ESPORTES
Campeão na Europa insiste em buscar sucesso na Bahia

Por Juliana Lisboa e Vitor Villar

Dono do cinturão mundial interino dos cruzados da WBU, o baiano Marcelo Ferreira, o 'Trovoada', radicado na Espanha há 23 anos, ainda sonha com o dia em que será reconhecido no seu estado como um campeão mundial.
Desde os 18 anos, Trovoada, hoje com 41, só volta a Salvador para rever os amigos e para lutar. São 12 lutas seguidas desde 2008 na capital baiana, todas vencidas por nocaute. Nesse meio tempo, venceu os títulos da WBU e da divisão hispânica do Conselho Mundial de Boxe (WBC).
Nem mesmo a saga de nocautes deu a ele o sonhado reconhecimento. "Na Espanha, me tratam melhor do que na minha terra. Chego aqui com o cinturão e eles fazem festa para me receber. Quando chego na Bahia ninguém dá atenção. Um campeão mundial não tem portas abertas na Bahia, é como se eu tivesse que ficar pedindo esmola", reclama.
Na última luta que fez em Salvador, justamente a de defesa do cinturão da WBU, Trovoada reclama de não ter obtido apoio de nenhuma empresa e de ter saído sem um tostão: "Tive que levantar R$ 20 mil para trazer o adversário. Se não fosse Nilton da Liberdade, amigo meu que botou metade desse valor na luta, nada teria acontecido".
A primeira paixão de Trovoada não foi o boxe, e sim a capoeira. Foi através dela que o garoto de origem pobre rodou pelo mundo e se estabeleceu na Espanha. É ela que paga as contas do pugilista, com apresentações e aulas. Além disso, ele também faz trabalhos como guarda-costas de celebridades, como os músicos Bono Vox e Mick Jagger.
Se hoje o pugilista paga para lutar, antes a situação era melhor. "Já me ofereceram 6 mil euros para lutar e eu neguei", diz. A maior bolsa que recebeu com o boxe foi de 15 mil euros, em 2002, antes da crise econômica na Europa. É também por conta dela que Trovoada insiste em lutar no Brasil.
Interino
Trovoada entende que a falta de reconhecimento também tem a ver com o tamanho das organizações às quais pertence. "Na verdade, essa entidade (WBU) não é muito poderosa. Não é como WBO, WBA, WBC (três das consideradas grandes). O que dá peso a esse título é porque o campeão regular da minha categoria é Roy Jones Jr., e ele se recusa a lutar comigo", explica.
Ele expõe que a entidade não quer forçar a luta por medo de perder a visibilidade adquirida com o ex-campeão das quatro grandes organizações: WBA, WBO, WBC e IBF.
"Jones não bota o título em jogo e eu não tenho empresa que banque uma luta minha com ele. Como ele é milionário e importante, a WBU deixa ele lutar com quem ele quiser. Se estivesse na mão de outro lutador sem nome a WBU já teria obrigado a lutar comigo", diz.
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