ESPORTES
Esportes de Verão: skimboard movimenta praias de Salvador
Por Rafael França

É preciso correr em direção ao mar, atirar a prancha contra a marola que acaba de invadir a areia e, com agilidade e precisão, saltar sobre a mesma prancha para desafiar as ondas possantes com uma infinidade de manobras. Apesar da semelhança, o skimboard não deve ser confundido com o surfe. O esporte, que tem em sua essência manobras do skate, do surfe e do snowboard, surgiu por volta da década de 1930 no litoral norte-americano. O skim já não é novidade pelo mundo, mas a sua prática tem sido cada vez mais notada nas praias de Salvador.
"É difícil dizer, mas, de um ano para cá, o nosso grupo teve um crescimento assustador. Por mês, umas cinco pessoas novas nos procuram para começar a praticar", conta Lucas Maia, 22 anos, estudante de veterinária e praticante do skim há cinco anos.
Embora também seja surfista, Lucas diz que prefere praticar o skimboard. "É que o surfe é bem menos intensivo do que o skin. No surfe, você rema bastante para pegar uma onda e pode até demorar uns dez minutos para pegar outra. No skim, você pega uma onda a cada minuto: corre, pega a onda, volta para a beira e já está pronto para pegar outra. O surf é mais vagaroso", explica.
Lucas administra no Facebook a página Skimboard Salvador Bahia, local que serve como ponto de encontro para praticantes e admiradores do skim combinarem sessões e trocarem informações gerais sobre a modalidade.
As praias de Buracão, no Rio Vermelho, do bairro de Amaralina e do "Barravento", na Barra, são os melhores "picos" para quem pretende se aventurar no skim. Estas três teriam as melhores "constantes" - termo utilizado para classificar as ondas que quebram com força na beira das praias e permitem a prática do skim.
Novas pranchas - Antes, de modo incipiente, o skimboard era praticado em Salvador apenas com pranchas de madeira, em sua maioria improvisadas. Numa alusão ao que seria o contrário de "surf", o esporte teria sido nominado pelos grupos que nele se aventuravam de "frus".
"Antes, a galera pegava a madeira, fazia no formato da prancha e jogava no mar. Mas não tinha bom atrito com as ondas e a experiência não era das melhores", pondera Lucas.
A capital baiana somente acompanharia, a partir de 2007, a evolução que já estourara antes no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Espírito Santo, quando começaram a chegar, por encomenda, as pranchas de espuma.
"Hoje em dia, todas as pranchas são revertidas de fibras e de resina, o que faz com que elas fiquem impermeáveis. No skimboard de espuma, dá para fazer mais coisas do que no de madeira, porque é feita de material mais resistente".
A prancha de espuma, porém, pode custar até cinco vezes mais do que a de madeira - e ainda não é fabricada na Bahia. Pranchas de espuma, mais resistentes e, portanto, mais duradouras do que as de madeira, custam em torno de R$ 550,00 em lojas do Espírito Santo, do Rio e de São Paulo. Em Pernambuco, por conta da explosão recente do esporte em Recife, novas lojas também já fabricam e comercializam estes novos modelos.
Os membros da página Skimboard Salvador Bahia oferecem informações sobre estas lojas. Lá, também é possível encontrar anúncios de pranchas de espuma usadas e conseguir preços mais em conta, bem como também são encontrados usuários que fabricam artesanalmente pranchas de madeira e as colocam à venda.
Para iniciantes - Para os interessados em se iniciar no skim e que dispõem de poucos recursos, Lucas sugere que aprendam a trabalhar manualmente com resina e com fibras.
"Não tem muito mistério. A pessoa pega um compensado de madeira normal e faz ele no formato de uma prancha de skimboard. Basicamente, é ter uma noção de como sheipiar (fazer o formato). Mas madeira por si só não dá um bom desempenho. Tem que saber mexer com resina e com fibra", recomenda.
Skimboard x banhistas - Por ser um esporte praticado na beira da praia, onde normalmente se encontram crianças e outros banhistas mais prudentes, que não se arriscam mar adentro, o skimboard, com toda a sua velocidade e dinâmica, pode ser o pivô de conflitos.
Por isso, a prática em grupo é recomendada, para que um determinado espaço da praia seja inabitado pelos banhistas e os riscos de acidentes sejam reduzidos. Segundo Lucas, a sua galera não tem encontrado problemas deste tipo.
"Esta é realmente uma preocupação. Tem lugar, como o Barravento, em que tem muita gente. Mas a gente fica num lugar só e tenta dominar a área. O pessoal percebe o perigo e sai tranquilamente. Nunca chegamos a ter problemas com isso", finaliza.
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