EX-TREINADOR
Em relato, Renato Paiva lembra passagem no Bahia: "Pressão excessiva"
Português contou detalhes do futebol brasileiro e afirmou que não seria demitido pelo Grupo City
Por Da Redação
Renato Paiva chegou ao Bahia em dezembro de 2022 para ser o primeiro treinador do clube na “era City”. O técnico, no entanto, pediu demissão do cargo em setembro deste ano. Agora, dois meses após deixar o Tricolor, em relato sobre sua carreira ao site espanhol “The Coaches Voice”, o português lembrou de sua passagem no futebol brasileiro e contou detalhes de como é trabalhar em um clube do Grupo City.
“Para falar de minha experiência no Brasil, tenho que dividir o que vivi em dois pontos: o jogo em si, que é apaixonante, com grandes equipes e treinadores, enormes desafios em cada ronda e estádios cheios. O outro ponto é muito menos admirável. As expectativas pouco realistas são habituais no futebol brasileiro. Uma vez, dois torcedores do Bahia vieram falar comigo em um centro comercial: ‘Mister, temos que ser campeões’. Enquanto eu dizia que iríamos lutar por isso, mas que tínhamos que respeitar o Vitória, eles me interromperam: ‘Não, treinador, não estamos falando do campeonato baiano. Temos que ganhar o Brasileirão’”, relatou Paiva.
“Essas expectativas irreais se tornam atitudes surreais. Muitos brasileiros dizem que é ‘cultural’, mas eu me nego a chamar de cultura. Também é o único país onde os torcedores vaiam o jogador de sua própria equipe. Com uma perspectiva estrangeira, de quem respeita a história e o potencial do Brasil, digo que essa “cultura” não faz mal apenas aos treinadores. É ruim para o próprio futebol brasileiro”, complementou.
O treinador ainda fez questão de esclarecer que o Grupo City não pretendia demiti-lo até o fim da temporada e que o Bahia apresentava uma evolução dentro de campo.
“Minha sensação é que o Bahia estava evoluindo quando saí. Vi que o time estava jogando cada vez melhor. O Bahia foi o sexto time dos 20 que menos sofreu chutes a gol e o quinto com mais finalizações. Ou seja, coletivamente falando, havia um trabalho em andamento, uma ideia. No Brasil, porém, olhamos apenas para os resultados. E, de fato, os resultados não foram bons. É importante deixar claro que o Grupo City não iria me demitir até o final da temporada. Não houve ameaça de demissão. Pelo contrário, senti muita confiança e apoio de Manchester”, contou o técnico português.
Por fim, o treinador explicou como é trabalhar em um clube do Grupo City e que a pressão excessiva no ambiente foi um dos motivos que o fizeram colocar o cargo à disposição.
“Trabalhar em um clube do Grupo City é diferente. Existem diretrizes que devem ser seguidas e respeitadas. O estilo de jogo tem que se enquadrar em determinados parâmetros que eles estabelecem e estávamos claramente dentro do que era exigido. Mas senti que era hora de partir. A pressão era excessiva e eu não queria aquele ambiente para os meus jogadores”, concluiu Paiva.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes