NOCAUTE NÃO É O FIM
Holyfield não joga a tolha e mostra superação para dar volta por cima
Lenda do boxe baiano mostra mais uma força e, com ajuda de amigos e professores, volta a brilhar
Por Silvânia Nascimento | Portal Massa!
Uma das regras do boxe diz que se um dos lutadores cair e ficar no chão por 10 segundos, a luta termina automaticamente por nocaute. Neste caso, o tempo que o boxeador passa no chão é determinante para mensurar se ele tem ou não condições de continuar o combate. Só que, se trouxermos essa teoria para fora dos ringues, perceberemos que nem sempre os nocautes significam o fim. Reginaldo Holyfield, um dos maiores e mais respeitados pugilistas da Bahia, pode provar isso.
Se há pouco mais de um ano o povo baiano foi pego de surpresa com tristes notícias sobre o estado de saúde do ex-atleta, hoje o cenário é outro. As imagens de ‘Holy’ transmitidas nos veículos de comunicação, em maio de 2022, que o mostravam muito abaixo do peso, já podem e devem ficar no passado. E se tem uma palavra que descreve a nova fase dessa lenda baiana, ela é a superação.
Tem sido com a solidariedade e a parceria de Thiany Rebouças, Edmar Cerqueira e Roque Alcântara, profissionais das áreas de educação física e boxe, que Reginaldo Holyfield tem dado passos significativos rumo à qualidade de vida. “Essa nossa história de preparação com Holyfield é antiga, existe há mais de 20 anos. Bem antes de todo sucesso a gente já o acompanhava. E com o surgimento da dificuldade, o professor Thiany se propôs, mais ainda, a desenvolver esse trabalho de recuperação na parte suplementar e física. Só que infelizmente, na hora do pior, nem todos estavam, mas aqui nós estávamos, porque, além de percebermos que a gente estava perdendo uma lenda, nós temos muito carinho e admiração por esse cara chamado Holyfield”, detalhou Edmar em entrevista ao MASSA!.
Apesar de ter sido derrubado várias vezes nos rounds aqui fora, engana-se quem pensa que o boxeador jogou a toalha. Mesmo sabendo que não possui mais condições físicas para voltar aos ringues, o ídolo que marcou gerações, está abraçando com total dedicação o projeto coordenado pelos amigos e, mais uma vez, preparadores.
“Todo treinamento é importante, melhor ainda quando estamos com ânimo. Mas quando não temos, aí é complicado. Às vezes o corpo está cansado, preguiçoso, sem força e não consegue render. Graças a Deus eu fui um esportista de respeito, então eu tenho por obrigação, dentro das minhas condições, de ser correto e fazer tudo direitinho para que as coisas deem certo”, destacou Holyfield.
Esse processo de recomeço está proporcionando a ‘Holy’ não apenas melhoria à saúde, mas também um reencontro diário com objetos que, por muitos anos, foram seus principais parceiros. São eles: o saco de pancadas, as luvas, os protetores e o speed ball. Voltar a ter contato com estes acessórios, faz com ele siga firme na certeza de que nenhum golpe da vida jamais será capaz de ofuscar o brilho e a história que construiu no boxe nacional.
Rotina de atividades da lenda
Com treinos personalizados e supervisionados pelo trio de profissionais, ‘Holy’ voltou a executar atividades que, por muito tempo, por consequência da saúde fragilizada, ficou impossibilitado de fazer. Atualmente, além de atividades como caminhadas, musculação, aulas de dança e até mesmo natação, o ídolo baiano também voltou a dar alguns dos velhos e conhecidos golpes do boxe.
“Juntos, fazemos um trabalho misto com variações de modalidade. Iniciamos com caminhada na orla, Jardim de Alah, depois uma corrida de leve, e, logo depois, inserimos o boxe com Edmar e Roque, porque serve como cardio, e é uma forma dele voltar a ter contato com o esporte que fez parte da vida por muito tempo. Na sequência, iniciamos a musculação, que é o mais forte nele. Ele tem mais facilidade e força na região dos braços. Com a ajuda de um amigo consegui uns suplementos, que também estão ajudando nesse processo de recuperação do nosso herói”, contou Thiany em entrevista ao MASSA!.
Popó cola junto na rede de apoio
Além do trio de professores, o boxeador baiano Acelino ‘Popó’ Freitas também está dando a maior força nessa rede de apoio à Holyfield. “Eu sou muito grato a ele. Até porque, quando eu estreei como profissional, em 1995, foi numa preliminar de Reginaldo Holyfield. Eu cheguei a fazer umas quatro preliminares dele. Na época, eu recebia pouco, cerca de R$ 400 por bolsa, mas já me ajudava a fazer mercado para minha mãe. Naquela época, ele era o cara, era o nome do boxe na Bahia. E isso me ajudou muito a ser um lutador e um grande campeão”, lembrou o tetracampeão mundial ao MASSA!.
O baiano revelou que na sua próxima luta em Florianópolis, prevista para março de 2024, fará questão de ter a presença de Holyfield. “Prometi que na minha próxima luta eu vou pagar tudo para ele ir e fazermos uma homenagem para ele. Por gratidão por tudo que ele fez por mim, também vou ajudá-lo financeiramente durante um ano”, completou Popó.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes