EC VITÓRIA
Torcedor do Leão tem motivos para comemorar, mas não pode se iludir
Já foram nove contratações até agora e nomes relevantes do futebol brasileiro chegaram à Toca
Por Celso Lopez

As dívidas foram negociadas, as contratações foram feitas e o planejamento segue com um daqueles que mais conhece o clube nos últimos anos, João Burse. É, o torcedor do Vitória realmente tem razão em pensar que essa pode ser uma temporada melhor que as anteriores, mas o ‘sapato alto’ só vai fazer uma desilusão doer bem mais. Apesar de ter como última lembrança o êxtase do acesso, a arquibancada rubro-negra precisa ter paciência e lembrar que o clube passa por um processo de reconstrução, que foi bem sucedido até agora.
Já foram nove contratações até agora e nomes relevantes do futebol brasileiro chegaram à Toca do Leão. O grande destaque vai para o atacante Léo Gamalho, que ajudou o Coritiba a subir e se manter na Série A. Contudo, há também Osvaldo, outro homem de frente muito experiente. Quem chega como grande promessa é Diego Torres, o argentino que vestiu a camisa 10 no dia da sua apresentação. Para quem viu o time contratar mais de 30 reforços sendo a maioria sem grandes currículos, a pré-temporada para 2023 é um alento.
Porém, nem tudo é tão fácil quanto parece. Basta lembrar, por exemplo, de quem chegou a vestir a camisa 10 do Leão há pouco tempo. Jadson, que era para ser o grande cara da Fábrica de Craques na Terceira Divisão, entrou em um acordo com o clube e se despediu precocemente, após desempenhos muito ruins. Além disso, também há o desfalque de Dionísio, fundamental nessa temporada, por ao menos sete meses. Para não tomar mais um banho de água fria, o torcedor precisa se atentar ao discurso cauteloso de quem está dentro da instituição.
“O objetivo do Vitória, neste ano, é voltar para a Série A. Ninguém espere que a gente monte uma seleção para Baiano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil. O orçamento é apertado. A maior parte dos gastos vai ser no segundo semestre”, explicou Fábio Mota em entrevista coletiva na renovação de João Burse.
A fala não foi um fato isolado ou uma colocação conveniente em meio ao cenário caótico do Vitória, mas algo que já estava presente no ambiente rubro-negro muito antes. Após o triunfo em jogo-treino contra o Itabuna, por exemplo, Burse preferiu analisar mais a preparação do que o resultado. “Nosso planejamento já segue montado lá atrás. Só estamos dando sequência”, comentou.
Sobre torcer e aprender
Torcer é paixão. Torcer é acreditar no gol dos acréscimos, mesmo que ele pareça impossível. Torcer é estar com aquele friozinho na barriga antes de um jogo importante. Torcer é sentir, e existem muitos níveis de como alguém pode fazê-lo. Nos últimos anos, tudo que o torcedor rubro-negro teve direito foi a sofrer. Não só o sofrer natural da derrota, mas o sofrer previsível, daquele que sabe os problemas que o clube enfrenta e se sente impotente perante a isso. Como dizer que o empolgado torcedor do Vitória agora está errado em sorrir sem motivo? Em fazer um evento para receber seu novo artilheiro? Em pensar que agora as coisas podem ser melhores? Não dá.
Contudo, depois de tanto sofrer, também é preciso aprender. Aprender que as coisas foram feitas da maneira errada, e que não houve uma construção para que o futuro fosse mais fácil. Um bom processo garante bons resultados? Não, mais há mais chance de se chegar aos títulos caso se tenha passado por isso.
Para a felicidade dos rubro-negros, a reconstrução tem sido bem feita, mas a paciência ainda é necessária.
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