EC.BAHIA
Entrevista Muriel: “Vim para ajudar o Bahia e crescer na carreira”
Por Vitor Villar

Muriel chegou em julho junto a um pacote de cinco reforços para tentar resgatar o Bahia de uma crise técnica e recolocar o time na briga pelo acesso. A sua missão, porém, tinha um desafio a mais que a dos companheiros: tinha que substituir Marcelo Lomba, que vinha em má fase mas era a referência da posição no Tricolor há quase cinco anos. Em entrevista exclusiva para A TARDE, o goleiro de 29 anos falou sobre como tem se saído e se deseja ficar no Tricolor para 2016:
Quando você chegou, o Bahia estava no auge de uma crise. O que mudou no time?
Quando cheguei, o clube estava de fato oscilando, mas todo mundo que a gente conversava aqui sentia que o Bahia ainda ia brigar para subir, porque é um clube grande e com um excelente elenco. O problema era que até aquele momento, não havia encaixado ainda. Coincidiu que aconteceu depois da minha chegada e a de mais esses jogadores.
Você acredita que esse grupo que chegou contigo trouxe uma mentalidade diferente?
Não atribuo somente à nossa chegada, mas vejo que esses jogadores têm algo em comum. Eu, mesmo, vim para reconquistar meu espaço. No Internacional, fui titular por três temporadas, mas vinha de dois anos atuando só em algumas partidas. Acho que todos compraram essa briga, todo mundo veio com vontade de crescer na carreira e ajudar o Bahia. Também fomos muito bem recebidos, e em mais ou menos duas semanas eu já me sentia em casa. Acho que por isso a gente encaixou tão cedo. É difícil chegar no meio de um campeonato, mas éramos todos jogadores experientes e nos adaptamos rapidamente.
Quando você chegou, vinha de um momento ruim no Inter e a torcida ficou desconfiada. Hoje, como você vê a confiança dos tricolores em você?
Ainda estou há pouco tempo aqui, mas os que converso na rua ou nas redes sociais sempre me passam muito apoio. Vim com o intuito de ajudar o Bahia e crescer na carreira. Acredito que meus interesses coincidem com os do clube, de retomar nosso caminho. Fora do campo, como disse, recebo muito carinho, não só eu, mas meus filhos, que tiveram de mudar de colégio no meio do ano, minha esposa, que mudou de cidade e adorou Salvador...
Mesmo para ficar só seis meses aqui (o empréstimo vai até o final do ano) você trouxe a família inteira?
É verdade! Eu tinha saído de Porto Alegre apenas em 2009, então sempre morei junto deles. Casei muito cedo e fui pai muito cedo e não me vejo mais sem minha família por perto. Minha esposa também pensa assim e por isso ela decidiu vir junto.
Após vir jogando bem, acredita que vai renovar com o Inter e ter mais chances por lá?
Olha, meu contrato com o Inter termina em maio do ano que vem e eu estou muito feliz aqui no Bahia. Meu empresário, Zé Maria, é quem cuida disso, mas não procurou ainda saber com o Inter qual a opinião deles. Quero seguir focado aqui e só no final do ano me envolver com essa questão.
Ficar no Bahia é uma possibilidade que você cogita?
Com certeza! Se isso acontecer, vou ficar muito feliz. Mas não conversei ainda com o presidente nem com ninguém daqui. Até porque isso não muda nada, vou seguir lutando pelo acesso.
Na partida contra o Vasco parte da torcida começou a chamá-lo de ‘Muro-El’...
Já ouvi algumas vezes as pessoas me chamando e sempre dou risada (risos)... É legal demais esse carinho.
Qual partida você acha ter sido a sua melhor no Bahia e qual poderia ter sido melhor?
Difícil falar uma melhor... Acho que fiz alguns bons jogos, mas o time não conseguiu o triunfo. Contra o Joinville (1x1 fora) fiz boas defesas... Acho que às vezes o goleiro não participa tanto, mas uma defesa pode ajudar no resultado. Acho que pude ajudar assim contra o Vasco (1x0 na Fonte Nova). A que poderia ter sido melhor com certeza foi a contra o Paysandu (2x1 fora). Tomei um gol de fora da área do Tiago Luís no qual não consegui me posicionar direito, não consegui me equilibrar e reconheço que poderia ter feito esse lance melhor.
Um dos grandes goleiros da história do Bahia é gaúcho como você. Você já conhecia Emerson e chegou a conversar com ele depois que chegou?
Claro, conheço de acompanhá-lo desde quando era criança, nos tempos que ele defendia o Juventude. Foi um grande goleiro. Já tive a oportunidade de conversar com ele, sim, e agradeço por ele ter me falado sobre a torcida e sobre toda a história que teve aqui. Não sei quanto tempo vou ficar, mas enquanto estiver vou dar meu máximo, assim como ele fez.
Alguns especialistas apontam que você mudou um pouco a sua forma de jogar, procurando espalmar mais algumas bolas para evitar falhas. Confere?
Nunca pensei a respeito disso, mas acredito que a experiência vai nos dando essa bagagem automaticamente. Quando a gente é novo, às vezes não sabe qual é a melhor escolha. Hoje, se vejo que dá para agarrar a bola, tento pegar. No momento que eu fico em dúvida, simplifico a jogada. Até porque hoje a gente joga com bolas cada vez mais cheias de efeito, mais leves, então é melhor não correr riscos...
Você vive uma situação interessante, de por um lado ter um irmão mais novo (Alisson) que é titular da Seleção e que joga no Roma, mas que alcançou tudo isso conquistando seu espaço como titular do Inter. Como lida com esse fato?
Fico muito feliz por ele, porque a gente sempre foi muito apegado, sempre treinou e conviveu junto. Não tenho nenhum problema com o sucesso dele, até porque não vejo dessa forma, que ele tenha tirado meu espaço. Quando ele se tornou titular, não era eu o goleiro que estava jogando, mas o Dida. O Internacional é um grande clube, sempre teve excelentes goleiros e é por isso que vejo tudo de outra maneira. Fico feliz por ter sido titular lá por três temporadas e ter mais de 200 jogos pelo time. Fico muito feliz de ter feito história lá com meu irmão. Isso é a realização de nosso sonho quando criança. Já é difícil uma pessoa virar um grande jogador de futebol na família, imagine a nossa, que tem dois. E ele ainda atingiu o nível máximo, que é jogar na Europa e na Seleção. Tenho orgulho do que ele alcançou.
Como é a sua relação com o Alisson? Você fala do seu momento aqui no Bahia, ele assiste aos seus jogos?
Sempre! O Bahia tem mais um torcedor, que é o Alisson. Ele acompanha tudo, assiste a todos os jogos que pode, até porque a gente tem esse costume desde a época da base, de assistir um ao jogo do outro e conversar sobre a performance. Depois de cada jogo meu aqui ele me liga e quando é jogo dele eu ligo e a gente troca impressões, conversa o que poderia ter sido feito de maneira diferente... Essa prática a gente manteve durante toda a vida, porque ninguém se cobra mais no futebol do que o goleiro. Tenha certeza que agora a família Becker tem mais dois times para torcer, que são o Roma e o Bahia.
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