CAMPEONATO BAIANO
Bahia procura novo herói para voltar a ser campeão do Baianão
Tricolor quer ser campeão em cima do rival na Fonte Nova após 30 anos
Por Daniel Farias
As metáforas do herói e do vilão são frequentes no universo dos esportes coletivos. No futebol, a capacidade de surpreender ou causar um dano irreversível à própria equipe fica ainda mais forte por conta da alta competitividade e da proximidade técnica nos confrontos, sobretudo em jogos decisivos.
Na primeira final do Campeonato Baiano, o atacante Mateus Gonçalves, do Vitória saiu do banco para decidir no Barradão e vestiu a capa pelo lado rubro-negro, mas faltam ainda pelo menos 90 minutos para a confirmação desse papel na história dos clássicos em finais e o Tricolor finaliza hoje a preparação buscando reverter o placar de 3 a 2 na ida.
Tratando-se de decisão do Baianão na Fonte Nova, um personagem alçado ao posto de herói do Esquadrão de Aço é sempre lembrado: Raudinei. No ano em que aquele Ba-Vi realizado no dia 7 de agosto de 1994 completa três décadas, o time tricolor também alcança a marca de 30 anos que não conquista um título contra o Vitória no estádio. O último foi justamente aquele.
O mistério que envolve o futebol permite construir relações entre situações distintas e recorrer às possibilidades do acaso e das coincidências, indo além da racionalidade, principalmente em momentos de superação como uma final. Na busca do título, uma pergunta que fica é quem, no elenco, poderá decidir, como Raudinei em 1994?
Dito de outra maneira, quem poderá ser o Super-Homem que vai restituir a glória ao Bahia, como questiona, em outro contexto, a canção de Gilberto Gil, torcedor tricolor? Vamos, então, procurar saber.
O primeiro nome é Thaciano, o candidato mais forte. Já balançou a rede duas vezes para colocar o Bahia na frente do placar em dois dos três clássicos, e é o artilheiro do time na temporada. Com a função de falso 9, móvel, tem sido capaz de surpreender a zaga dos adversários e é um dos jogadores mais vibrantes e identificados com a torcida na temporada. Candidatíssimo a herói, caso o Esquadrão de Aço levante a taça.
Outros dois jogadores podem vestir a roupa azul, vermelha e branca do Super Man: Éverton Ribeiro, que já marcou dois gols em 2024, um deles contra o Vitória, no jogo da fase de grupos, no Barradão. Uma das principais contratações da história do clube, o meia tem sido cobrado por desempenhos mais decisivos. O terceiro é Cauly, destaque do ano passado e que vem em uma crescente. Participou dos dois gols da partida de ida, com um passe e um tento.
O escolhido
Everton Ribeiro, provavelmente pela experiência e capacidade de decisão, foi o escolhido para dar entrevista coletiva ontem. Ele não falou sobre brilho individual, mas aposta em virada heroica do Esquadrão, é claro. “Já tive que reverter resultados muitas vezes. Temos que ter calma, não podemos ser desorganizados, é ter muita intensidade. Esse é o caminho, a gente sabe jogar da nossa maneira. Não vai ser fácil, mas a gente tem totais condições e vamos fazer de tudo para levar esse título”, afirmou o meia, que garantiu estar com o físico apurado.
“Eu me sinto bem, já terminei alguns jogos esse ano e terminei bem. Fisicamente e psicologicamente a gente está bem, temos evoluído. É uma equipe que se formou esse ano, às vezes acaba se perdendo ao longo do jogo, mas acredito que estamos no caminho certo e vamos fazer um grande jogo nessa final”.
Mas há ainda a possibilidade de o herói pode ser improvável, os atacantes Biel e Ademir correm por fora, mas já mostraram capacidade decisiva em outros momentos. A exemplo de Raudinei, que saiu do banco de reservas para decidir, os dois são atletas agudos, rápidos e têm características que podem surpreender a bem organizada zaga adversária.
Diferentemente de 1994, o empate não é favorável ao Bahia. Naquele ano, o Campeonato Baiano ocorreu com um formato de quatro turnos e teve uma duração de meses. Começou no início do ano e terminou apenas em agosto. O Bahia venceu dois turnos, enquanto o seu rival ficou em primeiro em apenas um. Com vantagem, a decisão ficou para um último jogo na Fonte Nova.
Um empate era suficiente para o Esquadrão conquistar o título, mas o Vitória abriu o placar com Dão, no fim do primeiro tempo, diante de mais de 90 mil torcedores das duas torcidas na antiga Fonte Nova. No segundo tempo, o Rubro-Negro pressionou e Jean fez defesas importantes. Aos 46 minutos, depois de uma rápida discussão no campo e de receber o cartão amarelo, Raudinei, que havia entrado no intervalo, recebe uma bola na intermediária e chuta forte, rasteiro, para deixar tudo igual e encaminhar o título.
Desde então, Raudinei é sempre lembrado pela importância para a conquista do bicampeonato, o que um possível herói também pode alcançar para o Tricolor no próximo domingo.
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