Boxe feminino baiano espera crescer com ida aos Jogos de 2012 | A TARDE
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Boxe feminino baiano espera crescer com ida aos Jogos de 2012

Publicado quarta-feira, 19 de agosto de 2009 às 18:37 h | Autor: Diana Gomes l A TARDE

Quando Érica Matos via seu colega de escola chegar na sala de aula tinha uma única certeza. “Não sei que esporte ele pratica, só sei que não quero nem conhecer”, lembra ela sobre o que pensava ao se deparar todos os dias com o rosto do amigo cheio de hematomas devido aos golpes de boxe. Na época, com 22 anos, ela trabalhava durante o dia e estudava à noite, e seu único esporte era o futsal.

Mas o amigo era um tanto insistente e os convites continuaram sendo feitos, dia após dia, até que Érica acabou cedendo ao apelo do colega e, movida pela curiosidade, foi até o treino. “Eu era mais fortinha, pesava 60 quilos, e o treinador disse que eu levava jeito”, contou a atleta que hoje pesa 46 quilos.

Os quilinhos a mais não eram suficientes para convencer a avó de Érica de que ela tinha condições de praticar o esporte. “Ela dizia que eu era muito magra e que só ia apanhar”. E mesmo contra a vontade, a boxeadora foi em frente e hoje colhe os frutos da batalha que travou principalmente contra o preconceito.

Tricampeã brasileira (05, 07 e 08) e campeã pan-americana (2007), Érica Matos foi convocada para seleção brasileira e está cotada para os Jogos de 2012.

O objetivo da atleta de 26 anos é seguir o caminho de tantos outros boxeadores baianos, inclusive do marido, o boxeador da seleção brasileira Robson Conceição, que assim como ela treina na Academia Champion.

Exemplos não faltam para inspiração. O esportista mais famoso do Estado vem do boxe. Acelino Freitas, o Popó, fez história em cima do ringue. É do boxe também a maior delegação baiana na Olimpíada de Pequim, com cinco representantes.

O pugilismo baiano também derrubou tabus. Quem não lembra do atleta Pedro Lima que conquistou o ouro no Pan-Americano do Rio de Janeiro e acabou com o jejum de 44 anos sem que o Brasil ganhasse uma medalha dourada?

Com  um retrospecto tão positivo entre os boxeadores da terra, fica difícil não alimentar a expectativa de ter mais baianos na Olimpíada de Londres, depois que o Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou a inclusão do boxe feminino nos Jogos de 2012.

A notícia deu ânimo às atletas. Seis treinam na Academia Champion, de Luís Carlos Dórea, o mesmo técnico dos boxeadores que foram ao Pan do Rio e aos Jogos de Pequim.

Além de Érica Matos (46 kg), Adriana Araújo (60 kg), Eliana Dantas (69 kg), Cássia Fontes (51 kg), Carla Fonseca (64 kg) e Deise Marcele (48 kg) já focam os treinamentos pensando na Olimpíada. Andreia Costa, da Academia Esporte Total, também tem chance de conquistar vaga no seleto grupo.

De acordo com os dados apresentados pelo presidente da Federação de Boxe do Estado da Bahia, Joílson Santana, de 70 a 80 atletas competem no Estado, número ínfimo se comparado à quantidade de mulheres praticando o esporte nas academias.

É impossível precisar a quantidade de praticantes em todo o Estado, mas segundo a boxeadora Carla Freitas, que também é professora, hoje elas são maioria nas aulas. “Só que elas querem ganhar condicionamento, perder peso. Não competir”, diz.

A falta de competitividade faz as atletas baianas viajarem para fora do Estado para encontrar adversárias. É o caso de Érica que entre os dias 15 e 25 de setembro disputa o Campeonato Paulista. 

No dia da reportagem, as atletas da Academia Champion fizeram um apelo. “Queremos incentivar as meninas a começar a competir”, disse Érica. “Queremos chamar principalmente  aquelas que já competiam para voltar ao esporte, aproveitando que o boxe feminino agora é olímpico”, completou Adriana.

Defasagem – Apesar da euforia em torno da inclusão das mulheres na Olimpíada, Joílson explica que o boxe feminino ainda não está no mesmo patamar do masculino. Para ele, a situação tem uma explicação. Por não ser considerado olímpico, era difícil conseguir patrocínio.

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