"Meta para 2023 é o acesso à primeira", garante Fábio Mota | A TARDE
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"Meta para 2023 é o acesso à primeira", garante Fábio Mota

Presidente completou seu primeiro ano a frente do clube e fechou a temporada com o acesso à Série B

Publicado sábado, 24 de dezembro de 2022 às 06:00 h | Autor: Victor Razoni
Mota abriu as portas do Barradão em entrevista exclusiva
Mota abriu as portas do Barradão em entrevista exclusiva -

Com o ano de 2022 chegando ao fim, o balanço da temporada para a torcida do Vitória é positivo. Mesmo com as eliminações no Baianão e Copa do Nordeste, o clube conseguiu o principal objetivo, que era sair da incômoda Série C e subir para a Série B do Campeonato Brasileiro. 

Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, o presidente do clube, Fábio Mota, falou sobre a experiência de ter dirigido o clube em sua primeira temporada completa. Em 2021, ele assumiu interinamente já na reta final do ano, após o afastamento do ex-presidente Paulo Carneiro. 

Durante a conversa, o cartola rubro-negro revelou projetos para melhorar o plano de sócios do clube, impulsionar as mídias digitais e fazer do Vitória um time mais acessível aos torcedores e torcedoras. No entanto, nas palavras de Mota, o foco principal mesmo é, sem dúvidas, buscar o retorno à elite do futebol nacional. Confira:

Com um ano bastante difícil, quais foram os erros de 2022 que não podem ser repetidos em 2023?

Acho que a maior indução ao erro é a falta de planejamento. O erro de 2022 foi a montagem de elenco, em função de não ter planejamento, e a gente não teve planejamento porque não tivemos tempo. Eu entrei com o clube praticamente na Série C, e só tinha 14 dias para montar uma equipe para o campeonato baiano, tendo em vista que, naquele momento, o Vitória já tinha uma punição da Fifa por não ter pago ao jogador Walter Bou. Essa punição já entraria em vigor logo na primeira semana de janeiro. Nesses 14 dias, não tinha como montar uma equipe, mas era o que tínhamos que fazer. Não havia outra opção. Para que isso não aconteça em 2023, a gente precisa equacionar as finanças do clube, porque o que levou a isso acontecer foi a falta de pagamento dos compromissos, e a partir daí a gente vem fazendo um planejamento totalmente diferente.

Metade da equipe que subiu foi formada no clube, acredita que a base pode ser ainda mais utilizada, para que essas contratações sem planejamento sejam evitadas?

Os esforços que a gente vem fazendo desde que chegamos no clube é o reforço da base. Primeiro na implementação de categoria do sub-9 até o sub-20, que não tínhamos. Até chegarmos aqui, os meninos não recebiam bolsa há 5 meses, alimentação reduzida a uma única proteína, tudo isso a gente mudou, atualizamos a bolsa dos meninos, melhoramos as instalações, fizemos um prédio inteiro que é só para a base. Construímos também um pequeno estádio com capacidade para 1200 torcedores para a base jogar, recuperamos os campos perto do estacionamento e estamos fazendo a drenagem de todos esses campos para ter uma melhor condição de ser praticado o futebol. Criamos uma metodologia nova, voltamos a fazer convênio com escolinhas e peneiras, que é bastante importante e também para evitar esses gastos desnecessários com contratações sem planejamento. Entendemos que a base é fundamental para o clube. 

Arquibancada construída dentro do CT do clube, para cerca de 1200 torcedores
Arquibancada construída dentro do CT do clube, para cerca de 1200 torcedores |  Foto: Denisse Salazar | Ag. A TARDE
 

Muitos torcedores reclamam dos planos de sócio, o Vitória vai ter novos planos de sócio para a temporada de 2023? 

Vamos lançar um plano novo. Nós fizemos uma pesquisa logo quando chegamos ao clube com o sócio torcedor, e a estratificação desta pesquisa é a base do plano que vamos lançar em janeiro. Vai ter planos para pessoas que moram fora, planos para mulheres, vai ter uma série de novas ações que vamos lançar no início do ano.

