BA-VI
Torcida única não ameniza violência e vandalismo
Sem torcida mista desde 2017, clássico baiano segue acumulando confusões
Por Rafael Tiago Nunes
Todo o clamor pelo fim da torcida única nos Ba-Vis foi por água abaixo após as cenas lamentáveis que marcaram a noite de Salvador após o Bahia vencer por 1 a 0 o clássico contra o Vitória, na tarde do último domingo, na Arena Fonte Nova, em partida válida pela quinta rodada do Campeonato Baiano.
E teve um pouco de tudo o que ninguém gostaria de ver, principalmente quem ainda tinha uma ponta de esperança em ver as duas torcidas dividirem espaço nos jogos. Briga nos arredores do estádio, torcedor espancado, vandalismo nas ruas e no transporte público da capital baiana.
Pouco tempo após o apito final do árbitro, ao cair da noite, uma briga generalizada entre torcedores do Bahia aconteceu nos arredores da Fonte, já próximo da estação do Metrô do Campo da Pólvora. Diversas pessoas filmaram a confusão e, em um deles, recebido pela equipe de reportagem, um grupo de tricolores persegue um homem e entra em confronto corporal. Mesmo de caída, a vítima continua sendo agredida com chutes e socos.
E os problemas não pararam por aí. Torcedores vandalizaram os vagões e as estações do metrô com pichações. A palavra Bamor - torcida organizada do Bahia - foi escrita em diversos lugares.
Os Ba-Vis são disputados com torcida única desde 2017, depois de recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e apoiada pela Confederação Brasileira Futebol (CBF), que tomou a decisão por causa de uma confusão no clássico do dia 9 de abril do mesmo ano.
Notas oficiais
Após as cenas de domingo, o MP-BA emitiu nota oficial e afirmou que o caso foi isolado e que a análise para a volta da torcida mista em clássicos segue sendo analisada.
“O Ministério Público estadual instaurou um procedimento e vai acompanhar toda a atuação das torcidas, tanto organizadas, como os torcedores individuais, até o final do ano para, posteriormente, se posicionar sobre o retorno ou não da torcida mista. Caso seja decidido pelo retorno, ele se dará de forma gradativa. Sobre as cenas de violência recentes, informamos que são casos isolados e que não se sabe ainda se foram motivados pelo jogo. As promotorias de Justiça criminais vão apurar todos os casos”, diz a nota.
Já a Polícia Milita da Bahia, por meio do Departamento de Comunicação Social, afirmou que um grupamento foi descolado para o lugar da briga após ser acionado e que os suspeitos fugiram.
“De acordo com informações da 2ª CIPM, policiais militares empregados nas proximidades da Arena Fonte Nova foram acionados na noite de domingo (29) em razão de agressão cometida por um grupo de indivíduos contra um homem na Av. Joana Angélica, no Campo da Pólvora. Com a chegada imediata da patrulha, os autores fugiram e o homem que havia sido agredido informou aos agentes que deixaria o local. Ninguém foi preso na ação”, diz a nota.
Já a CCR Metrô Bahia emitiu uma nota de repúdio. “CCR Metrô Bahia repudia energicamente o ato de vandalismo praticado contra trens e parte da estrutura das Estações Pirajá e Campo da Pólvora do Metrô, no início da tarde deste domingo. Dois trens e paredes das duas estações foram alvos de pichações, com inscrições relacionadas à torcida Organizada BAMOR. Imediatamente, foi realizada a limpeza dos equipamentos, que foram colocados de volta à operação”, diz trecho da nota.
Ainda de acordo com a CCR, “as câmeras de Segurança das estações e dos trens registraram toda a movimentação e as imagens vão ser encaminhadas às autoridades para identificação e, consequentemente, punição dos envolvidos”.
A Bamor, por meio de nota oficial, repudiou o fato e se colocou à disposição para apurar se o vandalismo teve como autor ou autores membros da organizada. "Viemos através desta repudiar veementemente os atos de vandalismo vinculados ao nome da nossa instituição em um dos trens de metrô que circulam pela cidade. Desde já, solicitamos com brevidade as imagens do circuito de câmeras afim de apurar se o ato realmente foi feito por algum associado e penaliza-lo conforme nosso estatuto".
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