa região, mas de toda a cidade. Eu atendo pessoas de todos os lugares de Salvador e interior da Bahia, e independente de onde elas vêm o padrão no atendimento será o mesmo”, ressalta. 

Lis diz também que o mercado de estética cresceu muito nos últimos anos e o número de profissionais que atuam na área aumentou bastante. “Aqui na Suburbana tem muitos studios do meu segmento, mas nunca me intimidei com esse fato, pelo contrário, acredito que isso faz com que as pessoas valorizem cada vez mais nosso bairro e os profissionais”. 

Já Gabriela Estrela é dona da Kathuca Tortas (@kathucatortas), no Imbuí. A empresária conta que o bairro também vem crescendo muito nos últimos anos, ficando mais populoso, o que facilita para que ele se torne um ponto atrativo para os negócios.  

abriela Estrela, proprietária da Kathuca Tortas, no Imbuí
abriela Estrela, proprietária da Kathuca Tortas, no Imbuí |  Foto: Divulgação
  

Na visão de Gabriela, a maior vantagem de se empreender em Salvador é que as pessoas da cidade estão sempre buscando experiências novas. “Eu acho que Salvador é uma cidade muito boa para você empreender porque é uma cidade de serviços, as pessoas gostam muito de sair, gostam muito de consumir, gostam de experimentar coisas novas”.

“Então nesse aspecto, a gente tem uma loja que sempre tenta ofertar várias coisas de forma diferente, temos mais de 60 sabores de torta tanto doce quanto salgadas. Nós fazemos festivais de torta para esses vários sabores justamente porque a gente sabe que é um público que gosta de novidade, que gosta de consumir. Sempre que tem algo diferente, a gente percebe isso, não é mais do mesmo, até porque é uma cidade com uma gama muito grande de opções. Então as pessoas sempre estão procurando por algo novo”, comenta a empreendedora

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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