ESPORTES
Elenco milionário do PSG é alvo de críticas no futebol europeu
Por Emmanuel Barranguet | AFP

As operações que o Paris Saint-Germain fechou na última janela de transferências, com a indústria do futebol sobrecarregada pela pandemia, provocaram fortes críticas na Europa, a começar pelo presidente da LaLiga (entidade que organiza o Campeonato Espanhol), Javier Tebas.
"Os clubes são tão perigosos para o ecossistema do futebol quanto a Superliga. Fomos críticos da Superliga porque ela destrói o futebol europeu e somos tão críticos do PSG", escreveu Tebas no Twitter.
“Prejuízos causados pela covid de mais de 300 milhões de euros, queda de 40% nas receitas de TV na França e mais de 500 milhões de euros em salários? Insustentáveis”, acrescentou o presidente da LaLiga.
O PSG, que é administrado pelo fundo de investimentos Catar QSI (Qatar Sports Investment) além de contratar Lionel Messi, incorporou Sergio Ramos, Gianluigi Donnarumma, Georginio Wijnaldum, Achraf Hakimi, Nuno Mendes, isso sem contar o fato de ter rejeitado ofertas de 160 e 180 milhões de euros do Real Madrid pelo atacante Kylian Mbappé, que ainda tem um ano de contrato com o clube francês.
O atacante argentino (ex-Barcelona) e o italiano Donnarumma (ex-Milan), eleito o melhor goleiro da Eurocopa que conquistou em julho com a Itália, chegam de graça, mas suas contratações inflam a folha salarial do clube parisiense.
No que se refere ao 'clubes-estados', Tebas refere-se principalmente ao PSG e ao Manchester City, propriedade do Catar e dos Emirados Árabes Unidos.
'Racionalidade'
No jornal esportivo espanhol AS, o colunista Alfredo Relaño se mostrou preocupado com a "batalha sem sentido" do ponto de vista econômico.
“O Real Madrid está disposto a pagar 200 milhões por um jogador que poderá ser liberado dentro de um ano; o PSG se recusou a aceitar esse dinheiro, assumindo a possibilidade, que parece certa, de que dentro de um ano o jogador saia sem compensação para o clube. Obviamente, outra coisa estava em jogo: a primazia simbólica no futebol europeu", escreveu o prestigiado jornalista.
A LaLiga atravessa um momento difícil, com vários clubes, incluindo o Barcelona, em risco devido às suas enormes dívidas. A competição perdeu todas as suas grandes estrelas nos últimos anos (Neymar em 2017, Cristiano Ronaldo em 2018, Ramos e Messi em 2021).
Mas na Inglaterra e na Alemanha também surgiram vozes contra o PSG, que não quis reagir e reserva uma possível resposta para mais tarde.
"É claro que existe a preocupação de que as condições de competição possam ser mais igualitárias", disse recentemente ao L'Equipe o ex-presidente do Bayern de Munique, Karl-Heinz Rummenigge.
“Para nos adaptarmos ao 'fair-play' financeiro (FPF) com critérios ainda mais rigorosos, precisamos de um retorno à racionalidade”, acrescentou.
PSG sem dívidas
O editor-chefe de esportes do jornal inglês Times, Martin Ziegler, questionou: "Como pode o PSG se adaptar às demandas do FPF? Não precisa disso."
"A realidade, e também se aplica ao Manchester City e ao Manchester United, é que as regras da FPF são antigas, atualmente mortas pela pandemia", acrescentou.
O Manchester United contratou Jadon Sancho (85 milhões de euros) e Raphaël Varane (40 milhões de euros), assim como Cristiano Ronaldo (15 milhões de euros), e o City contratou Jack Grealish por 117 milhões de euros.
Outras vozes defendem o clube francês, como o economista esportivo Nicolas Blanc: “Se o acionista aumentou o capital, não há dívida”.
“Esta situação não é específica do PSG. Todos os clubes europeus se beneficiam da mesma regra de flexibilidade, do ponto de vista do FPF e do DNCG (direção nacional de controle e gestão), o PSG está perfeitamente em ordem”, acrescentou o presidente da assessoria esportiva Sport Value.
Quanto à decisão de não aceitar os 180 milhões de euros por Mbappé, “para um clube em construção há doze anos, uma das fases iniciais para a construção de um grande clube é resistir a este tipo de eventos”, acrescentou Blanc.
Para o economista, se o PSG “decidiu fazer do“ Mbappé ”um elemento central de seu projeto, não pode mudar de opinião”. “É uma decisão estratégica, não acrobática”, concluiu.
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