ÚLTIMO PASSO
Diante da Colombia, Brasil tenta conter sentimento de "já ganhou"
Seleção chega à final como ampla favorita, mas precisa ter cautela para não repetir 2006, quando perdeu para a anfitriã
Por Celso Lopez

A seleção brasileira está muito perto de por mais um troféu de Copa América Feminina na sua coleção. Depois de passar nas semi pelo Paraguai, por 2 a 0, em uma das partidas mais truncadas das Guerreiras até aqui, o último compromisso é contra a anfitriã Colômbia, no Estádio Alfonso López, neste sábado, 30, às 21h. Após tantas goleadas e títulos pela competição, o Brasil naturalmente chega como ampla favorita para a decisão, mas o mata-mata é traiçoeiro e a noite de hoje pode acabar do mesmo jeito que 2006 se a euforia for exagerada, com derrota na casa do adversário.
O último passo está para ser dado, mas já há motivos para comemorar mais uma final no currículo. Com o resultado, a seleção se garantiu diretamente na Copa do Mundo de 2023 e nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Além disso, o desempenho da equipe até aqui tem sido ótimo, em mais um ano de clara dominância no continente. Ninguém até agora foi capaz de oferecer sustos para a Canarinho, que foi impecável ofensiva e defensivamente. São 19 tentos marcados em cinco partidas, uma média de 3,8 gol por jogo. Além disso, o Brasil não foi vazado nenhuma vez na competição, o que mostra a força defensiva da equipe.
A alegria domina o ambiente brasileiro, contudo, a competição ainda não acabou. Em busca do octa, a seleção já passou pelas mais diversas situações, mas uma em específico lembra a final que acontecerá no Estádio Alfonso López. Em 2006, quando a Canarinho ainda tinha ‘somente’ quatro títulos de Copa América Feminina, o cenário era muito semelhante. Melhor ataque da competição, com a artilheira do torneio no ataque brasileiro, Cristiane, final contra a anfitriã, nesse caso a Argentina, e muita confiança. Ao fim do dia, a Albiceleste havia conquistado seu primeiro título de Copa América e a verde e amarela chorava a derrota para a principal rival.
Mais uma vez, a seleção brasileira irá enfrentar uma seleção que está 100% no campeonato, além dela mesma. Logo, esse também será o primeiro – e último – confronto que se mostra um grande desafio para as Guerreiras antes de entrar em campo. Mesmo assim, não há como duvidar do favoritismo brasileiro, que atuou melhor que Las Cafeteras durante o torneio. Partidas complicadas como o 2 a 1 contra o Equador e o 1 a 0 contra a Argentina na semifinal fizeram parte do retrospecto colombiano, o que não se viu nos passeios brasileiros.
Reencontro simbólico
Além de ser uma data especial pela possibilidade de conquistar mais um título, a final contra a Colômbia traz boas memórias para duas jogadoras da equipe titular do Brasil. Doze anos atrás, as experientes Rafaelle e Debinha estavam no mesmo palco, o Estádio Alfonso López, para disputar outra decisão contra Las Cafeteras. Na ocasião, o torneio era o Sul-Americano Sub-20 e o dia terminou bem para a verde e amarela. Agora, o desafio é outro, mas a estratégia deve ser a mesma.
“Tenho boas memórias de Bucaramanga. Em 2010, a gente ganhou aqui da Colômbia de 2 a 0 no Sub-20 e foi um momento muito legal. O estádio também estava lotado, a Colômbia fazendo pressão. Mas é isso. Acho que o Brasil tem que se impor e deixar que a Colômbia se preocupe com a gente”, afirmou Rafaelle, em entrevista coletiva cedida ontem.
Capitã da equipe, a zagueira baiana também tem a responsabilidade de tranquilizar as atletas mais jovens e inexperientes. Frente a um estádio lotado de torcedores rivais, ela até brinca ao falar sobre o contexto. “A gente tenta passar bastante tranquilidade. Sei que tem muita menina nova no grupo. A gente falou que não vai querer fazer gol logo no primeiro minuto. A gente tem 90 minutos para marcar e só um gol já é suficiente. Eu até brinco que a torcida vai estar de amarelo. A gente finge que é Brasil também e vamos para dentro delas”, disse a capitã.
Ao menos o ambiente deverá estar fortemente contra a seleção brasileira pela primeira vez nessa Copa América, contudo, dentro de campo há dificuldades suficientes para preocupar. Na Colômbia, a atacante Linda Caicedo se destacou e chegou a marcar nas semifinais para garantir sua equipe na decisão. Mesmo assim, Rafaelle não demonstrou estar muito apreensiva: “Não tem atenção especial a ninguém”.
FICHA TÉCNICA:
Local: Estádio Alfonso López, em Bucaramanga (COL), às 21h (da Bahia)
Árbitro: María Laura Fortunato
Assistentes: Mariana de Almeida e Daiana Milone (Trio da Argentina)
VAR: Zulma Quiñones (Paraguai)
Colômbia - Catalina Pérez; Mónica Ramos, Daniela Arias, Jorelyn Carabali, Manuela Vanegas; Daniela Montoya, Lorena Bedoya, Leicy Santos, Catalina Usme, Linda Caicedo; Mayra Ramírez. Técnico: Nelson Abadía
Brasil - Lorena; Antonia, Tainara, Rafaelle, Tamires; Adriana, Angelina, Ary Borges, Kerolin; Debinha, Bia Zaneratto. Técnica: Pia Sundhage
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