FUTSAL
Equipe indígena Guarani-Kaiowá de futsal participa pela 1ª vez de uma
O time feminino do Mato Grosso do Sul está disputando o Campeonato Brasileiro de Futsal sub 17, na Bahia
As meninas da Escola Guarani Estadual, originárias da comunidade Indígena Guarani-Kaiowá, aldeia Amambai, do Mato Grosso do Sul, estão em Salvador para a disputa da 1ª edição do Campeonato Brasileiro de Futsal sub 17, cujos jogos começaram nesta segunda (20) e seguem até o próximo sábado, dia 25. Essa é a primeira vez que o time participa de uma competição fora do estado, quebrando barreiras e levando a riqueza de sua cultura para além das fronteiras de sua comunidade.
A equipe sul-mato-grossense perdeu na estreia por 7 a 0 para o Colégio QI Questão, da Paraíba, pelo grupo A, da primeira divisão. A jornada não começou como elas imaginavam. Apesar da goleada sofrida no Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras, em Salvador, a goleira da equipe, Brizineide Duarte, 17 anos, manteve a confiança. “É claro que não queríamos perder. Estávamos muito nervosas e não conseguimos jogar bem, mas vamos recuperar na próxima partida”, disse.
Para a capitã do time Jaieli Benties, de 17 anos, o maior desafio até agora foi a inédita viagem de avião. “No início tivemos um pouco de medo, fiquei nervosa, mas depois passou e curtimos a viagem. Tudo está sendo novo pra gente, mas estamos adorando a experiência”, garantiu a estudante atleta.
Novidade — O futsal feminino ainda é algo novo para os povos originários. Apesar da resistência da cultura tradicional indígena, isso vem mudando a cada ano. É o que explica o professor de educação física e treinador da equipe, Miller Borvão. “Faço um trabalho com mais de 60 meninas na nossa comunidade. As famílias que acompanham já observam esse elo de confiança que vem se fortalecendo e já pode ser visto nas quadras, quando conseguimos, no primeiro semestre, a vaga para o Brasileiro após a conquista da seletiva estadual, com a seleção toda montada com meninas indígenas”, disse.
Ainda segundo o treinador, o maior desafio é a diferença cultural dos povos. “Isso pesa muito e elas se sentem pequenas. Mas o esporte é união entre os povos e graças a ele a gente está na Bahia. Importante que elas vivam essa experiência de que a vida não está somente nas aldeias. Existem várias possibilidades de conhecer outros lugares e culturas. Por isso, somos gratos ao esporte”, conclui.
Curiosidade — As características físicas e a comunicação entre elas chamaram a atenção da torcida, em sua maioria familiares das equipes que estão participando da competição. Embora falem normalmente o português, as meninas têm mais uma carta na manga, ou melhor, na fala. A troca de informação entre elas é feita pela língua originária tupi-guarani. “Isso facilita muito a nossa comunicação. Acaba sendo um ponto forte quando passo algumas orientações sem que o adversário compreenda o que estou falando. Isso é, sim, um diferencial”, disse Miller Borvão.
A equipe volta a jogar nesta terça-feira (21), às 13h30, na Arena de Esportes da Bahia, em Ipitanga, contra o time da escola Justo Chermont, do Pará.
As partidas acontecem durante esta semana até sábado, 25, em três equipamentos esportivos da Região Metropolitana de Salvador: a Arena de Esportes da Bahia, em Lauro de Freitas; o Ginásio Poliesportivo de Cajazeiras, em Salvador; e o Ginásio do SESI de Simões Filho.
Os iniciam às 9h, seguem durante toda a tarde. A entrada é gratuita!
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