Existe a reclamação sobre dificuldade de comprar produtos do clube fora de Salvador, o Vitória pretende encontrar uma solução para isso?

Há oito dias que o site da Volt, que é a nossa parceira e fornecedora de material, começou a vender as camisas do Vitória, além das lojas nacionais. Hoje, as lojas nacionais vendem a camisa do Vitória, coisa que não acontecia antes, como por exemplo a Centauro, que vende no Brasil inteiro. A camisa do Réveillon mesmo foi um sucesso, esgotou em dois dias e vai chegar mais dia 23.

Até o momento, já foram feitas nove contratações para o início da temporada de 2023, ainda vai ter mais contratações esse ano?

Vamos sim. O Vitória precisa de um lateral-direito e estamos buscando esse lateral, porque a gente só tem um no elenco e não podemos ficar apenas com um. O clube também está buscando um jogador de beirada, pela esquerda temos Rafinha, Osvaldo e Dibble, falta do outro lado. Pela direita temos apenas o Alisson Santos e Gegê, que sabe fazer essa posição, só que improvisado. Precisamos de mais um para atuar nesse setor, esperamos acertar essas duas contratações até o final do ano. 

Nas últimas temporadas na Série B, o Vitória lutou contra o rebaixamento, chegando a ser rebaixado em 2021, qual vai ser o diferencial para 2023? 

Vitória há anos não conseguia um acesso e sempre estava lutando para não cair. Eu acho que a gente mudou essa configuração, conseguimos nosso primeiro acesso, vamos buscar nosso segundo acesso. Evidente que estamos montando um time competitivo para disputar a temporada de 2023, vamos entrar no Campeonato Baiano para ser campeão, entrar na Copa do Nordeste para brigar pelo título, chegar bem longe na Copa do Brasil, mas nosso principal objetivo é conquistar o acesso para a Série A. Voltando para a primeira divisão tudo melhora, a cota de televisão é mais alta. Na segunda divisão, juntando cota de televisão e patrocínio, fica em torno de R$ 8 a 9 milhões, quando você chega na Série A, isso tudo se transforma em R$ 80 milhões, então é 100% acima do que o clube passa a receber. Com a estrutura do Vitória isso é fundamental. Na Série B é difícil, na Série C era praticamente impossível. Por isso, nossa meta para o ano de 2023 é o acesso à primeira divisão para equilibrar as finanças do clube.

O Vitória recentemente voltou a ter outros esportes como basquete, remo e futevôlei. Existe um planejamento para criar um ginásio olímpico?

Temos planos. Voltamos bem com os esportes olímpicos, no basquete fomos campeões baiano e da Copa do Nordeste, no remo também sendo campeão baiano e do nordeste. Fizemos a primeira equipe de futevôlei do Vitória e estamos na primeira divisão da competição, que tem transmissão ao vivo nos canais esportivos e isso é bastante importante. Nossa ideia é estender essa parceria indo para o vôlei, judô, karatê, entre outros esportes olímpicos, devido a grandeza da instituição. Temos já um projeto para o ginásio de esporte, recuperamos nossas quadras que ficam perto do estacionamento, e temos ali a ideia de fazer um ginásio esportivo. 

Mota mostrando aos torcedores o terreno onde será construida a futura escolinha de futebol do clube
Mota mostrando aos torcedores o terreno onde será construida a futura escolinha de futebol do clube |  Foto: Denisse Salazar | Ag. A TARDE
 

Por que o Vitória não passa atuar mais na internet e no marketing digital, colocando podcast e expondo mais os bastidores, por exemplo?

Bom, já temos um projeto arrojado para a TV Vitória, teremos podcast, teremos transmissões dos campeonatos de futebol de base, futebol feminino e outros esportes, uma equipe de profissionais, como diretor de TV, locutor, comentarista. Então é um projeto bastante robusto, para comemorar esses 100 mil inscritos no Youtube. Um clube que tem 3,5 milhões de torcida, esse número é do pay-per-view e do Ibope. Então sabemos que temos muito mais do que esses 100 mil, iremos apenas comemorar essa marca nas redes. Queremos ampliar essas transmissões que já foram feitas esses anos, com os torneios de base. Iremos avançar nas mídias digitais, conseguimos grandes feitos no Instagram, ultrapassando 1 milhão de seguidores. Desde que chegamos, estamos 'abrindo' o clube, torná-lo mais próximo do torcedor. 

