FUTEBOL
Árbitro Igor Benevenuto se declara homossexual
Ele é o primeiro juiz do quadro da Fifa a expor homessexualidade publicamente
Por Da Redação
O árbitro Igor Júnio Benevenuto, que apita a elite do futebol brasileiro, se declarou homossexual. O posicionamento aconteceu ao podcast do ge "Nos Armários dos Vestiários". Ele é o primeiro juiz do quadro da Fifa a manifestar a homossexualidade publicamente.
O árbitro contou que sua relação com o futebol começou como uma maneira de tentar pertencer ao universo hetéro. Mas sem tanto amor pelo jogo, ele viu na arbitragem uma forma de comandar o jogo, ser a autoridade. Desde a adolescência, após a Copa do Mundo de 1994, Igor Benevenuto começou a ser o juiz dos jogos no terrão de Belo Horizonte.
"Desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade. Mas jogar não era uma opção duradoura, então fui para o único caminho possível: me tornei árbitro", falou.
Benevenuto será tema de reportagem especial no Esporte Espetacular e fez um grande relato sobre a sua vida, relação com o futebol, igreja e família. "Começaram a me chamar de "Margarida". Eu ficava revoltado, ameaçava não voltar mais, xingava de volta, mas eles seguiam com a provocação. O Margarida era um árbitro famoso da década de 1980 e 1990, gay assumido e performático. Para os moleques, essa era a forma de me atingir. Ser comparado a ele, ser chamado de gay era uma ofensa e eu não poderia levar numa boa, afinal interpretava meu papel hétero, em um ambiente hétero, rodeado de héteros", relatou.
Ainda jovem, o árbitro de 41 anos se formou na função pela Federação Mineira de Futebol. Após anos de carreira, ele chegou ao quadro a Fifa. "Ser árbitro me coloca em uma posição de poder que eu precisava. Escolhi para esconder minha sexualidade? Sim. Mas é mais do que isso. Eu me posicionei como o dono do jogo, o cara de autoridade, e isso remete automaticamente a uma figura de força, repleta de masculinidade. Eu queria ter esse comando e exigir respeito", afirmou.
"Nós, os gays no futebol, somos muitos. Estamos em toda parte. Mas 99,99% estão dentro do armário. Tem árbitro, jogador, técnico, casados, com filhos, separados, com vida dupla... Tem de tudo. A gente se reconhece", continuou Benevenuto, que revelou não ser segredo a sua orientação sexual no meio da arbitragem.
"Devo tudo o que tenho à arbitragem, mas paguei um preço muito alto por isso. Deixei de lado paixões reais da minha vida para seguir esse universo. O futebol é meu sustento e até o dia de hoje foi o meu esconderijo hétero. Eu quero me libertar dessa prisão. Quero poder ter relacionamentos, quero apitar em paz, quero que as ofensas sejam punidas", declarou.
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