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MEIO AMBIENTE

Fieb e Sebrae apoiam o setor empresarial na consciência ambiental

Confira o caderno especial desta quarta

Por Letícia Belém

05/06/2024 - 2:50 h
Imagem ilustrativa da imagem Fieb e Sebrae apoiam o setor empresarial na consciência ambiental
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Existem três principais motivos que levam as organizações a adotarem práticas ambientalmente corretas. Um é a imposição desse dever pelas leis, normas e regulamentações, a exemplo do licenciamento ambiental, e as sanções derivadas do descumprimento das obrigações.

O segundo é a pressão social do mercado consumidor, que passa a exigir que as empresas adotem posturas ambientalmente relevantes e que ofereçam produtos e serviços sustentáveis, sob o risco de perder os clientes para a concorrência.

O terceiro motivo são os impactos negativos significativos vindos da falta de cuidado com as questões ambientais e sociais que possam afetar as finanças organizacionais. É pelo bolso que muitas empresas adquirem uma consciência ambiental de preservação dos recursos naturais de forma responsável e necessária para continuarem a existir neste mundo, com mudanças internas e externas efetivas de comportamento.

O pacto global da ONU afirma que não existe mais lugar na Terra para empresas que não praticam o desenvolvimento sustentável. É o que acreditam a coordenadora de Meio Ambiente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Márcia Suêde, e a gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Arlinda Negreiros.

A Fieb é um agente indutor de sustentabilidade junto às indústrias baianas e incentiva a adoção das boas práticas ESG para nortear a gestão estratégica de todas as empresas através do uso racional dos recursos naturais, do aumento da produtividade e competitividade, e da melhoria da qualidade de vida.

Ela faz parte da Rede Brasil Pacto Global, que visa comprometer governos, sociedade civil e setor privado mundial na implementação de ações, práticas de gestão e tecnologias sustentáveis que contribuam para maximizar os impactos positivos atrelados às atividades produtivas e o atendimento dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU até 2030.

"A missão da Fieb é apoiar a indústria baiana para que ela se torne cada vez mais sustentável", explicou Arlinda Negreiros. O trabalho envolve sensibilização, suporte, preparação, educação, assessoria, consultoria, capacitação, inovação tecnológica para a produção de produtos mais ambientalmente corretos e formação de mão de obra qualificada para que a indústria cause o menor impacto ambiental possível nos seus processos produtivos.

Ela disse que é necessário trabalhar um processo de sensibilização e capacitação para que as empresas consigam ser motivadas a implementarem cada vez mais estas práticas e a entenderem o que elas são, uma governança socioambiental que traz diversos benefícios em relação às questões econômicas, sociais e ambientais das empresas.

De acordo com Negreiros, essa visão integrada é extremamente importante e não é algo exercitado pelas empresas. "Se eles são solicitados a implementar uma ação de redução de consumo de água, que é um insumo da empresa e um recurso natural, você tem um benefício ambiental, que é a preservação de um recurso necessário a toda a sociedade. Tem também um social, porque atende às expectativas da sociedade, e outro econômico, porque uma vez reduzindo o consumo, você também reduz o custo operacional da atividade. É este treino de modelo mental para fazer sempre essa correlação, entendendo a abrangência de sua ação, que a gente estimula nas indústrias", informou Negreiros.

Além de palestras, seminários, workshops, treinamentos, programas, projetos e suporte no atendimento de requisitos legais e mercadológicos, a Fieb realiza cursos de regularização e licenciamento ambiental, e de ESG, além de produzir uma vasta gama de materiais informativos. Outro incentivo da Fieb é a realização do Prêmio Indústria Sustentável, para valorizar e reconhecer as iniciativas de sustentabilidade adotadas pela indústria baiana.

Em relação aos pequenos negócios, que correspondem a 95% dos empreendimentos formais no país, e representam 30% do Produto Interno Bruto (PIB), impactando direta ou indiretamente 47% da população brasileira, é o Sebrae quem garante o apoio para a adoção de práticas sustentáveis que, ao final, acabam se tornando lucrativas.

