ESPORTES
Problema é o técnico? Fase ruim da seleção brasileira tem fator curioso
Momento da Canarinho envolve 'baixa' em setor crucial
Por Daniel de Farias
As mudanças no universo do futebol mundial nos últimos anos aceleraram também as transformações do trabalho dos treinadores. Modelos de jogo, como o toque de bola rápido e o jogo apoiado, à la Pep Guardiola, ficaram mais conhecidos e se tornaram referências para as definições técnicas e táticas dos times e seleções nacionais.
No caso da Canarinho, o momento negativo, com atuações assim como resultados ruins, coincide com a fase de baixa de treinadores locais. Os últimos técnicos, como Tite e Fernando Diniz, tiveram dificuldades na Seleção Brasileira que se traduzem nos seus trabalhos recentes. Enquanto o primeiro saiu do Flamengo após resultados e atuações péssimas, o segundo foi demitido do Fluminense e chegou recentemente ao Cruzeiro, mas já vem acumulando derrotas e sendo criticado em pouco tempo de trabalho.
O experiente técnico Dorival Júnior, que aceitou a missão de comandar a principal seleção do futebol mundial, pentacampeã da Copa do Mundo, também tem enfrentado dificuldades. Há uma melhora em relação ao período anterior, de Diniz, mas muito aquém do esperado. Um futebol sem encanto e envolvimento do adversário, com poucas ideias de jogo, apesar dos valores individuais.
O treinador brasileiro, que tem um dos melhores ataques do mundo, com jogadores como Vinícius Júnior, Rodrygo e Raphinha – e promessas como Endrick e Estevão – não tem levado para campo o que a equipe pode oferecer de melhor: variações, mobilidade, agressividade, infiltrações, possibilidades ofensivas.
Difícil realidade
Mas a difícil realidade vivida por Dorival Júnior na Seleção não é muito diferente daquela que a maior parte dos técnicos brasileiros tem enfrentado na Série A do Campeonato Brasileiro. Os três primeiros colocados da competição, Botafogo, Palmeiras e Fortaleza, são treinados por estrangeiros, respectivamente os portugueses Artur Jorge e Abel Ferreira e o argentino Juan Pablo Vojvoda.
A tradição da escola de treinadores do Brasil, o papel desempenhado, as novas rotinas de treinamento, o modo de tratamento dos atletas são alguns dos temas geralmente abordados quando o assunto é discutido. Porém, o fato é que o Brasil já formou diversos excelentes treinadores, com histórico vitorioso – não à toa é a Seleção que mais venceu a Copa do Mundo e sempre teve no seu comando técnicos formados no país.
Muitas vezes, a mudança da forma de jogar da Canarinho é vista a partir do início da ‘era Tite’, que teria marcado encerramento de uma geração de jogadores decisivos, a exemplo de Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano, entre tantos outros. Mas jogadores que vêm conquistando título após título por seus clubes, sendo decisivos, como Rodrygo e Vini Júnior, não têm rendido da mesma forma na Seleção – o que coloca, mais uma vez, o problema técnico como uma possível razão.
Com dois jogos próximos, contra Chile, na sexta-feira, no Estádio Nacional do Chile, e depois com o Peru, no dia 16 de outubro, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, espera-se que Seleção apresente uma evolução no desempenho coletivo e individual. Os dois jogos são válidos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Sem o principal jogador brasileiro em atividade, candidatíssimo a melhor do mundo, Vinícius Júnior, que teve uma lesão cervical atuando pelo Real Madrid e está fora de combate, o Brasil vai precisar encontrar caminhos técnicos, táticos e de estratégia de jogo para vencer os seus dois próximos adversários e melhorar a sua situação na tabela.
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