Como funciona atualmente o setor de scout e inteligência do clube? 

Temos quatro profissionais no setor de scout e inteligência, que é a nossa análise de desempenho. Atualmente, nós temos as plataformas mais avançadas do Brasil. Muito caras, por sinal. Tem algumas que custam até R$ 36 mil ao ano. Isso é a base, disso que se inicia o monitoramento para depois chegar nas contratações. Temos um coordenador que só faz o jogo do adversário, tem outro que faz a análise do Vitória, outro que analisa só o mercado e tem um outro que coordena tudo isso. Então acho que estamos bem servidos, com plataformas de primeiro mundo, nível time europeu.

Na temporada de 2023, o Vitória pretende mandar todos os seus jogos no Barradão?

Com certeza. Barradão é o nosso templo sagrado. Todos os jogos serão no nosso estádio, aqui nós temos contrato com o bar, contrato com estacionamento. Seria um prejuízo muito grande deixar de mandar os jogos dentro do Barradão. Na situação em que a gente se encontra, não podemos abrir mão disso tudo que mencionei.

Pretende fazer melhorias no estacionamento? Colocar algum food truck ou bar?

O estacionamento é uma cultura para a torcida do Vitória. Tem pessoas que vem para o estacionamento e nem entram para assistir o jogo. Essa questão é cultural. Não pretendemos fazer uma grande alteração, a gente quer organizar, colocar um quiosque, entre algumas outras coisas. Mas certamente isso não seria algo para agora, estamos pensando mais lá para frente. Estamos ainda desenvolvendo esse projeto para o futuro.

Fábio Mota: "Todos os jogos (em 2023) serão no nosso estádio"
Fábio Mota: "Todos os jogos (em 2023) serão no nosso estádio" |  Foto: Denisse Salazar | Ag. A TARDE
 

Muito se comenta sobre a possibilidade do Barradão virar Arena. Essa ideia está no radar para a sua gestão?

O custo do estádio hoje é muito caro, muito, principalmente por conta da iluminação. O Vitória hoje não pode jogar com menos de 5 mil pessoas, porque se jogar com menos disso o clube fica no prejuízo. Quando a gente bota tudo na ponta do lápis, seguro, iluminação, quadro móvel, limpeza do estádio, fica um custo muito alto. Evidente que tudo isso está no nosso horizonte, mas não nesse exato momento. 

Sem jogos há três meses, como tem sido para manter as contas do clube em dia?

Nesse exato momento, a gente tem que concentrar as energias para a organização do dia a dia do clube. Estou aqui há um ano e dois meses e estamos esse período com salário em dia, de jogador e funcionário. Não fazemos um jogo há três meses, então é bem difícil. Temos 10 mil sócios que trazem de receita em torno de R$ 450 mil, enquanto nossa despesa fixa é de R$ 2 milhões. Temos feito mágica para conseguir patrocinadores e pagar as despesas do dia a dia e ainda as passadas, deixadas por gestões anteriores. 

Quais são os principais focos que você tem para organizar e melhorar ainda mais o que está sendo feito neste mandato?

Nós melhoramos muito a estrutura do Vitória neste tempo de gestão. Fizemos um mini-estádio para a divisão de base e futebol feminino jogar. Estamos fazendo a portaria, dois campos novos, recuperando os gramados da divisão de base, fizemos um prédio novo, vamos ter novos banheiros femininos. As mulheres, quando o futebol começou, elas eram restritas. Hoje tem mais mulher no Barradão do que os homens, as instalações do estádio não estavam adequadas para receber esse público feminino. Estamos melhorando ainda mais a estrutura para ser um clube mais acessível, transparente e atualizado na realidade do dia a dia. 

Novo prédio para as categorias de base do clube
Novo prédio para as categorias de base do clube |  Foto: Denisse Salazar | Ag. A TARDE
 

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