De acordo com a coordenadora de Meio Ambiente do Sebrae, Márcia Suêde, as micro e pequenas empresas olham para a sigla ESG como se fosse uma ação apenas para as médias e grandes, mas quando elas começam a compreender que já têm atitudes e práticas sustentáveis dentro de seus negócios, sem conseguir fazer a analogia com os critérios ESG, ela não consegue comunicar para a sociedade que ela adota as boas práticas.

"As pequenas empresas são essa força motriz para fazer uma grande revolução nos negócios. E elas fazem parte da cadeias de valor para outras empresas, sendo também impelidas por esse motivo a terem responsabilidade do ponto de vista ambiental, econômico e social", declarou.

A coordenadora exemplificou que, quando as pequenas empresas precisam reduzir custos, elas já adotam práticas de economia de água e energia, verificando se os equipamentos que têm são os mais eficientes do ponto de vista energético ou se está havendo algum vazamento de água. Da mesma forma quando se preocupam em reutilizar a água do ar condicionado para molhar as plantas.

"Estas também são ações ESG que diminuirão as despesas, aumentando a receita e sendo melhor para o planeta. Só falta aprenderem a divulgar que fazem isto", analisou. Ela comentou que, principalmente os consumidores da geração Z e da geração Millenium se preocupam com a atitude da empresa, com o que o empresário diz e o que faz de fato. "É importante ter as práticas de governança socioambiental e saber comunicá-las para todos os seus públicos, senão eles não irão saber", analisou Suêde.

"São práticas simples, mas que podem ser difíceis de serem implementados no dia-a-dia, então o Sebrae tem soluções que podem apoiá-los a melhorar isso, começando com um autodiagnóstico, para que ele possa verificar quais são os pontos e onde ele pode melhorar", explicou.

O primeiro passo é ouvir o que o micro e pequeno empresário tem a dizer sobre as suas necessidades, sugerir um diagnóstico e depois oferecer soluções para cada problema apresentado que irão ajudá-los a aumentar a eficiência, a eficácia, a produtividade e os lucros atendendo os critérios de governança socioambiental.

O apoio se dá através de cursos, palestras e seminários até consultorias individuais aprofundadas e sob medida para apresentar soluções para cada prática ESG que será adotada. São soluções 100% subsidiadas pelo Sebrae, outras com 70% de subsídios em 29 pontos de atendimento do Sebrae espalhados para atender aos 417 municípios do estado. "O nosso papel é sensibilizar, engajar, desmistificar a adoção das práticas ESG em todos os segmentos para mudar o pensamento de que estas ações façam parte da rotina", informou.

Segundo ela, todo mundo está percebendo as consequências das mudanças climáticas e a sociedade está acordando para isso. "De uma forma ou de outra, teremos êxito porque a gente precisa viver nesse planeta de uma forma que ele seja bom para nós também, que estamos aqui agora, não só para as futuras gerações e é por isso que a gente tem que começar já a transformar as nossas atitudes. "Não existe outro planeta para a gente se mudar. Temos que cuidar deste aqui", concluiu.

Empresas apostam em ações ambientais

Basf

O Complexo Acrílico da Basf, em Camaçari, é a primeira unidade de produção da empresa na América do Sul a obter a Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono (ISCC Plus) para a produção de seus produtos a partir de matérias-primas recicladas ou renováveis como alternativa aos recursos fósseis, livres também do desmatamento. O seu portfolio inclui produtos como o ácido acrílico, acrilato de butila, polímero super absorvente, acrílicos, solventes e plastificantes, que são insumos utilizados em diversas indústrias como adesivos, construção civil, higiene e produtos de pintura.

Segundo a diretora do Complexo Acrílico da Basf, Tânia Oberding, a sustentabilidade é algo que guia todas as ações e foram estabelecidas metas globais bastante robustas para os próximos anos. Elas incluem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 25%, até 2030 (em comparação com 2018) com a perspectiva de uma jornada rumo à neutralidade climática e atingimento de emissões líquidas zero, até 2050.

