ESPORTE
Cavalaria e o Flag Football: da Bahia ao sonho olímpico em LA-2028
Salvador conta com a única equipe de Flag Football do estado; conheça modalidade
Por Beatriz Amorim
No início do ciclo para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, o Brasil busca superar a sua última campanha, em Paris, e subir mais vezes ao topo do pódio. Para a edição, que ocorrerá nos Estados Unidos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou cinco novas modalidades, são elas Críquete, Squash, Baseball, Lacrosse e Flag Football.
Para conquistar medalhas, em novos ou veteranos esportes, é necessário investir em modalidades com pouca visibilidade no Brasil, o que pode resultar em grandes colheitas no futuro. Nesta análise, a Cavalaria, primeira e única equipe de Flag Football da Bahia, dá aulas, empenhando-se e já de olho em grandes frutos, como títulos regionais e nacionais.
Em entrevista ao Portal A TARDE, que foi conhecer de perto a história do ‘Cavalo’, o capitão da equipe e da Seleção Brasileira, Felipe Nunes, de 26 anos, contou quando começou a sua história com o esporte, revelando ter sido um dos primeiros treinadores na Bahia.
“Eu comecei no Flag Football há mais ou menos sete anos, aqui em Salvador, logo que o projeto da Cavalaria começou. A princípio, a gente não tinha treinadores, então eu posso dizer que eu fui um dos pioneiros como treinador do esporte aqui. Era necessário de alguém para organizar, então eu e os treinadores Sampaio, Vitor e Armando, iniciamos o projeto de Flag Football. Porém, para competir oficialmente, eu só comecei dois anos depois”, disse o capitão.
Um grande orgulho, o baiano falou sobre a sua história como atleta, já tendo atuado fora do Brasil, e com a Seleção Brasileira, também, claro, ressaltando a sua ansiedade para o ano de 2028, quando poderá ter a oportunidade de disputar uma Olimpíada.
Foi uma experiência incrível. É legal poder estar de volta a Salvador e trazer minha experiência internacional e jogando pela seleção
“O esporte me gerou oportunidade fora do país, atuando em outros times. A partir disso, por estar mostrando tanto o meu trabalho como treinador e sendo já um atleta mais experiente, eu também fui convocado pela primeira vez para a seleção brasileira ano passado, estive no Intercontinental, que foi nos Estados Unidos, e esse ano fui chamado para jogar o Mundial, na Finlândia", destacou o jogador.
Porém, apesar das inúmeras conquistas e uma bela história, Felipe apontou as dificuldades que o esporte ainda enfrenta, incluindo o preconceito, sendo associado ao futebol americano, que é visto como agressivo.
Em fala, Índio, como é conhecido, negou o estereótipo da modalidade, que pode sim ser praticada por todos. “A maior dificuldade de praticar esse esporte aqui, é o preconceito. Agora que se tornou olímpico, talvez seja um pouco quebrado, mas o pessoal está acostumado a só ver o futebol americano e associa a coisas ruins".
O Flag é muito mais acessível, uma versão que consegue ser praticada por crianças, por adultos, por mulheres, por homens, não interessa
"Ser atleta aqui na Bahia gera essas dificuldades, já que a Cavalaria é o único time do estado que disputa competições. Então fica mais difícil de eu ter concorrentes para que a gente possa treinar, pra que eu possa ter mais experiências. (..) Eu estou fazendo parte do ciclo olímpico, faço parte da seleção brasileira, e estou em campanha olímpica, mas ainda enfrento muita dificuldade de não ter patrocínio e ter pouco apoio de Estado”, declarou o capitão do Brasil.
Próximos passos
Em busca de um futuro brilhante dentro da modalidade, a Cavalaria faz o seu papel e fomenta o esporte no estado, contando com um time feminino e de sub-12, ainda mais necessário pensando nos frutos futuros. À reportagem, o treinador dos pequenos, Paulo Rios, de 26 anos, destacou a importância da prática esportiva desde a base, de olho nas próximas edições dos jogos.
