ESPORTES
Juliana Guimarães comenta importância da mulher no jornalismo esportivo
Por Alex Torres
Já faz 15 anos desde o início de Juliana Guimarães no jornalismo. Atualmente, a profissional que começou sua trajetória em 2006, ainda como estagiária, se tornou uma das grandes referências do meio esportivo na Bahia e serve de inspiração para muitas jovens que desejam estar se inserindo em uma área que, por muito tempo, foi preenchida quase que exclusivamente por homens.
Em entrevista exclusiva, concedida ao Portal A TARDE, a apresentadora falou sobre o seu início na profissão e a paixão pelo futebol, algo que vem desde muita nova. Nesse 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ela também comentou sobre o atual momento do jornalismo esportivo com a importância da participação feminina e disse acreditar que "estamos no caminho certo".
Durante o papo, Juliana ainda trouxe uma informação em primeira mão: o primeiro programa de rádio na Bahia voltado para futebol comandado por uma mulher. Iniciativa que abre cada vez mais espaço para a inserção das mulheres no mercado da comunicação esportiva. Confira:
Antes de mais nada, como se deu o seu início na comunicação esportiva? Era algo que você almejava desde o início?
Era sim. Desde criança sou apaixonada por futebol. Assistia aos jogos com meu pai e o esporte me fascinava, passei a praticar também entre amigas e competia com o time do colégio. Ainda adolescente, quando veio o momento de começar a pensar em qual vestibular eu ia cursar, não tive a menor dúvida. Sempre soube que faria jornalismo para ingressar na área esportiva. Como cresci no meio televisivo, já que meu pai atua nos bastidores e minha tia (Tia Arilma) fez muito sucesso na Bahia como apresentadora na década de 80, eu já sonhava em um dia ter um programa.
Nesta segunda-feira, dia 8 de março, se comemora o Dia Internacional da Mulher. Analisando a atual presença da mulher na comunicação esportiva, acredita que estamos no caminho certo ou ainda falta muito a ser percorrido?
Eu acho que estamos no caminho certo, sim. Hoje a mulher tem muito mais espaço do que quando comecei, por exemplo. Em 2006, muitas vezes eu fui aos estádios cobrir os jogos e eu era a única mulher na imprensa. Claro que antes de mim já tinham passado outras, mas, no meu dia a dia, a maioria esmagadora era de homens. Hoje já vejo um equilíbrio maior.
Ao longo de muitos anos, o meio esportivo, principalmente futebolístico, foi preenchido praticamente em sua totalidade por homens. Conseguir se inserir dentro desse meio foi algo muito difícil para você?
Sendo muito sincera? Não. Eu sou uma pessoa que me cobro muito e quando decidi ser jornalista esportiva, pra falar de futebol, eu queria ser a melhor. Então, me dediquei! Sempre busquei informações e mergulhei no universo pra dominar o assunto. O fato de entender de verdade, me ajudou muito a conquistar o meu espaço. Nunca estive ali só por ser mulher, mas sim porque eu sabia o que estava fazendo e do que estava falando. Isso me deu tranquilidade e segurança. Encontrei colegas de trabalho que me receberam bem e se um dia alguém falou algo preconceituoso, ou demonstrou resistência por ver uma mulher atuando na área, não foi na minha frente.
Estamos atravessando um momento em que existe uma onda de 'cancelamento' na Internet, onde, muitas vezes, basta emitir uma opinião que desagrade um grupo para se tornar alvo de críticas. Acredita que as mulheres que trabalham com esporte ficam mais suscetíveis a esse movimento do que jornalistas homens?
Eu acho sim que a mulher em um universo que por muito tempo foi exclusivamente masculino, sempre vai ser mais cobrada. Então, pode ser que as críticas realmente sejam mais ácidas ou injustas.
Você conquistou um espaço de referência dentro de cenário do jornalismo esportivo na Bahia, como você avalia a importância disso na luta das mulheres por mais espaço dentro do esporte?
Fundamental. Depois de mim vieram muitas outras, que incentivaram muitas a aparecer também e hoje a gente já vê mulheres à frente de vários outros veículos (rádio, impresso, digital). Acho que inspira de fato! Porque mostra que todas podem. A gente pode ser o que quiser e tiver vontade!
Recentemente, também temos visto conquistas femininas em outros locais dentro da comunicação esportiva, como a narradora Manuela Avena, primeira mulher a narrar uma final de Copa do Nordeste. O quão gratificante é para você ver essas conquistas?
Dá orgulho, né! Eu vibro muito quando vejo as mulheres brilhando no esporte. Há alguns anos esse cenário parecia ser apenas um sonho e hoje podemos ver mulheres narrando e comentando jogos até em televisão aberta. E a aceitação tem sido muito boa, porque acima de tudo, são todas muito competentes.
Existem inúmeras jovens que começam no jornalismo tendo profissionais como você como fonte de inspiração. Como é para você lembrar de todo o seu início na profissão e perceber que se tornou uma referência?
Passa um filme. O tempo tá voando e já são 15 anos desde que comecei como uma estagiária cheia de planos, sonhos e determinação. Lembro daquela menina magrinha e hoje me vejo uma mulher madura, forte, transformada por tantas coisas que enfrentei. Eu recebo muitos jovens que me entrevistam em processo de conclusão de curso, que dizem se inspirar em mim. Gente, meu coração transborda bom isso. O sentimento é de gratidão e me dá a certeza que a missão está sendo bem cumprida. O que eu digo a todos é: pode parecer piegas, mas acreditem nos seus sonhos. O importante é entender que nada cai do céu, não vem de mão beijada. É preciso muita dedicação! Estudem, leiam, queiram ser os melhores. É preciso ter um diferencial pra se destacar.
Como você projeta o seu futuro dentro do jornalismo esportivo? No caso, o que você ainda gostaria de poder conquistar enquanto profissional?
Já sou muito grata com tudo o que vivo e conquistei. Estou no ar desde 2008, ou seja, são 13 anos na faixa horário do meio dia, que tem um espaço muito importante na televisão, já tive propostas de outras emissoras e pra sair de Salvador também, mas por enquanto vou seguindo meu coração e sei que Deus tem feito o melhor pra mim. Gosto da liberdade que tenho na Band. A parceria deu certo e vou aproveitar pra contar uma super novidade em primeira mão. Vamos estrear uma equipe de rádio na Bandnews, que vai ter resenha, transmitir jogos e, pela primeira vez na história do rádio na Bahia, vai ser comandada por uma mulher! Vem aí, equipe Dona da Bola. Só posso agradecer pela confiança. Estou muito feliz! E lembrem que a gente pode, porque como digo todos os dias: futebol é pra quem entende!
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