SE VIRA NOS 60
Mar Grande-Salvador: aos 62, Abel Neto tenta repetir feito de 1996
Completar travessia em águas abertas é um desafio
Por Luiz Teles
Completar uma travessia em águas abertas já é um desafio em tanto. Superar os 12 km da Mar Grande/Salvador, com suas complicadas correntes, nem se fala. Mas o que dizer então de cumprir essa missão abrindo mão do potente e eficiente nado crawl, para cruzar da Praia do Duro ao Porto da Barra no nado costas, após os 60 anos de idade? Essa é a meta do advogado e engenheiro Abel Ventura Neto, 62, para este domingo, 1º, quando ele e mais de 200 atletas entrarão nas águas da Baía de Todos os Santos para a 54ª edição da Travessia Mar Grande/Salvador.
O feito pleiteado pelo nadador é inusitado, mas não inédito. Sua história para esta maratona é um desafio dele com ele próprio, 30 anos mais novo. Em 1996, um ano depois de ter feito a Mar Grande/Salvador pela primeira vez, no nado livre, Abel, provocado por seu treinador à época, Edelbrando, arriscou fazer a prona naquele que era seu melhor estilo. “Adorei fazer a prova no ano anterior e me senti ainda mais desafiado ao tentar finalizar ela de uma maneira diferente. Treinei bastante e consegui”, lembra Abel, que não mais disputou a travessia e três anos depois encerraria sua rotina de treinos para se dedicar a outras coisas de sua vida.
Coincidências da vida, já beirando os 60 anos, voltou a se apaixonar pelos treinos de natação em 2022, e um ano depois, no retorno da Mar Grande/Salvador após um hiato sem a prova, ele voltou a se aventurar na Baía de Todos os Santos, completando a prova nadando o percurso em estilo crawl em 3h03min. “Não tenho plena certeza, mas em 1995 terminei em 2h40min. Quando fiz no nado costas, em 1996, finalizei em 3h30. Agora vamos ver o que me espera, mas o que eu quero mesmo, sempre, é completar a prova. Quero muito repetir o feito de 30 anos atrás”, diz.
Sobre o papel da natação em sua vida, Abel, que é pernambucano, conta que nadava desde criança e que foi atleta em Recife, do Náutico, até os 18 anos, explica que teve que parar com a natação para se dedicar ao trabalho como engenheiro da Petrobras, que o fez morar no Rio de Janeiro, Singapura e China, dentre outros lugares, antes de retornar ao Brasil.
“Só que o esporte não saiu de mim. E de repente me vi motivado a ingressar na equipe do professor Márcio Cunha, em Vilas do Atlântico, para pouco mais de um ano depois já estar nadando a travessia. Meus treinos não são tão longos, em média 2,5 a 3km. Treino habitualmente no mar, em Busca Vida, e na piscina com o restante da equipe de Márcio Cunha”, conta Abel, entusiasmado.
Segundo o diretor-técnico da Mar Grande/Salvador, Bruno Riella, Abel Neto será o único atleta nesta edição a nadar a prova em um estilo diferente. “Será muito bacana torcer para que ele conclua seu desafio, como fez há quase 30 anos. Dentro de sua tradição, a prova já teve alguns outros nadadores que fizeram a prova de peito. Lembro de Juvenal Barreiro e Patrícia Brito que já fizeram a prova no nado borboleta. A Pauline Ferreira, que já fez de costas também e hoje ainda nada e vai participar esse ano no nado livre. Então, essa motivação do Abel é inspiradora e representa muito do espírito e tradição da Mar Grande/Salvador”, disse.
A Travessia
A 54ª Travessia Mar Grande-Salvador é promovida pelo Grupo A TARDE, com organização da Viramundo e produção da Ambiance Esporte e Eventos. O evento conta com o apoio da Federação Bahiana de Desportos Aquáticos (FBDA), e é patrocinado por Powerade, Village Itaparica, Governo do Estado da Bahia e FazAtleta.
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