ESPORTES
Representantes dos atletas surdos reuniram-se com a Sudesb
Encontro teve como foco garantir a infraestrutura adequada e promover a visibilidade desses atletas
Por Da Redação
Uma reunião entre a Central de Surdos da Bahia (Cesba), Federação Baiana de Desportos dos Surdos (FBADS), a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb) e a autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), aconteceu na última quarta-feira, 10, no Estádio de Pituaçu, para discutir o tema da inclusão de atletas surdos nas diversas modalidades esportivas praticadas no estado.
O encontro teve como foco garantir a infraestrutura adequada e promover a visibilidade desses atletas. Vicente Neto, diretor-geral da Sudesb, juntamente com Nayara Falcão, representante do Núcleo do Paradesporto da autarquia, ressaltaram o compromisso com as políticas públicas de esporte e lazer para pessoas com deficiência. Eles enfatizaram a importância de sensibilizar os atores sociais e atualizar estatutos que ainda estão obsoletos.
Vicente Neto adiantou que o objetivo principal é revisar a lei estadual de 2012 que regula o esporte e o lazer na Bahia, a fim de incluir temas que antes não eram discutidos. Isso transformaria a Sudesb em uma facilitadora do paradesporto baiano.
De acordo com o gestor, a Sudesb está empenhada em duas frentes no sistema estadual de esporte e lazer. A primeira é aumentar a participação das mulheres no esporte, que ainda é baixa em comparação com o número de homens. A segunda é fortalecer a participação no paradesporto. Vicente comentou que, por essa razão, a Sudesb está trabalhando na criação do Núcleo do Paradesporto e ressaltou a importância de parceiros como a Central de Surdos da Bahia (Cesba) e a Federação Baiana de Desportos dos Surdos (FBADS) para promover a união e valorização dos atletas com deficiência.
Lucas Jambeiro, atleta surdo de vôlei de praia e membro das duas entidades presentes, expressou sua gratidão pela oportunidade de compartilhar mais sobre os projetos e conquistas. Ele mencionou, inclusive, a realização de uma competição de futebol no Estádio de Pituaçu em 2022, após a cessão do espaço pela Sudesb.
Com 44 anos de existência, a Cesba foi criada com base no esporte, o que justifica a importância dada às dez modalidades praticadas lá. Lucas enfatizou: "Somos campeões em tudo que nos propomos no esporte".
Nayara Falcão, atleta de paracanoagem e ex-campeã mundial, falou sobre a importância de encontros como esse. Ela ressaltou que pessoas com deficiência estão presentes em todos os lugares e destacou a necessidade de uma abordagem abrangente de políticas públicas que alcancem o interior, visando a inclusão da pessoa com deficiência por meio do esporte. Nayara enfatizou a importância de começar desde a iniciação e participação esportiva, integrando o esporte ao ambiente escolar. Segundo ela, o esporte é uma ferramenta valiosa para inclusão e fortalecimento desses grupos, especialmente na infância. Nayara também enfatizou que a inclusão não se limita a competições exclusivas para surdos, mas deve envolver a participação conjunta de indivíduos com e sem deficiência, bem como pessoas com diferentes tipos de deficiência. O esporte é uma ferramenta poderosa para acolhimento e fortalecimento em outros contextos sociais, acrescentou Nayara.
Como resultado concreto da discussão, o próximo passo será uma conversa entre a Sudesb e as federações esportivas que assumiram o compromisso, no início do ano, de realizar ações de incentivo ao paradesporto, visando abrir portas para as modalidades praticadas pelos surdos na Bahia. A ideia é que entidades como a Federação Bahiana de Basketball (FBB) e a Federação Baiana de Desportos Aquáticos (FBDA) incluam pessoas com deficiência em projetos sociais e competições como forma de fomentar a prática esportiva inclusiva. Essa iniciativa visa garantir que as modalidades esportivas sejam acessíveis e abertas a todos os atletas surdos da Bahia.
“Nós temos que fazer essa ponte com as federações. Os atletas podem nos ajudar a entender a tecnologia e, assim, estruturar núcleos pela Bahia inteira. É fundamental essa troca. Por isso, estes encontros são importantes para propiciar cenários e entender como direcionar para as melhores soluções de inclusão”, complementa Vicente.
Márcia Gonçalves, presidente da Cesba, juntamente com a intérprete Cíntia Santos, expressou seu agradecimento pelo convite e mostrou entusiasmo em relação ao programa Natação em Rede. Trata-se de uma parceria entre a FBDA e a Sudesb, que ocorre na Piscina Olímpica da Bahia, na Avenida Bonocô. Márcia destacou a importância da acessibilidade, incluindo a presença de intérpretes capacitados para garantir que os surdos tenham conhecimento e acesso às informações por meio da língua de sinais (Libras). Ela expressou sua emoção ao ver o comprometimento dos envolvidos e afirmou que a Cesba também estará comprometida em participar.
Nayara concluiu a discussão mencionando que haverá uma rodada de capacitação do projeto "Inclusão da Pessoa com Deficiência" no dia 5 de junho. Esse evento é organizado por ela e tem como objetivo fornecer treinamento para os profissionais de educação física do Projeto Natação em Rede 4, com foco exclusivo nos surdos. Durante essa capacitação, eles compartilharão suas experiências para promover o esporte sem o olhar preconceituoso das pessoas, permitindo que os surdos sejam conhecidos e reconhecidos em sua posição na sociedade.
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