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Contaminação de suplemento causou doping de jovem tenista, diz advogado

Por Felipe Rosa Mendes | Estadão Conteúdo

11/11/2019 - 16:09 h | Atualizada em 19/11/2021 - 10:20

Caso mais recente de resultado positivo em exame antidoping no tênis brasileiro, a jovem Camilla Bossi foi flagrada em teste devido a uma contaminação do seu suplemento nutricional, explicou o Thomaz Mattos de Paiva, nesta segunda-feira. A atleta de apenas 16 anos faz a suplementação por orientação médica.

"Foi apurada a contaminação em suplementos da atleta. Ela manipulava [consumia] por indicação médica, por ter algumas peculiaridades em termos de acompanhamento de saúde", explicou o advogado, em entrevista ao Estado. A contaminação, segundo Mattos de Paiva, aconteceu em farmácia de manipulação de São Paulo.

A atleta, ainda juvenil, foi submetida a um exame antidoping pela primeira vez na carreira durante o Pro Circuit W25 Campinas, torneio de nível ITF disputado no interior de São Paulo, entre 25 e 31 de março. Em sua amostra havia a presença de Enobosarm, uma substância do tipo SARM S-22, proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada).

Considerado "agente anabólico", o SARM é uma sigla para "selective androgen receptor modulator" ou "moduladores seletivos do receptor de androgênio". É uma versão aperfeiçoada dos esteroides anabolizantes tradicionais, mas com a promessa de causar menos efeitos colaterais no organismo.

Curiosamente, trata-se do mesmo tipo de resultado flagrado nas amostras da também tenista Beatriz Haddad Maia, atual número 1 do Brasil. Ela está suspensa provisoriamente desde julho e ainda aguarda a decisão final da ITF sobre o seu caso.

"Infelizmente hoje temos um problema sério de contaminação, mais sério ainda por ser por SARM, que é uma droga que não é aprovada em nenhum lugar do mundo e entra livremente no Brasil. E está sendo usado largamente em farmácias de manipulação do País", declarou o advogado da jovem tenista.

Mattos de Paiva ressaltou ainda que a suspensão de seis meses aplicada à tenista tem valor de alerta à atleta. Como de costume, a ITF aplica punições mais amenas apenas por levar em conta a responsabilidade do esportista no trato com sua alimentação e eventual suplementação. Não foi, portanto, punição em razão de eventual benefício que a substância poderia trazer para a performance.

"A ITF chegou à conclusão de que não houve qualquer intencionalidade por parte da atleta. Por isso foi suspensão de apenas seis meses. Se fosse culpada, poderia ser de quatro anos, como já aconteceram em casos de outros atletas", explicou o advogado. A punição da tenista foi retroativa à março. Portanto, a suspensão foi encerrada no fim de setembro e ela já pode voltar a competir normalmente.

Ele disse que pretende tomar medidas judiciais contra a farmácia que teria sido a responsável pela contaminação. "[O caso] Prejudicou a careira de uma atleta em ascensão. Uma menina que tem um futuro enorme pela frente", declarou.

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