FETICHE SEXUAL
Tapa, mordaça e gozo: o sexo que você julga pode ser mais seguro que o seu
Dia Mundial do BDSM é celebrado nesta quinta-feira, 24
Por Franciely Gomes e Edvaldo Sales

Os adeptos ao BDSM podem comemorar, pois nesta quinta-feira, 24, é celebrado o Dia Mundial da prática sexual, que significa Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão e Sadomasoquismo. O termo é um guia que reúne uma série de fetiches consensuais que envolvem jogos de poder, exploração de sensações e fantasias.
Apesar da prática existir desde a década de 70, o termo ganhou ainda mais popularidade no Brasil em 2015, quando o filme “Cinquenta Tons De Cinza” foi lançado. Na trama, o personagem principal, conhecido como Christian Grey, procura uma parceira para ser sua submissa, fazendo com que ela aceite ser amarrada e agredida com chicotes e tapas.
Segundo um estudo feito por um aplicativo de relacionamentos fetichistas, o KinD, o Brasil ocupa o sexto lugar entre os países que mais procuram parceiros adeptos a este tipo de relação. O topo do ranking é liderado pelos Estados Unidos e pelo Canadá, seguidos por Alemanha, Austrália e Índia.
Pensando nisso, a reportagem do Portal A TARDE conversou com a Educadora Sexual Raquele Carvalho para entender mais sobre a prática e desvendar os tabus em torno dela, revelando o que é perímetro ou não.
Consentimento acima de tudo
Apesar de ser um fetiche de dominação e submissão, o BDSM só é realizado com consentimento dos parceiros durante o ato sexual. Raquele explicou que a conversa é o ponto inicial e os limites precisam ser bem estabelecidos.
“A base de qualquer prática do BDSM é o consentimento claro, o respeito aos limites e a comunicação aberta. Não existe BDSM sem conversa. Antes de qualquer coisa é essencial que todos os envolvidos estejam de acordo com o que vai acontecer. Isso inclui combinar o que pode ser feito, o que não pode, o que desperta prazer e o que é gatilho”, disse ela.
“O seguro é que as práticas devem ser de forma que evitem danos reais. Precisa de conhecimento, técnica e cuidado. Todas aquelas pessoas envolvidas devem estar em plena consciência e emocionalmente preparados. Tudo deve ser acordado entre as partes, sem pressão, imposição ou manipulação. Porque também, se não for consensual, não é prazer, né?”, reforçou.
A educadora ainda ressaltou a importância da criação de uma palavra de segurança para encerrar o ato no momento que for acionada. “Uma coisa muito comum é o uso de uma palavra de segurança, que é uma palavra combinada e que, se ela for dita durante a prática, indica que algo precisa parar imediatamente. É uma forma muito clara e respeitosa de garantir os limites”, explicou.
“O autoconhecimento é importantíssimo, porque você precisa de fato conhecer os seus desejos e conhecer os desejos dos outros. Eu diria para as pessoas começarem com calma, pesquisando tudo direitinho sobre a prática e ir descobrindo aos poucos exatamente o que te dá prazer, como o toque pode te excitar e estimular ainda mais o que desperta o corpo e a mente”, finalizou.
Itens mais usados na ‘hora H’

A prática BDSM também envolve o uso de diversos objetos para apimentar a relação sexual e dar ainda mais prazer aos envolvidos. Dentre os mais comuns estão cordas, chicotes, vendas e mordaças.
“Dentro do universo do BDSM, os acessórios são aliados do prazer, da fantasia e da conexão entre os envolvidos e o bom é que muitos deles não precisam ser caros nem sofisticados. Se a pessoa tiver criatividade, intenção, conhecimento do que de fato desperta prazer e o consentimento dos envolvidos, vai ser muito bom de se explorar e pensar em possibilidades”, afirmou Raquele.
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Ela ainda listou os acessórios mais usados pelos praticantes. “Alguns dos mais comuns são as algemas e cordas usadas para contenção ou imobilização, no caso do bondage, que trazem aquela sensação de entrega, controle e de vulnerabilidade consensual. Já a venda para os olhos cria o mistério, a surpresa e aumenta o prazer”, disse.
“Chicotes e palmatórias também são usados para estímulos físicos, como tapas leves ou toques mais intensos, sempre na base do cuidado e da negociação. Mordaças para quem curte silenciar a fala e explorar a entrega de outra forma. Colares e guias são muito usados em dinâmicas de dominação e submissão. Cintos, prendedores, velas, plumas, vibradores. Tudo pode virar um instrumento de prazer quando usado com intenção e respeito”, concluiu.
Fim do tabu?
Apesar de ser falado com mais frequência na mídia e em produções audiovisuais, o BDSM ainda é um tabu na sociedade. Durante a entrevista, Raquele ressaltou que o prazer sexual precisa ser normalizado e não demonizado.
“Tudo que envolve prazer sexual é tabu. A gente vive numa sociedade que foi ensinada a ter medo do prazer, culpa do desejo e vergonha de explorar o próprio corpo. Então, se no que é considerado como sexo tradicional as pessoas ainda têm muitos tabus, imagina quando é algo que quebra essas regras. Vai ser visto com estranhamento e também com preconceito”, explicou.
A profissional ainda ressaltou que a prática do BDM vai além da violência. “Muita gente ainda associa BDSM à violência, ao abuso, à perversão, o que é um erro. O BDSM, quando feito de forma consensual, é sobre respeito, cuidado, entrega e liberdade sexual”, afirmou.
Apesar do preconceito, ela afirma que vê uma mudança significativa na aceitação do público. “Eu acredito que isso tem mudado, porque cada vez mais pessoas estão se permitindo vivenciar experiências mais livres. Então, quando pinta aquela curiosidade vão buscar informação nas redes sociais. Falar sobre isso, como a gente está fazendo aqui, já é um passo enorme para tirar o BDSM da sombra e trazer pra luz com verdade, consciência e prazer”, encerrou.
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