TRAVESSIA MAR GRANDE - SALVADOR
De volta às origens: Ana Marcela encara desafio na Travessia Mar Grande-Salvador
Campeã olímpica, Ana Marcela será a grande atração da 55ª Travessia Mar Grande–Salvador

Por Beatriz Amorim

A 55ª edição da Travessia Mar Grande - Salvador contará com uma presença mais do que especial: a baiana, e campeã olímpica, Ana Marcela Cunha. Considerada um dos maiores nomes do esporte brasileiro, a atleta voltará à Baía de Todos os Santos para um desafio de bate-volta. No dia 29 de novembro, sairá de Salvador em direção à Ilha de Vera Cruz e, junto com o restante dos atletas, voltará ao Farol da Barra, completando aproximadamente 24 km de percurso.
Em entrevista exclusiva ao A TARDE, Ana revelou como foi o pensamento por trás da decisão de voltar à prova após mais de 10 anos e ampliar o seu recorde, já que, atualmente, é a maior campeã da história da disputa, com seis títulos.
“Falamos com o pessoal da organização antes da inscrição e eles super aceitaram. Então, fizemos a inscrição e todo o processo dentro do regulamento. Eu acho que contou também com a vontade de estar perto da família e poder estar realizando mais essa prova. Eu já tive muito ápices na minha carreira e cada ano que passa eu sei que estou mais perto da minha aposentadoria, e eu falo tranquilamente sobre isso, e eu quero fazer as coisas que me dão prazer no alto rendimento, como é fazer a Mar Grande - Salvador”, disse a baiana.

Além da vontade pessoal, Ana Marcela também deixou claro que a travessia fará parte da preparação para o Canal da Mancha, em 2026, considerada um dos desafios mais difíceis do mundo e comparada ao "Everest da natação". Acostumada com longas distâncias, a campeã olímpica enfrentará 33,5 km entre o sul da Inglaterra e o norte da França. Por isso, viu a Baía de Todos os Santos como uma oportunidade para ficar ainda mais preparada para fazer história.
“Eu já estava com o calendário fechado para o ano que vem, pensando no Canal da Mancha, e surgiu a oportunidade da Travessia. Eu falei: “Qual a disponibilidade para eu sair de Salvador, ir até Mar Grande e voltar dentro da prova, já fazendo um treinamento?”. Nasceu assim”, destacou.
Diante do desafio de completar aproximadamente 24 km no bate-volta, Ana Marcela deu detalhes sobre a preparação e sobre a expectativa de pace, além claro, da rotina entre treinos e alimentação.
“Bom, parece até estranho, mas eu já nadei outras provas de 25 km, 32 km e 36 km e eu não tenho muita diferença em termos de preparação no dia a dia. Em relação às provas de 10km, a maior diferença é um pace, que são duas horas muito intensas, nas longas distâncias é um ritmo mais cadenciado. Entre 24 e 36 horas antes da prova eu tento ingerir um pouco mais de carboidrato, bebo mais água, mais eletrólitos, sempre um pouco a mais, por causa da desidratação”, contou a baiana.
Criada em Salvador e, desde pequena, frequentadora das praias, Ana Marcela disputou a sua primeira Travessia em 2001, quando tinha apenas oito anos. Detentora de grandes títulos e o maior nome da maratona aquática da história do Brasil, a baiana destacou a importância da Mar Grande - Salvador para a sua carreira, além de exaltar o cenário paradisíaco da Baía de Todos os Santos.
“Já são mais de 20 anos desde a minha primeira prova e tanto ela, quanto outros desafios, foram e são muito importantes na minha preparação, como foi para o ouro olímpico e hoje para o Canal da Mancha. Hoje, o maior diferencial para a gente, baiano, é saber que ali é o nosso canal, faz parte da nossa história, onde tem o nosso porto", disse Ana, que completou.
"É um lugar muito emblemático pra gente. Além disso, na minha opinião, o que também chama atenção dos atletas é que, normalmente, nessas provas de 10km ficamos em circuito, dando voltas no mesmo eixo. A Mar Grande - Salvador, diferente, você larga em um ponto e chega em outro passando pela Baia de Todos os Santos”, exaltou a atleta.

Lenda viva, Ana Marcela é um exemplo para a atual geração e principalmente para a próxima, que, de forma clara, enxerga a possibilidade de grandes conquistas dentro da maratona aquática, modalidade com pouca visibilidade no Brasil. Sobre ser esse exemplo, a baiana destacou a responsabilidade, mas também a alegria de proporcionar esperança e a expectativa de um futuro repleto de possibilidades.
“É uma responsabilidade tratar sobre esse assunto. Sabemos que somos referências, então temos que aprender para poder deixar esse legado. Antes da Olimpíada de 2021 eu não tinha essa noção, mas, óbvio, o outro me trouxe um pouco disso. Esse é um dos meus propósitos de vida, que eu tento carregar e levar para as próximas gerações. Ser realidade, mas mostrar como pode ser o futuro", contou Ana Marcela.
"Poder, de alguma forma ajudar, seja dando dicas, estando com o treinador, entender o lado fisiológico e psicológico, que é muito importante para o desenvolvimento. Mas eu me sinto muito lisonjeada de poder ser uma referência, deixar esse legado e, de alguma forma, colocar o nome do nosso esporte lá pra cima”, finalizou.
Ao fim da entrevista, Ana Marcela Cunha definiu a Travessia Mar Grande - Salvador em três palavras: “Resiliência, paixão e paciência”, disse a baiana, que completou “é uma prova difícil, mas todo mundo que está ali, com tranquilidade, consegue realizar”.
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