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EMPREGOS & NEGÓCIOS

Varejo deve crescer 10% com Copa do Mundo, Black Friday e Natal

Sindilojas projeta aquecimento das vendas em semestre com eleições e calendário farto

Por Ruan Amorim*

10/07/2022 - 5:00 h
Depois de quase fechar a Negga Chic Modas na pandemia, Eugênia espera faturar 20% mais até o final do ano
Depois de quase fechar a Negga Chic Modas na pandemia, Eugênia espera faturar 20% mais até o final do ano -

O segundo semestre de 2022 se mostra um momento de alta temporada para o comércio baiano por causa de eventos e comemorações sazonais que movimentam a economia do estado.

Segundo projeção do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), as vendas do setor devem crescer 10% neste período do ano, em que se concentram datas como o Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal, Black Friday, além de ser a época de realização da Copa do Mundo.

Para o presidente do Sindilojas, Paulo Motta, os últimos seis meses do ano serão movimentados em termos econômicos, uma vez que, para além dos acontecimentos comerciais, o processo eleitoral traz circulação de recursos para a Bahia. “Então, são muitos os fatores que apontam para um crescimento no campo do comércio. Sendo assim, a gente torce para que a atividade econômica se mantenha consistente mesmo com esse aumento de casos da Covid. Esse semestre é de boas perspectivas para o mercado”, diz Motta.

Boom

Nesse contexto, muitos empreendedores já estão de olho no possível boom comercial e planejam estratégias para não deixar o fomento econômico no setor passar em branco. É o caso da administradora e proprietária da loja de vestuário Negga Chic Modas, Eugênia Oliveira, 33, que estima um aumento entre 10% e 20% nas vendas dos produtos.

“Iremos nos preparar com campanhas direcionadas ao nosso público, brindes personalizados, e aumentando o nosso estoque em 20%. Além disso, vamos usar as redes sociais para potencializar ainda mais nossas vendas”, afirma a empresária.

Segundo Eugênia, as expectativas para o segundo semestre são boas, pois o momento agora é de retomada do comércio, “que na pandemia entrou em uma fase difícil por causa das restrições sanitárias que impediram o funcionamento presencial do segmento”.

No período, para o empreendimento sobreviver, a administradora conta que passou a se engajar mais nas mídias sociais e acumular funções. Ela foi social media, modelo das roupas, responsável por fazer pedido da mercadoria, separar e enviar para os clientes.

“Logo quando a crise sanitária estourou, tivemos que fechar a loja física que havíamos aberto há pouco tempo. Tínhamos investido mais de R$ 80 mil e fomos obrigados a fechar as portas. Com isso, foi necessário se reinventar. Lembro que por conta do lockdown levei o estoque pra minha casa e passei a vender somente pelo Instagram e WhatsApp. Isso foi o que eu fiz para não encerrar o funcionamento do negócio de vez. De qualquer forma, agora com a flexibilização, vejo que as coisas tendem a melhorar”, analisa Eugênia.

Quem também considera o segundo semestre atrativo e positivo para o varejo é o gerente da loja Casa Esportiva, que comercializa artigos esportivos na Pituba, Anderson Jesus, 38. De acordo com ele, os vários eventos da época vão movimentar o comércio varejista, o que é essencial em um cenário de inflação alta. E diz buscar se preparar para isso.

“Acreditamos que a melhor maneira de nos prepararmos para aproveitar essas datas diz respeito a oferecer os melhores produtos e serviços. O nosso atendimento e a variedade de itens são os pontos fortes da nossa loja, pois conseguimos oferecer uma grande gama de artigos nos segmentos esportivo e vestuário, esse é o nosso diferencial. Além disso, não podemos deixar de oferecer promoções que possam atrair ainda mais clientes para a nossa loja”, destaca o gerente.

Para a Casa Esportiva, a Copa do Mundo é o ponto alto para o negócio. Segundo Anderson Jesus, a competição, que acontece este ano de 21 de novembro até 22 de dezembro no Catar, se relaciona diretamente com o que é comercializado na loja, o que tende a impulsionar as vendas.

“Sendo assim, vamos apostar em produtos voltados para a Copa, como camisas de seleções, acessórios, etc. Essa competição inspira várias pessoas, então vamos trabalhar para que nossos clientes tenham acesso aos produtos tão desejados”, afirma Jesus, que também diz que a grande gama de datas comerciais traz desafios.

Desafios

Para o gerente da Casa Esportiva, com a Copa acontecendo próximo ao período da Black Friday e Natal, duas datas tradicionais no varejo, um obstáculo é conseguir atender as demandas e as particularidades de cada data. Apesar disso, ele estima crescimento de 12% das vendas em relação ao primeiro semestre e diz o que é “essencial”.

“Ter o produto certo na hora certa. Para isso, é necessário se planejar, pois com a alta do dólar, o nosso maior desafio é fazer com que nossos fornecedores atendam nossa demanda para que a gente também atenda às necessidades de nossos consumidores”, fala ele.

Para além do segmento esportivo e de vestuário, o alimentício também espera prosperar nesse segundo semestre. Advogada e franqueada da Caracol Chocolates, em Lauro de Freitas, marca que trabalha com uma linha nobre de chocolates artesanais, Leina Lucena acredita que o Natal será a época de principal impacto nas vendas da sua franquia. Por essa razão, muitas estratégias serão feitas para captar os clientes na data.

Planejamento

“Para o Natal de 2022 serão lançados novos produtos, assim como daremos nova roupagem aos doces existentes, e que já caíram no gosto dos consumidores. Com isso, teremos uma grande variedade de produtos, dos mais simples aos mais rebuscados, com diversos valores, sabores e acessíveis para todos”, ressalta Leina.

Embora o Natal seja o ponto forte para o comércio de chocolate, pensar táticas para fomentar a saída dos produtos nos outros momentos sazonais também é importante. Para o Dia dos Pais, que é comemorado em 14 de agosto, Leina diz que, “além de embalagens temáticas, prepara também uma promoção na qual o cliente que realizar uma compra ganha um brinde para complementar o presente”.

A empresária conta também que foi em meio à pandemia que passou a ser franqueada da Caracol Chocolates. Isso, por sua vez, acarretou em dificuldades, visto que todo o movimento econômico foi afetado pela crise sanitária. Leila pensa em datas comemorativas como “alternativas para engajar o setor de comércio e trazer rentabilidade para os empreendedores”.

“Nesses momentos, em que as pessoas buscam algo especial para presentear, temos a oportunidade de trabalhar um pouco mais nossas opções vestindo os produtos com o tema da campanha. Tudo isso em prol de captar clientes e fomentar, de fato, o negócio”, diz.

Para aproveitar o segundo semestre da melhor forma possível, a especialista em pequenos negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Rosangela Gonçalves, aconselha os empreendedores a montar um plano de marketing sazonal.

Segundo Rosangela, para conseguir usufruir das vantagens comerciais que o segundo semestre proporciona, um planejamento a longo prazo é o ideal.

“A antecedência é muito importante, pois é necessário o empreendedor analisar todos os pontos da empresa, como o que vai fazer, o estoque, a entrega e o atendimento. Quanto mais a pessoa planeja, mais ela consegue aproveitar a data de uma maneira eficaz, com retorno. Outro ponto importante para o alcance de bons resultados é a segmentação do público. Isso porque tem datas comemorativas que tem como foco um certo nicho. Então, isso é importante para entender o que o público busca”, orienta Rosangela.

*Sob supervisão do jornalista Fábio Bittencourt

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