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Ações facilitam o escoamento e navegabilidade no Porto de Salvador

Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Salvador está apto a receber navios de 366 metros

Publicado sábado, 25 de maio de 2024 às 00:02 h | Atualizado em 27/05/2024, 10:07 | Autor: Miriam Hermes
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Com calado capaz de receber navios cargueiros gigantes, a Baía de Todos os Santos (BTS) é a maior do Brasil e segunda maior do mundo para as atividades portuárias, o que permite aos empresários baianos condições de competitividade vantajosa sobre outras regiões do país.

Um passo importante nesta direção foi dado com utilização de moderna tecnologia para orientar as grandes embarcações no percurso dentro da baía e a modernização/ampliação do Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Salvador, que já está apto a receber navios da classe 366 metros. Com profundidade suficiente da boca da baía até próximo do terminal, uma dragagem em cerca de 1 km deverá melhorar ainda mais a navegabilidade no local.

Único com estrutura para carga e descarga de contêineres do estado, o Tecon é administrado pela empresa de logística Wilson Sons e já abriu as conexões diretas para viagens de longo curso para as maiores embarcações deste segmento em circulação no mundo. Economista da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Danilo Peres pontuou que os trabalhos executados no terminal nos últimos cinco anos terão um impacto positivo, principalmente na redução de custos para escoamento da produção.

Produtos tipo exportação originados de regiões como o Oeste baiano durante anos tiveram que ser transportados por meio de caminhões e carretas para o Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Estas viagens têm em média o dobro da distância entre as áreas produtoras e Salvador, estimada em 900 km, o que sempre encareceu gastos com fretes e reduziu competitividade.

Peres citou que os demais portos da BTS, o Aratu e o Cotegipe, são graneleiros e fazem o transporte dos produtos soltos, reforçando que ambos “também estão recebendo investimentos gigantes para se adequar”. O Aratu foi recuperado e modernizado para escoar principalmente granéis sólidos, produtos líquidos e gasosos, como minérios e petroquímicos. Já o Porto de Cotegipe, antigo Dias Branco, foi especializado e está sendo ampliado para escoar grãos, notadamente a soja produzida nos municípios do Oeste.

“Atualmente a Bahia está na vanguarda no modal portuário e esta modernização vai dar competitividade à produção do estado”, afirmou, acrescentando que 90% dos produtos destinados ao mercado internacional são escoados por via marítima. Lembrou ainda que em Ilhéus está em construção o Porto Sul, que no início da operação deve escoar minério de ferro.

Vice-presidente da Fieb e presidente do Conselho de Infraestrutura da federação (Coinfra), Murilo Xavier ressalta a relevância do setor portuário e demais modais do estado, não apenas pela diversidade econômica e condições favoráveis da baía, mas também pela posição estratégica da Bahia.

Otimista, ele destaca que os trabalhos já realizados na infraestrutura de transportes atraem novos investimentos ao estado, destacando a importância dos setores produtivos atuarem em conjunto neste sentido e reforçando a necessidade dos investimentos na interligação dos modais.

Com sua trajetória de vida dedicada à temática, Murilo Xavier pontua que a competitividade da indústria baiana está atrelada ao escoamento da produção, sendo a integração dos modais necessária “para que o trabalho não se perca com a logística ineficiente”. Entre as rodovias, apontou como principais as BRs 101, 116, 030 e 242, que precisam de intervenções para melhorias e modernização, visando facilitar o tráfego e aumentar a segurança.

FERROVIAS EM FOCO

Ideais para percursos acima de 500 km, as estradas de ferro são importantes para as indústrias, dentre outras atividades econômicas. No estado está em construção a Ferrovia da Integração Oeste Leste (Fiol) com lotes em construção entre Barreiras e Ilhéus.

No entanto, enquanto a ligação do Oeste ao Sudoeste baiano ainda depende de edital para selecionar empresa que vai assumir a finalização dos trabalhos, a perspectiva de conclusão é vislumbrada no trecho que vai ligar o litoral com Caetité, para escoar minério de ferro da Bamin. A empresa do ramo da mineração ganhou a licitação para terminar este trecho da ferrovia e construir o Porto Sul.

O percurso do terceiro trecho desta ferrovia, que originalmente seria para Figueirópolis (TO), vem sendo debatido entre setores produtivos e o Ministério dos Transportes, considerando que, de Barreiras para Mara Rosa (GO), a Fiol interliga a região produtora de Lucas do Rio Verde (GO) com o litoral baiano e a Bahia com a Ferrovia Norte/Sul.

Implantada na Bahia a partir de 1853, a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), que liga Salvador a Juazeiro, Salvador a Recife e Salvador a Minas Gerais/Sudeste e Sul do Brasil, está sucateada e não tem condições de receber trens modernos, pela incompatibilidade entre a bitola usada atualmente e a instalada.

“Está muito precária”, disse Xavier, lembrando que por isso é sub-utilizada. O estado cobra na Justiça que a concessionária faça a recuperação e outras obras previstas no contrato da concessão, para que a estrada possa receber novos veículos e cumprir a finalidade de integração entre diferentes regiões. Neste contexto e dentro da proposta de potencializar a capacidade ferroviária, um novo traçado para ligar a região de Jequié a Salvador está em estudo.

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