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O Jiu-Jitsu como aliado do bem-estar e empoderamento feminino

Publicado sexta-feira, 14 de agosto de 2020 às 08:00 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Alex Torres*
Equilíbrio e auto-confiança foram os principais benefícios descritos pelas praticantes da arte marcial | Foto: Reprodução
Equilíbrio e auto-confiança foram os principais benefícios descritos pelas praticantes da arte marcial | Foto: Reprodução -

No mundo da luta, uma das artes marciais de maior identidade com o Brasil é, sem dúvidas, o Jiu-Jitsu. Bastante difundido em terras tupiniquins no início do século XX, através da família Gracie, a Arte Suave foi ganhado espaço e, atualmente, é uma forte vitrine brasileira mundo afora, principalmente em eventos de MMA.

Apesar deste cenário voltado para o esporte, o Jiu-Jitsu também tem se tornado um forte aliado das mulheres. Entre as várias adeptas, a jornalista Débora Rezende destaca os principais benefícios que ela pôde perceber desde que começou a praticar a arte marcial, há quase um ano.

"O Jiu-Jitsu tem me ajudado no equilíbrio entre corpo, mente e alma. Ele ajuda a gente a nos manter mais calmas, mais confiantes e mais seguras de si. São situações diversas que a gente percebe, por exemplo, o trânsito não costuma mais irritar tanto assim. A gente consegue lidar com situações diversas no trabalho com mais calma. O Jiu-Jitsu te ensina a ter esse autocontrole", descreve.

Colega de academia de Débora, Viviane Barbosa lembra que resolveu fazer a primeira aula experimental "sem expectativa nenhuma". No entanto, após colocar os pés pela primeira vez no tatame, através da influência de um amigo, ela se apaixonou pelo Jiu-Jitsu e pratica a arte marcial há quase três anos.

"A prática (do Jiu-Jitsu) me trouxe autoconfiança e mostrou que tudo é possível, que devemos sempre persistir e nunca desistir. Aprendi a controlar minhas emoções. Aprendi a ser mais humana, solidária. Construímos laços surreais no tatame, sentimentos de família, de se colocar no lugar do outro", explica Viviane.

Autoconfiança

O primeiro contato de Camila Giuliani se deu de uma forma um pouco parecida. Segundo ela, por conta de não ser próxima de ninguém do meio, nunca havia despertado o interesse pela prática. No entanto, as coisas começaram a mudar após conhecer seu atual namorado, faixa preta de Jiu-Jitsu, em 2018.

"Na graduação dele para a faixa preta, ouvi um discurso de uma mulher que falou sobre toda a questão do empoderamento feminino. Ela falou de como o Jiu-Jitsu lhe fortaleceu, trouxe uma autoconfiança e como era difícil ser mulher hoje em dia. Lembro que aquilo me tocou muito", recorda.

Resistência

Todos esses benefícios apresentados através da prática do Jiu-Jitsu, tem se traduzido também como mais um forte aliado no empoderamento feminino. Com a possibilidade de adquirir uma autodefesa, a arte marcial aparece como uma 'luz no fim do túnel' para reduzir alguns dados preocupantes, principalmente no que diz respeito à violência contra a mulher.

Em levantamento realizado em maio deste ano, pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA), os casos de feminicídio no estado tiveram um vultoso aumento de 150%, quando comparado com o mesmo período do ano anterior.

"O mundo está muito complicado, com muitos casos de abuso e agressão. Lógico que não é recomendado reagir em casos de assalto, por exemplo. No entanto, em uma festa, caso algum homem chegue de forma muito bruta, eu me sinto mais confortável para conseguir sair desse tipo de situação", afirma Camila.

Segundo Débora, a prática do Jiu-Jitsu também é uma forma de ela se sentir mais segura em seu dia-a-dia. Por ser uma arte marcial onde a técnica se sobrepõe à força física, existe uma maior probabilidade de uma defesa bem-sucedida em uma eventual situação de risco.

"Ser mulher é um ato de resistência. Você não vai encontrar mulher nenhuma que tem andado na rua e nunca se sentiu ameaçada. O Jiu-Jitsu representa uma forma de você conseguir se sentir um pouco mais segura, de lutar por si mesma [...] Meu mestre sempre incentiva as mulheres a pisarem no tatame. Essa igualdade dentro do Jiu-Jitsu é uma bandeira que sempre lutamos e lutaremos", garante Débora.

Linha de roupa

Além da prática, Débora também estreitou seus laços com a Arte Suave de uma outra forma. Também praticante, seu marido possui uma marca, chamada Zeux for Legends, que produz kimonos próprios e introduz roupas e acessórios voltados para o Jiu-Jitsu.

Imagem ilustrativa da imagem O Jiu-Jitsu como aliado do bem-estar e empoderamento feminino
A marca baiana tem promovido uma campanha de combate a violência contra a mulher, intitulada "Eu digo basta" | Foto: Reprodução | Instagram

Por ser jornalista e trabalhar com fotografia, ela conta que sempre ajudou bastante nesse processo de divulgação. Recentemente, a marca baiana tem promovido uma campanha de combate a violência contra a mulher, intitulada "Eu digo basta". Débora também revelou o uma linha feminina voltada para essa questão do empoderamento feminino.

"Queremos mostrar os benefícios da arte suave para as mulheres e mostrar que podemos ocupar qualquer espaço dentro e fora do tatame, no mercado de trabalho, dentro de casa e em qualquer ambiente. Isso que queremos mostrar é uma bandeira que levantamos com muito orgulho", conclui.

*Sob supervisão do editor Vinícius Ribeiro

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