QUANDO ENGRENA?
Em crise, Bahia não rende; técnico prevê melhora até o Brasileirão
No último jogo, a equipe mostrou muita fragilidade e não ofereceu resistência frente ao Fortaleza
Por Júnior Almeida

O tempo fechou no CT Evaristo de Macedo. Apesar da semana de muito calor em Salvador, o clima na Cidade Tricolor não está nada bom. A derrota para o Fortaleza por 3 a 0, em plena Fonte Nova, na última terça, fez as cobranças externas em cima de Renato Paiva ganharem coro. No último jogo, a equipe mostrou muita fragilidade e não ofereceu resistência frente ao Leão do Pici. Se o confronto com os comandados de Vojvoda era o primeiro teste de fogo do ano para Paiva, o português e o elenco saíram de campo reprovados.
A noite da última terça-feira foi de uma infelicidade generalizada. O time, em termos coletivos, não rendeu. No âmbito individual, ninguém brilhou. A defesa, logo de cara, foi alvo de insatisfação. Em 36 minutos, levou três gols dos visitantes. Na atual temporada, o desempenho também desagrada. Somente em três jogos no ano a meta do Esquadrão não foi vazada. Nos jogos contra Jacuipense, Vitória e Doce Mel – esse com escalação sub-20 – todos pelo Campeonato Baiano. Nas últimas cinco partidas, entre todas as competições, são sete gols sofridos. Média superior a um gol por jogo. Sobre o tema, o comandante não nega a necessidade de evolução: “Temos que melhorar o processo defensivo, estamos falhando em muitos jogos”, ressaltou.
O sistema ofensivo também não foi eficaz. O Bahia perdeu muitas oportunidades de diminuir o placar e terminou o duelo sem marcar gols. Desde o início de 2023, apenas em cinco partidas o Tricolor conseguiu marcar mais do que um gol no adversário. Além disso, em três ocasiões não saiu do zero no marcador. Superado em todos os aspectos do confronto, Paiva assumiu a superioridade do rival após a partida. “O Fortaleza foi melhor coletivamente e individualmente que o Bahia. É mérito do Fortaleza. Estão de parabéns. Na maior parte do tempo por mérito deles, em alguns momentos por demérito nosso. São três anos de trabalho com o mesmo treinador e quase que com a mesma equipe”.
Frustração
A preparação especial que a comissão técnica montou para o último duelo criou uma expectativa de um time mais entrosado e consciente das suas ações. Em campo, nada ocorreu como esperado. O descontentamento pelo mau desempenho também contém uma pitada de história. Depois de 40 anos, o Fortaleza voltou a vencer o Esquadrão atuando fora de casa. Esse era um tabu que certamente Renato não queria ver quebrado. Questionado sobre o prazo para o time encaixar, o treinador desconversou e disse não saber.
A pressão nas redes sociais por uma demissão de Renato ganhou força depois da derrota. O histórico e retrospecto do Grupo City, no entanto, sinalizam que ele deve ser blindado e ter e tempo de trabalho. Nos outros clubes que são administrados pelo consórcio, há longevidade, em sua maioria. No Manchester City, Guardiola chegou em 2016 e permanece. O Girona, da Espanha, tem Míchel no cargo desde julho de 2021. Na Bolívia, o Bolívar é comandado por Beñat San José desde novembro do ano passado, mas seu antecessor, o brasileiro Antônio Carlos Zago, foi muito vitorioso e saiu pela porta da frente.
O New York City tem Nick Cushing à frente da equipe desde junho de 2022, mas antes disso o técnico Ronny Deila passou mais de dois anos no clube, antes de sair. Na França, o Troyes contratou Patrick Kisnorbo no final do último ano e o ex-comandante havia ficado por dez meses à beira do campo dos franceses. O Montevideo Torque, do Uruguai, é o maior ponto fora da curva: tem Ignacio Ithurralde há apenas 86 dias. Lucas Nardi, seu antecessor, esteve no time por apenas 54 dias.
Enquanto Renato Paiva não estabelece prazo, o torcedor quer melhorias para ontem. Após fracassar na primeira grande prova do ano, O Bahia volta a campo amanhã, pelo Nordestão. A equipe buscará o primeiro triunfo na competição, diante do Atlético-BA, que vem de cinco derrotas seguidas, no Carneirão.
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