O amor está no mar: Juliana e Rafael se preparam para disputa em Paris

O amor está no ar, ou melhor, nas águas. Na terceira matéria da série sobre os atletas baianos que podem disputar as Olimpíadas de Paris de 2024, os protagonistas da vez são Juliana Duque, de 27 anos, e Rafael Martins, de 42 anos, atletas da vela do Time Brasil.

O casal, que se conheceu através do esporte, nutre, para além de uma paixão recíproca, o amor pela vela, modalidade que os baianos competem desde novos na Baía de Todos os Santos. Na época, a dupla treinava no Yacht Clube da Bahia (YCB), onde frequentam desde crianças e treinam até hoje. A partir disso, criaram um vínculo, que evoluiu para amizade, namoro e casamento, que já dura mais de seis anos.

Ao longo do relacionamento e da parceria profissional, que iniciou em 2016, Ju e Rafa já acumulam inúmeras conquistas em diferentes classes, entre elas: HPE, J70, snipe e 470, esta que competem atualmente. Entre as inúmeras conquistas, a dupla soma dois bronzes nos Jogos Pan-Americanos, em Lima 2019 e Santiago 2023, o bicampeonato Brasileiro na classe Snipe em 2022 e 2023, o Sul-Americano e tantos outros.

Apesar disso, atualmente, o maior objetivo da dupla baiana é garantir vaga nas Olimpíadas de Paris, que começam em julho deste ano. Em conversa exclusiva com o Portal A TARDE, Juliana e Rafael contaram sobre a rotina de treinos, calendário e expectativa para, quem sabe, garantir uma medalha olímpica.

Mar e amar: Confira a expectativa dos baianos Juliana Duque e Rafael Martins, da vela, para o ano de 2024 em busca dos Jogos Olímpicos

Completando oito anos de união profissional neste ano, a baiana contou que a preparação para a maior competição poliesportiva que existe já vem há bastante tempo. De forma que, o foco desta temporada é 100% ligado aos Jogos, onde podem garantir a classificação ainda neste mês.

“A nossa preparação para os Jogos Olímpicos já vem de bastante tempo. Os últimos quatros anos tem sido 100% dedicados ao esporte da Vela. Esse ano, em janeiro, a gente já fez um bloco de treino intensivo em Vilamoura, em Portugal, e agora em fevereiro estamos indo para Maiorca, na Espanha, onde será o Mundial da classe e seletiva para as Olimpíadas, do dia 26 até 3 de março”, disse Juliana.

Assim, com a preparação em dia e o foco atingindo o índice de 100%, a expectativa não poderia ser diferente da melhor possível. Segundo Rafael, a ideia do casal é garantir a classificação ainda neste mês, o que poderia dar um tempo maior de treinos para os baianos.

“A expectativa é muito boa, estamos bem preparados, indo para o Mundial agora, que é o primeiro campeonato onde a gente pode atingir o índice e estar entre os 16 melhores do mundo. Esperamos que nesse primeiro compromisso a gente consiga alcançar esse objetivo, que é garantir a classificação”, projetou o baiano de 42 anos.

Além do foco no esporte, Juliana e Rafael também se dividem nos estudos. A atleta cursa engenharia ambiental, enquanto seu marido, já formado em administração, estuda educação física. Com uma rotina de treinos e compromissos quase ininterruptas, a baiana, que é apelidada carinhosamente pelo marido como “ratinha”, contou a A TARDE sobre o calendário e demonstrou estar feliz pela alta quantidade de competições, além de garantir que o ano vai ser regado de muitos treinos.

“O calendário de 2024 está bem cheio, graças a Deus! Em janeiro, a gente veio de um bloco de treinos, agora em fevereiro viajamos para Palma, em Maiorca. Em seguida, a gente faz três campeonatos na Europa, um é o Troféu Princesa Sofia, depois temos a semana olímpica francesa, que é em Hyeres, e o Campeonato Europeu. Voltando desses torneios, a gente tem o Mundial da classe Snipe, que é a classe Pan-Americana, onde já fomos medalhistas de bronze duas vezes e alguns campeonatos regionais como norte nordeste, estadual, e continuar com bastante treinos”, afirmou Juliana Duque.

Apesar de ser a classe com mais conquistas importantes para a dupla, o Snipe não faz parte dos Jogos Olímpicos. Desta forma, Ju e Rafa competirão no Dinghy misto 470. Entretanto, a mudança não é um problema para a baiana de Salvador, que começou a carreira no esporte a partir da categoria optimist, migrou para o Laser Radial, e finalmente chegou às classes Snipe e 470, onde disputa ao lado do Rafael.

E por falar no marido, o relacionamento já dura 11 anos. O namoro começou em 2013, com a rivalidade aflorada, já que ambos eram timoneiros e disputavam em duplas diferentes. Apesar disso, a concorrência não chegou perto do amor pelo esporte e o sonho de viver da vela. Por isso, em 2016, Ju e Rafa decidiram, finalmente, formar uma dupla, que iria em busca da vaga ao Pan-Americano de 2019. Com foco e dedicação, a vaga foi alcançada e a medalha foi consequência, e não apenas duas, já que o feito se repetiu em 2023. Na sequência, o sonho já seria mais alto: garantir uma vaga em Paris.

“A partir daí, a nossa decisão foi começar a campanha Olímpica na classe 470. Por isso, nos últimos três anos estamos treinando quase que exclusivamente no 470 e participando de algumas regatas importantes no Snipe, como mundial, brasileiro e o próprio Pan-Americano. Ultimamente o nosso foco tem sido conquistar a vaga olímpica”, disse a atleta.

Esta poderá ser a primeira vez que Juliana e Rafael disputam os Jogos Olímpicos, se juntando aos grandes nomes do esporte baiano ao vestir a camisa do Time Brasil, ou seja, o Comitê Olímpico Brasileiro.

Questionado sobre a sensação de representar a Bahia em Paris, o velejador disse que será uma sensação “muito grande”, além de criar a união familiar com todos os atletas brasileiros, que juntos têm um único objetivo: garantir medalhas a ao quadro que possui o verde, amarelo e azul como cores.

“É uma sensação que eu imagino que vá ser muito grande. Nós já fomos para dois Pan-Americanos representando a Bahia, representando o Brasil, e eu imagino que nas Olimpíadas vai ser muito parecido ou até maior. É uma emoção muito grande fazer parte do Time Brasil, conviver com outros atletas, pessoas que se dedicam 100%, como a gente, e criar essa grande família com um espírito de união”, comentou Rafael Martins.

Vocês poderão acompanhar a dupla que compartilha o amor pelo mar e a paixão a partir do dia 28 de julho, quando inicia as competições da vela nos Jogos Olímpicos. As corridas acontecerão na Baía de Marsella, que fica a pouco mais de 700 km de Paris.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Brenda Ferreira.