“A importância de a gente ter uma equipe sub-12, uma equipe sub-14, é justamente fomentar o esporte para o futuro. A próxima Olimpíada já vai ter o Flag e nós já temos atletas participando da seleção brasileira hoje. Por isso, nós já iniciamos esse protocolo, pensando em formar mais atletas. Na minha geração e na geração do Felipe, conhecemos a modalidade muito tarde, então é muito importante as crianças começarem desde cedo".
Segundo o treinador, o esporte traz disciplina, faz os jovens evoluírem cada dia mais, o espírito de competição já começa desde cedo. "É legal participar e é legal ensinar também. Você ver uma criança que chegou sem saber nada e com seis, sete meses, já está sabendo executar jogadas sem você ter que explicar, é muito realizador”, disse Paulo.
No time feminino, a quarterback Catarina Oliveira, de 28 anos, revelou como conheceu a sua atual equipe, destacando o amor à primeira vista. Em fala, a QB opinou sobre as vantagens e as desvantagens do esporte em Salvador.
“Eu conheci o Flag por acaso. Eu jogava vôlei e aí uma colega me convidou para participar de um treino aberto e desde o primeiro treino eu já me apaixonei pelo esporte. É uma modalidade que tem muita perspectiva de crescimento aqui no Brasil. Em Salvador a gente tem o time da cavalaria, que tem o time de flag feminino e flag masculino".
Segundo a QB, a maior vantagem do esporte é o fato dele ser mais seguro para praticar do que o futebol americano. "Tem menos conta, sabendo que não precisa derrubar no chão, apenas retirar a flag. Para desvantagem, eu acredito que seja o preconceito e pouco inventivo”, avaliou Catarina.
O que é o Flag Football?
O flag football é uma modalidade do futebol americano que elimina o contato físico intenso característico do esporte tradicional. Em vez de derrubar o jogador adversário para interromper a jogada, o objetivo é retirar uma fita (ou “flag”) presa ao cinto do jogador que estiver com a bola. É uma versão mais acessível e inclusiva do futebol americano, atraindo pessoas que buscam um esporte dinâmico e menos agressivo.
Principais características do flag football:
Equipamentos: Não se usa capacetes ou ombreiras. Os jogadores utilizam cintos com flags (fitas) removíveis.
Número de jogadores: Geralmente jogado em equipes de 5, 7 ou 8 jogadores em cada lado, dependendo da liga.
Campo: O campo é menor do que o do futebol americano tradicional, com dimensões variáveis (geralmente 50x25 metros).
Duração do jogo: É dividido em dois tempos, normalmente com 20 minutos cada, mas pode variar conforme o regulamento.
Objetivo: Assim como no futebol americano, o time tenta avançar com a bola e marcar touchdowns, mas com foco em agilidade, estratégias e passes rápidos.
Esse foi um dos assuntos tratados na conversa com Emerson Vilares, de 37 anos, um dos treinadores e atletas do esporte no estado. Em fala, o atleta destacou as características do Flag, ressaltando a sua paixão pelo esporte das fitas: “É um esporte que tem a sua vantagem justamente por ser mais acessível, com menos equipamentos e desgaste, sabendo que também tem menos contato. No Brasil, a modalidade tem tudo para crescer e abrir mais portas, justamente por esses critérios e, claro, por estar presente nos Jogos Olímpicos em 2018, o que é uma grande conquista”, disse Villares.
Orgulhoso, o veterano relembrou o ano positivo da Cavalaria, superando marcas e disputando grandes competições: “Nosso time disputa torneios nacionais há três anos. Já ficamos na terceira colocação duas vezes no Regional Nordeste, que é a etapa que seleciona os melhores times da região para jogarem a Super Final, que é um torneio do Campeonato Brasileiro. Esse ano a gente ficou em 15º lugar, foi uma participação inédita da cavalaria, a primeira vez que a gente alcançou o nível mais alto do flag. É óbvio que a gente quer o topo, ser campeão brasileiro e isso vai ficar para o ano que vem”, projetou Villares.
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