MOVIMENTO
Debandada! 19 das 27 federações estaduais se viram contra Ednaldo
Manifesto assinado pela maioria das entidades locais formaliza ruptura com o presidente afastado
Por Redação

A crise institucional da CBF ganhou novo capítulo. Horas após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinar o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade, dezenove das 27 federações estaduais de futebol assinaram um manifesto formalizando o rompimento com o dirigente, numa articulação que mira a disputa à sucessão presidencial.
O movimento indica que a maioria dos dirigentes regionais já não acredita em uma reviravolta no Supremo Tribunal Federal (STF), onde Ednaldo tenta reverter a decisão que o tirou do cargo. Para essas federações, a era Ednaldo na CBF chegou ao fim.
Bloco majoritário costura novo nome para o comando da CBF
A formação do bloco das 19 federações estaduais ocorre em ritmo acelerado, já mirando a eleição que será convocada pelo interventor Fernando Sarney, nomeado pela Justiça como responsável por conduzir o processo de transição e definir a nova cúpula da Confederação.
Ainda não há um nome fechado para a sucessão, mas o movimento é claro: existe um pacto para não apoiar o retorno de Ednaldo, e sim construir uma candidatura que represente estabilidade política, institucional e alinhamento com as federações.
Essa articulação conta com o apoio de federações de peso, como as do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Goiás e Distrito Federal, além de outras regionais que tradicionalmente seguem o voto da maioria.
Isolamento político de Ednaldo se acentua
O manifesto das 19 federações representa a cristalização do isolamento político de Ednaldo Rodrigues. Mesmo antes da decisão judicial desta quinta-feira, o presidente já enfrentava desgaste interno, com denúncias por assédio, gestão temerária e suspeita de fraude em acordo judicial que sustentava sua permanência.
A perda de apoio entre as federações estaduais, que formam a base eleitoral da CBF, enfraquece ainda mais a tentativa do dirigente de se manter no cargo. Sem a maioria das federações ao seu lado, sua governabilidade torna-se impraticável, mesmo que consiga liminar no STF.
Federações que assinaram o manifestou:
Nordeste: Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Ceará e Sergipe
Norte: Rondônia, Pará, Roraima, Amazonas e Acre
Sudeste: Rio de Janeiro
Centro-oeste: Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul
Sul: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Decisão do TJ-RJ acelera reconfiguração do poder na CBF
O afastamento de Ednaldo foi motivado por indícios de falsificação de assinatura em um acordo judicial homologado no início do ano, em que o ex-presidente da entidade, Antônio Carlos Nunes (Coronel Nunes), teria assinado mesmo com comprovada incapacidade cognitiva.
A Justiça anulou o acordo e afastou Ednaldo, nomeando Fernando Sarney como interventor provisório. Sarney tem como principal missão convocar novas eleições e restaurar a legitimidade institucional da entidade, desgastada por disputas internas e escândalos éticos.
A ação judicial que culminou com a queda de Ednaldo teve como protagonistas Fernando Sarney e a deputada Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), que questionaram a validade da assinatura de Nunes. Uma perícia grafotécnica e um laudo médico robusto confirmaram que o ex-dirigente não tinha condições mentais de assinar qualquer documento.
Federações sinalizam ruptura definitiva
O movimento das federações em direção a uma nova liderança na CBF não é apenas estratégico: é simbólico. Ao formalizarem o manifesto no mesmo dia da decisão judicial, os dirigentes estaduais deixaram clara a intenção de virar a página, rejeitando qualquer tentativa de protelar o processo de sucessão.
“O clima entre as federações é de reconstrução. A maioria entende que o momento exige responsabilidade e uma liderança legítima, transparente e com respaldo da base do futebol brasileiro”, disse ao site Uol um dos presidentes signatários do manifesto de forma sigilosa.
Os próximos passos na corrida pela presidência da CBF
Com a decisão judicial ainda passível de recurso no Supremo, e um processo de sucessão iminente em curso, o cenário aponta para uma nova disputa política nos bastidores do futebol brasileiro. Os próximos passos incluem:
Convocação oficial das eleições pela CBF, sob gestão provisória de Fernando Sarney;
Apresentação de candidaturas, que devem surgir do bloco majoritário de federações;
Possível tentativa de liminar por parte de Ednaldo no STF, com chances consideradas baixas por aliados.


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