MAR GRANDE-SALVADOR
Uma vida na Baía
Com história marcada pela prova, Desiree Dalia destaca a importância da travessia
Por Daniel Farias
Em todas as modalidades, o esporte é capaz de transformar a vida das pessoas, em diferentes sentidos, sociais, de saúde, emocionais e profissionais. Na natação, uma prova no mar, em especial, há décadas tem mudado a trajetória de muitos baianos e também de pessoas de fora do estado que desafiam a si mesmos nas águas da Baía de Todos-os-Santos.
A travessia Mar-Grande Salvador, uma realização do Grupo A TARDE, que volta a acontecer no dia 19 de novembro, definiu o percurso de vida de Desiree Dalia, nadadora e empresária. Economista de formação, ela começou na natação em 1980. Trabalhou no Estado e na área de tecnologia da informação, mas foi o esporte – primeiro a corrida de rua e depois, especialmente, a travessia – que ampliou os seus sentidos profissionais.
A primeira participação de Desiree na prova foi em 1991. “Essa edição teve uma tempestade horrível, chegaram poucas mulheres, cinco ou seis. Quando cheguei, a primeira coisa que falei para meu técnico, que estava no Porto da Barra, foi ‘nunca mais faço uma Mar Grande-Salvador, não me chame mais para fazer isso’”, conta a nadadora, que também é professora, diretora e dona da Academia Dalia.
O desabafo, na adrenalina da chegada na areia da praia, rapidamente se dissipou, junto com a tempestade na Baía de Todos-os-Santos. A nadadora repetiu mais de 20 vezes a travessia, tornando-se especialista na prova, criada em 1955 – por acaso (ou não), o mesmo ano de nascimento de Desiree, em São Paulo.
Já na sua segunda participação na travessia, aos 37 anos, a atleta chegou em terceiro lugar no geral feminino, um grande feito.
“Sempre tive uma ligação com o esporte. E a Mar Grande-Salvador me deu base, me deu disciplina, me deu objetivos, satisfação. E tive o prazer de fazer parte dessa história durante os últimos 30, 35 anos”, diz Desiree, que é recordista sul-americana dos 1.500 metros da classe C, com 24min31, título conquistado quando tinha 60 anos, em 2016, na 57ª edição do Campeonato Brasileiro de Masters de Natação, disputado em Santa Catarina.
Início no ensino
Já a relação com o ensino começou junto com a trajetória como atleta. Uma amiga queria aprender a nadar e pediu ajuda a Desiree, que já competia. Ela reuniu quatro pessoas e começou a ensinar em um hotel em Salvador.
“Me esforcei tanto para aprender sobre natação, porque, como já sou peregrina de profissão, sempre estudei muito. Depois me formei em educação física na Universidade Católica (em Salvador). Mas, logo quando comecei a dar aula de natação, em um ano já tinha 80 alunos”, narra a professora, que já preparou dezenas de alunos para participar da travessia na Baía.
“Quando abri a academia, já tinha feito sete vezes, então as pessoas me conheciam. Treinei uma pessoa que fez a travessia aos 54 anos, pessoas que aprenderam a nadar depois dos 30 e fizeram a prova”, acrescenta, com orgulho.
A Mar Grande-Salvador se tornou, então, o objetivo do ano de Desiree. O calendário anual, na vida da atleta, passou a ser organizado a partir da travessia, como uma virada, um novo ciclo. “A travessia vai ser em novembro este ano, o que é extraordinário, mas geralmente acontecia na primeira semana de janeiro. Então a gente passava o final de dezembro e começo de janeiro praticamente recolhido. Eu só rompia o ano depois da Mar Grande-Salvador. Não sofria, era legal, porque tinha esse objetivo”, afirma.
Retorno ‘fundamental’
Para Desiree, o retorno da travessia, em 2023, é fundamental para o esporte na cidade. “O Jornal A TARDE volta para o lugar dele na história da Mar Grande-Salvador. Durante anos, o A TARDE ajudou muita gente com a realização da prova e a projeção de vários nadadores. E esse é o maior valor para a gente. E isso reflete no profissional, no emocional, na família. Reflete em tudo. Pra mim, foi uma mudança. Eu devo tudo à natação”, afirma a atleta veterana, que trata da sua expectativa para realizar a prova em novembro.
“Estou me sentindo super bem. Tive um acidente antes da pandemia no meu braço e precisei fazer uma cirurgia. Cheguei ao hospital já perguntando se voltaria a treinar na semana seguinte. Mas fiquei seis meses parada. E voltei melhor”, completa.
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