Como a produção química da Basf requer uma grande quantidade de energia e alguns processos criam gases de efeito estufa como subprodutos, eles têm o objetivo de reduzir continuamente as emissões de gases de efeito estufa resultantes da geração de energia na fábrica, através de iniciativas como o Programa Triple E (Excelência em Eficiência Energética), que reduz o consumo de energia e já identificou 450 oportunidades de melhoria desde 2019, sendo que 180 já foram implementadas. Essas iniciativas representam uma economia de R$ 28,2 milhões por ano e uma redução de emissões de 23,7 mil toneladas de CO2 equivalente por ano.

Além disso, o programa Zero Aterro introduz a lógica da circularidade nas operações, uma vez que são destinados 100% dos efluentes do Complexo Acrílico para compostagem, reciclagem e coprocessamento, reaproveitando esses materiais. A iniciativa já evitou que mais de 650 toneladas de restolho fossem descartadas nos aterros sanitários da região.

Em parceria com cooperativas e fornecedores baianos, eles passaram a direcionar o lixo industrial para coprocessamento, no qual é transformado em combustível para cimenteiras; o sanitário para a reciclagem, e o lixo orgânico dos refeitórios para a compostagem.

Camacã Design

Com o projeto Mata Atlântica, a empresa produz móveis e artefatos de madeira maciça, a partir do aproveitamento de árvores mortas e caídas de fazendas de cacau, destruídas pela praga da vassoura de bruxa, a fim de manter a preservação da fauna e da flora local, sem causar nenhum dano à vegetação nativa preservada. A Camacã Design retira árvores mortas da “Cabruca” (sistema de plantio em que o cacau é cultivado sob as árvores) e faz o aproveitamento de sua madeira, utilizando todo o seu esqueleto – raiz, tronco e galhos.

O seu processo produtivo envolve, georreferenciamento e fotografias das árvores mortas, seja qual for a causa da morte (levantamento radicular, morte em pé, ou estoure do caule), para então serem rebocadas para a fábrica, situada na mesma propriedade. O material lenhoso morto possui madeira de alta qualidade. Logo, são totalmente aproveitados, transformando-se em móveis e artefatos de qualidade e elegância.

Toda a sociedade é beneficiada pela preservação da Mata Atlântica. A empresa preserva aproximadamente 25.000 árvores do bioma, uma média de 70 árvores adultas por hectare. A empresa usa 20 m³ de madeira morta por ano, evitando o custo de R$ 80.000,00. Além disso, utiliza mão de obra local, com a geração de 16 empregos diretos.

Confrigo Frigorífico

A empresa foi agraciada com o prêmio Fieb Indústria Sustentável com um projeto de Uso de Gases do Tratamento de Dejeto Suíno para Produção de Energia Limpa e Sustentável. O objetivo é utilizar efluentes dos dejetos dos suínos da Granja São Domingos, localizada no município de Vitória da Conquista, para a produção de energia em quantidade suficiente para abastecer a região circunvizinha. A tecnologia de captação de gás para produção de energia através dos dejetos de suínos vem sendo uma realidade crescente na suinocultura.

Na Granja São Domingos, o processo ocorre na célula do biodigestor, utilizando dejetos produzidos pelos suínos e gerando energia limpa, tendo em vista que na fase anaeróbia do processo ocorre a produção elevada de gases, dentre eles o metano, com alto poder de combustão, sendo assim uma ótima fonte geradora de energia. Além disso, os dejetos tratados são utilizados na fertirrigação dos pastos de alimentação do gado.

A produção de energia proporciona benefícios financeiros, ambientais e sociais. A redução do impacto ambiental é o aspecto mais significativo. Entretanto, isso traz um grande benefício financeiro à empresa ao utilizar um resíduo que seria descartado, na produção de energia. A energia produzida gera crédito, com capacidade de alimentar toda produção industrial da unidade. Além disso, o benefício social para a população do entorno é muito grande, pois a energia produzida excedente pode abastecer as residências do entorno, tornando a região mais próspera e sustentável.

Com a adoção desta solução, 100% dos efluentes são tratados com aproveitamento de biogás, o que provoca 100% de redução das emissões gasosas. A empresa teve um custo evitado de R$ 720.000,00 com o projeto a partir de um investimento de R$ 1.300.000,00 em investimento na ação. 60 famílias são beneficiadas diretamente com a geração de seis empregos.

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